Começo com perdões pela demora em relatar como foi este evento, que certamente entrou pra lista de melhores do ano dos amantes da musica extrema! Já por esta época do ano, costumávamos aguardar ansiosamente pelo saudoso Setembro Negro, evento que por 11 anos teve data marcada no calendário dos headbangers. Com o encerramento das atividades da tumba productions, muitos se perguntavam quando teríamos novamente um evento de grande porte voltado para a musica extrema em SP. Quem conhece o trabalho da Dark Dimensions no Brasil, sabe do profissionalismo empregado na produção de seus eventos, e desta vez não foi diferente. A produtora trouxe de volta a vida o Extreme Hate Festival, que contou com duas edições em 2008 e 2009, e em 2013 retornou com a elite do metal extremo, nada mais do que Marduk, Suffocation, Vader, Sinister e Unearthly compunham o cast matador deste evento. E assim foi feito! Em 4 de agosto uma legião de headbangers de diversos lugares do Brasil, se reuniu no Carioca Club, e o que presenciaram foi um evento de extrema qualidade, organização e profissionalismo empregado tanto pela produtora quanto pelas bandas presentes.
Texto: Mayara Puertas
Fotos: Bruno Bergamini
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A GALERIA DE FOTOS
GALERIA COM IMAGENS EXCLUSIVAS NA PÁGINA DO FOTÓGRAFO
Nossos representantes brasileiros, os cariocas do Unearthly foram responsáveis por abrir os portões do inferno! Iniciando sua apresentação por volta das 16:20 conforme previsto pela produção. O Unearthly vem galgando espaço desde o fim dos anos 90, e com o lançamento do álbum “Flagelum Dei” em 2011 alcançaram um patamar de respeito não só em terras brasileiras, mas também no exterior (vide a bem sucedida turnê européia em 2012, e já preparando as malas para uma nova tour!). Desta vez, a banda teria de conquistar o publico no Carioca Club. Durante a trajetória da banda o Unearthly já havia realizado apresentações em São Paulo, a mais recente, e que na qual estive presente, foi ao lado de Aborted no Hangar 110 onde realizaram uma boa apresentação. Encarando um desafio maior desta vez, a banda surpreendeu e conseguiu envolver o público que aos poucos adentrava ao Carioca Club.
Como da ultima vez que os vi, visualmente e sonoricamente a banda mostra que busca lá fora não só um lugar ao sol, mas também agregou influencias estrangeiras (em especial do blackened death metal polonês) mas sem deixar de honrar os ritmos brasileiros, que podiam ser notados na faixa “Black Sun” de seu ultimo trabalho e para os fãs das antigas, “Days of Storm” também marcou presença. O entrosamento com a platéia foi gradativo, a cada faixa executada era nitido que o público estava cada vez mais envolvido. Encerraram a apresentação com gratas surpresas: a execução da “Age of Chaos”, e quase que emendando em uma versão para “Children of the Grave” do Black Sabbath. Missão mais do que cumprida, e com certeza o Unearthly retorna ao Rio de Janeiro tendo conquistando a atenção de muitos em São Paulo.
Eis que a primeira atração internacional do festival subiu ao palco, e confesso que estava ansiosa para vê-los! Mesmo com várias alterações em sua formação durante a carreira, a sonoridade e proposta musical permaneceram intocáveis. A primeira aparição do Sinister em solo brasileiro foi em 2009 na segunda edição do Extreme Hate Festival, e a Dark Dimensions cumpriu com o prometido proporcionando mais um grande momento do Sinister no Brasil.
CLIQUE E LEIA ENTREVISTA COM MARCOS PAULO, PRODUTOR DO EXTREME HATE FESTIVAL
Conduzidos pelo ex-baterista e atual vocalista Adrie Kloosterwaard (dono de um vocal ABSURDO) subiram ao palco transmitindo o prazer de retornar ao Brasil, sempre interagindo muito com o público presente, que respondeu de forma imediata ao Death Metal Brutal dos holandeses. O som do Sinister sempre soube balancear cadência e brutalidade, uma formula que funcionou muito bem com os brasileiros, que não pouparam energia nos ‘pits’ muito menos deram descanso a seus pescoços.
Os fãs puderam deleitar-se com a execução de faixas como “My Casual Enemy”, “Afterburner” e ” Blood Ecstasy” , seguiram cativantes oferecendo até mesmo a faixa “The Grey Massacre” a uma amiga brasileira presente. Deixaram o palco da mesma forma que entraram: se divertindo e transparecendo o prazer de compartilhar deste grande evento mais uma vez.
