Tony Mills: “Era hora de não ter mais interrupções e de fazer o que eu queria fazer para uma mudança.”
Postado em 06/09/2013


Tony Mills é sem dúvida um dos melhores vocalistas de Hard Rock já visto, ao longo se sua carreira Mills já cantou com muitos nomes importantes do cenário Rock N Roll, mas foi a frente do Shy e TNT que ganhou o destaque merecido.

Desde 2006 Tony Mills liderava os vocais do TNT, porém no mês passado o vocalista pegou seus fãs de surpresa quando anunciou sua saída da banda.

A Ilha do Metal teve a oportunidade de conversar com Tony Mills e dentre os principais assuntos abordados estão a razão pela qual Mills deixou a banda, sua opinião sobre a atual indústria fonográfica mundial e seus planos em relação a esse novo rumo de sua carreira.

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Tony Mills (TNT) by Jon Løvstad

Crédito da foto:  Jon Løvstad

 

Por Juliana Lorencini

Você tem sido o vocalista do TNT desde 2006, mas há algumas semanas você anunciou que estava deixando a banda. Quais foram as principais razões que te conduziram a tomar essa decisão?
Tony Mills: Existem algumas razões pelas quais eu deixei a banda no mês passado, mas todas elas se empilham para a mesma coisa. Adoro compor e gravar material novo que me divirta e com outras pessoas que também se divertem durante este processo. Co-escrevo com muitas pessoas diferentes e isso é sempre uma inspiração para mim. TNT tem mostrado pouco interesse em escrever algo novo nos últimos três anos e o show ao vivo têm permanecido o mesmo durante esse período, para o ponto da estagnação.

Realmente sinto que tenho muito para fazer fora do meu sistema e toda vez que sento para escrever, encontro a mim mesmo em voo para alguma ilha no meio do nada e então tenho que retomar o foco de novo três dias depois. Então, pensei que era hora de não ter mais interrupções e de fazer o que eu queria fazer para uma mudança.

O foco da impressa no TNT é muito sobre o guitarrista e nunca existiu nenhuma comunicação dele dentro da banda, ao menos que isso seja uma notificação sobre sua inviabilidade, então, há pouco espírito de equipe, o que me forçou a seguir a diante.

O seu último álbum é uma compilação com muitas musicas que não são do TNT. Qual a resposta dos fãs para ele?
TM: Não havendo mais um grande desejo compor juntos, caminhou-se para o fim dos negócios da gravadora querer lançar um produto para a manutenção do perfil da banda entre os shows ao vivo, então, cada membro foi convidado a enviar um material que também não havia sido lançado ou remasterizado como seu, ‘Hidden Treasure’, que nós fizemos.

“The Hidden Treasure” foi distribuído gratuitamente com uma revista, você também teve uma agregação dos nossos últimos álbuns “Engine/A Farewell To Arms” com seu próprio livro/revista nas bancas. Outros artistas como Prince fizeram coisas similares – o que você acha desses métodos alternativos de distribuição? Eles funcionam como pretendidos alcançando um público maior?

Eles são apenas impressos dentro da circulação da revista, seja um ou cinco ou dez mil, nesse caso o montante está sobre debate. Acredito que talvez três mil tenham sido impressos, provavelmente não mais que isso. A distribuição funciona bem, porque vem junto com uma distribuição regular da revista em todas as bandas de jornal e postos de gasolina, mas isso vai pelo mesmo caminho que o resto do mercado de gravações tem ido, com sua perda de credibilidade como a liberação de registro adequado, desde o fim dos lançamentos comerciais através de gravadoras e da sua promoção tradicional após o renascimento do download.

“Girls In Norway” é o seu novo single lançado no mês passado. O videoclipe foi gravado em Kristiansand e teve a participação de muitas garotas Norueguesas. Como foi o processo de gravação e quando podemos esperar por um novo álbum solo seu?
TM: O single foi realmente muito divertido para o verão. Demorou um pouco mais como as coisas acontecem, mas ele não está ligado ao meu álbum solo.

Estou trabalhando em dois álbuns nesse momento, um álbum mainstream AOR para o mercado japonês e um álbum de metal. ‘OVER MY DEAD BODY’, que traz a tona muito do que aconteceu comigo durante um ataque cardíaco em 2010. Tenho sido muito sortudo por ter grandes músicos envolvidos em ambos os projetos e pretendo escrever até o começo do próximo ano para os dois álbuns até eu saber que eles estão prontos.