O festival prosseguia e uma certeza se fazia presente: este seria um evento histórico para os maniacos pela música extrema! Duas grandes bandas já haviam se apresentado mas era apenas o começo. Além disso, o clima do evento estava ótimo! Todos se divertiam muito, e o tempo parecia não passar dentro do Carioca Club! Um fato interessante foi o grande numero de membros de bandas nacionais no evento! Membros das bandas: Krisiun, Torture Squad, Ratos de Porão, Cauterization, Queiron, Anarkhon, Descreated Sphere, Vomepotro, Ayin, Necromesis, Desdominus, Corporate Death, Mortage, Incinerad, Nervochaos, Ocultan…e muitas outras que não vou conseguir listar! Fiquei imaginando como seria bacana ver uma casa de shows tão lotada, mas para prestigiar as bandas nacionais! Seria pedir muito? Mas vamos voltar ao festival que estava apenas começando, e era chegado o momento de uma das principais atrações subirem ao palco: VADER!
Mesmo a banda já tendo vindo ao Brasil 4 vezes, esta seria a primeira vez que eu os veria pessoalmente, e confesso que subestimei os poloneses! Havia assistido diversos DVDs do grupo (o qual acompanho a tempos) mas jamais esperaria que me impressionaria tanto com o Vader ao vivo!
As surpresas começaram desde a entrada do Vader no palco. Estava acostumada a ver a banda nas gravações com um visual sempre despojado, mas ao contrario do que eu esperava, Piotr “Peter” Wiwczarek (vocalista e guitarrista da banda) Marek “Spider” Pajak (guitarras- usando a peita da importadora Brasileira LAB 6!), Tomasz “Hal” Halicki no baixo e James Stewart (Que fez um trabalho de bateria ABSURDO no ultimo lançamento do Vader “Welcome to the morbid reich”, desfilaram um visual repleto de couro, tachas e rebites, remetendo às bandas de heavy metal tradicional não só visualmente, mas na influencia dos riffs e na imponência trazida ao palco! Iniciaram o espetáculo (que de fato foi MESMO um espetáculo) ao som de “Sothis” em grande estilo.
Foi impressionante ver o profissionalismo esbanjado pelo Vader. Conduziram a apresentação com maestria, superando totalmente as expectativas que eu havia criado! desde sempre considerei o vocal de Peter como único, e ao ver de perto certamente triplicou a admiração que eu já tinha pela banda. Como se não bastasse, eles fizeram o grande favor de adicionar a faixa “Carnal” que me fez por um instante desacreditar que eu estava vendo e ouvindo esta música tão de perto!
Confesso que estava esperando ansiosamente que a faixa “Decapitated Saints” fosse executada naquela noite, mas não foi dessa vez! Do recente lançamento, estiveram presentes a empolgante “Come and See My Sacrifice”. Deixaram o palco com a mesma imponência que adentraram, deixando o rastro de destruição sonora dar espaço para a marcha imperial que pertence a nada menos que ao glorioso DARTH VADER! Aplausos para o espetáculo polonês, e que retornem mais 4, 5, 10…infinitas vezes enquanto puderem nos proporcionar momentos como esse!
Manter o nivel das apresentações já vistas era um grande desafio, quem dirá se destacar em meio a um cast massacrante como o que a Dark Dimensions preparou para este festival. Mas, não vou dizer que todos, mas uma grande maioria entregou o posto de destaque merecidamente aos americanos do Suffocation, que deixaram inúmeros headbangers boquiabertos com tamanha perfeição na mescla de técnica, brutalidade, carisma e composições para qualquer ouvinte fã de musica extrema se impressionar!
Diferente do que acabávamos de ver no visual do Vader, quaisquer um dos membros passaria despercebido no meio do publico pela forma à vontade que se apresentaram! Sem nenhum rodeio, iniciaram o show com “Thrones of Blood” e o choque foi imediato!Seria possível uma banda de metal extremo alcançar tamanha perfeição técnica que eu podia fechar os olhos e imaginar claramente estar ouvindo um CD!
Mas sim, era possível! E isso foi resultado de uma maestria mutua entre todos os membros, NENHUM perdia o brilho ou ofuscava o outro membro na banda, todos faziam parte de um mesmo nível de excelência e felling impressionantes! Claro, como também sou vocalista, não pude deixar de prestar uma atenção especial na garganta assustadoramente potente de Frank Mullen! O que era aquilo?Era possível ver nitidamente a técnica utilizada pelo vocalista , que resultava em um vocal potente, gravíssimo e estrondoso! Banda e público estavam em perfeita sintonia, a interação era natural e reciproca ambos demonstrando uma satisfação enorme de estarem compartilhando doses fartas de brutalidade!”As Grace Descends” do recente e excelente álbum “Pinnacle of Bedlam” que saiu do forno a pouco tempo, manteve a sede de insanidade do público! Baixo e bateria conduzidos lado a lado por Derek Boyer e Dave Culross com um estilo único e admirável de conduzir seus instrumentos, precisamente acompanhados pelas cordas de Terrance Hobbs e Guy Marchais.
“Infecting the Crypts” foi a faixa de despedida da banda, e sinceramente o público estava preparado para muito mais!Uma apresentação tão marcante, que durante semanas ainda se comentava entre os que estiveram presentes e desacreditaram ter visto tamanha destruição ao vivo!
Eis que o fim do festival estava se aproximando, mas o fervor concentrado neste evento de mais de 5 horas de duração ainda tinha combustível para queimar durante uma noite inteira! Os suecos do Marduk responsáveis por fechar a noite, já haviam estado no Brasil diversas vezes, inclusive em 2012 onde tive o prazer de presenciar a memorável apresentação ao lado d0 Enthroned, eu que até então acompanhava a banda pelas arestas, depois da apresentação passei a me interessar ainda mais pelo trabalho do Marduk. Seu ultimo Lançamento, o álbum “Serpent Sermon” só elevou mais ainda o patamar de quem já vem na linha de frente do black metal há mais de 20 anos, e só na primeira semana de lançamento teve quase mais de mil cópias vendidas nos Estados Unidos ocupando a posição 44 no Top New Artists Albums.
Todas as bandas tiveram certo tempo de intervalo entre as apresentações, e o Marduk extende um pouco mais esse intervalo. Então, finalmente os headliners do festival subiram ao palco, e a atmosfera mórbida tomou conta do Carioca Club. Os refrão grudento da faixa “Serpent Sermon” cantado em alto e bom tom pela platéia, mostrou que realmente o novo álbum foi muito bem aceito! Alguns insistem em comparar o atual vocalista Daniel “Mortuus” com o lendário Legion. A banda já havia tido outros dois vocalistas durante sua carreira, mas estes dois últimos certamente serão lembrados pela mesma característica: uma vocais e postura única nos palcos. Então não faz sentido comparar coisas diferentes e igualmente boas. E naquela noite, mais uma vez Mortuus mostrou por que entrou pra minha lista de frontmans favoritos! Numa interpretação maléfica e quase teatral, o Marduk mostra que vai muito bem, obrigado!
E o set list? A carreira extensa do Marduk coleciona nada menos do que 12 álbuns de estúdio, e selecionaram a dedo faixas que permeavam todos os albuns da carreira do Marduk, com excessão de “Heaven Shall Burn… When We Are Gathered” – 1996, “La Grande Danse Macabre”- 2001 e “Plague Angel” – 2004, o que foi uma pena,pois gostaria muito de ter visto “Summon The Darkness/Beyond The Grace Of God” sendo executada ao vivo!Mas pudemos contar por exemplo com “Nowhere, No-One, Nothing” do “Wormwood” – 2009 (um dos melhores álbuns do Marduk na minha opnião ), “Slay the Nazarene” do “Nightwing” -1998. “Temple of decay” veio do novo álbum, mas ao executar “Christraping Black Metal” do álbum “Panzer Division Marduk” – 1999 (Poxa vida, como é difícil escolher O MELHOR álbum do Marduk!Impossivel listar apenas um!) levaram o público à insanidade, aumentando a violencia dos “mosh” ativos desde o inicio da apresentação!
Mas ainda faltavam algumas indispensáveis que com certeza fariam falta se não tivessem sido executadas : “With Satan and Victorious Weapons” , “Wolves” e o clássico “Baptism by Fire”! O Marduk tras suas ideologias escancaradas, o que pode gerar murmúrios a respeito da banda. Mas ao que se vê nos palcos, a única preocupação (se é que eu poderia uasar esse termo para uma banda que não deve absolutamente NADA a niguem) é continuar mantendo seu trabalho intacto e integro! Deixaram no Extreme Hate Festival grandiosos, e mostrando que a essência de seu Black Metal se mantém viva e muito bem representada.
Infelizmente o festival chegara ao fim! E simplesmente merece palmas para a organização! Os elogios são muitos, e vão desde a produção do evento, o cast escolhido a dedo e o respeito ao público que o assistia! Além de acompanhar sempre o profissionalismo da Dark Dimensions, desde a entrevista realizada com Marcos Paulo (produtor do Extreme Hate Festival) ele deixou bem claro quais eram as intenções deste festival, e todos os compromissos foram honrados! Num pais onde estamos sendo constantemente explorados por produtores mercenários, tivemos a oportunidade de pagar R$20,00 por banda….e simplesmente a NATA do metal extremo mundial! Então, vamos valorizar exemplos de trabalho honesto feitos por produtoras como a Dark Dimensions, a saudosa Tumba Productions e outros que realmente trabalham pelo metal nacional!
Que venha a quarta edição do Extreme Hate Festival!
Categoria/Category: Sem categoria
Tags: III Extreme Hate Festival • Marduk • Sinister • suffocation • Unearthly • Vader
Notícia mais recente: « Sioux 66: Entrevista exclusiva com Bento Mello sobre o novo álbum “Diante Do Inferno”
Notícia mais antiga: Soulfly @ Carioca Club – São Paulo/SP (25/08/13) »