Como é o processo de composição e gravação para esse novo projeto solo, vendo que você está usando músicos e técnicos ao redor do mundo?
TM: É uma mistura entre compartilhamento de arquivos e envolvimento pessoal de todos os músicos. Alguns eu trabalho pessoalmente e outros tem um planeta entre nós.

Mas os resultados que você aceita, são os resultados que você deveria esperar. Então, isso vai da mesma forma independente da distância, no contrário, tenho tempo para sentar e analisar performances de LA, assim como eu faria com um músico sentado perto de mim. Apenas atrasos de uploads e downloads separam os dois.

“Girls In Norway” pode também ser considerado como uma reflexão desses anos morando na Noruega?
TM: Apenas meu constante alívio de espírito por conhecer tais pessoas maravilhosas, nada mais.

Têm um pouco a ver com exaustivos sete anos na estrada com o TNT.

Em uma nota na sua página oficial no Facebook você disse que não prensaria nenhuma cópia do seu novo single porque isso se tornou cada vez mais sem sentido. Também que a indústria não continuaria fabricando CDS promo. Qual a sua opinião sobre a indústria musical atualmente? E como você vê o futuro para bandas e artistas em geral nesse sentido?

TM: Acredito que todos concordam que CDs são prensados para satisfazer um obsessivo circulo de fãs hardcore que querem uma cópia impressa nas suas prateleiras, enquanto que, a maioria dos artistas vê quão fútil isso é para tentar e reclamar todos aqueles custos, ao menos que sejam financiados e promovidos por uma grande máquina que irá garantir esse retorno, inundando o mercado com orçamento de promoção invejável.

Você fez alguns shows com o Gary More Tribute do Tore St. Moren, esse agora é um novo projeto com mais shows por vir, vendo que isso se expandiu para mais de um anual? Como você se sentiu cantando Gary Moore?
TM: Gostei muito de trabalhar com Tore St. Moren, mas duvido que o projeto expanda ou mesmo aconteça de novo. Nós dois seguimos em direções muito distintas.

Esse ano o TNT tocou no “Monster of Cruise 2013” nos Estados Unidos junto com muitas outras bandas clássicas de Hard Rock. Você pode nos contar um pouco mais sobre como foi essa experiência para você?
TM: Essa foi uma jornada árdua para Flórida através de 17 horas de vôos e conexões, mas o primeiro show foi uma ótima experiência e uma performance muito consistente como nossos shows habituais na Noruega. Depois de uma noite com ar condicionado na cabine do barco, acordei sem voz para o segundo show, o que tem acontecido comigo por muitos anos e consequentemente, o segundo show foi menos do que memorável. No final de tudo, foi uma grande curva de aprendizado e algo que eu deveria estar ciente no futuro tendo nunca feito isso antes, mas os fãs foram ótimos e adorei conhecer muitas pessoas legais.

Além do TNT você sempre teve alguns projetos paralelos. Como você os conciliou com a banda?
TM: Todos no TNT sempre tiveram projetos paralelos e trabalharam com a agenda da banda, isso realmente nunca foi um problema.
Eu tenho apenas trabalho escrito para cada projeto específico além de Serpentine, do Reino Unido, onde tive um material inédito que serviu o catálogo deles e foram muito receptivos em relação às músicas.

Sabendo que você é também vocalista para sessões de gravação, qual o critério que você usa para se juntar a um novo projeto?
TM: Credibilidade e finança. E, claro, se eu tiver tempo disponível.

Ao longo da sua carreira você se juntou a muitos músicos importantes e tem sido parte de bandas (Shy, TNT) que foram uma grande influência para muitas outras. Como você se sente em relação a isso? E quais pontos da sua carreira você considera os mais altos?
TM: Acho que você acaba colidindo com muitas pessoas por pura coincidência, mas logo se torna aparente que o mundo é muito pequeno nesse negócio.

Excursionar com Ian Hunter do The Hoople e Mick Ronson do Bowie Band foi um ponto alto, cantar alguns de seus hits no palco com eles foi um grande momento. Cantar com Meatloaf no Wembley foi muito divertido e gravar com o Cinderella.
Excursionar com o TNT foi o período mais produtivo da minha carreira e os fãs de rock na Noruega fizeram isso valer muito a pena.

Como estão indo as coisas com a Shy? Recentemente você tocou com eles e eu vi você comentando sobre a possibilidade de levar a banda para o Japão esse ano.
TM: Seria um ideal levar a banda para o Japão, algo que eles nunca fizeram. Mas isso não irá acontecer. Consegui trazer a banda para Noruega mais uma vez no próximo verão graças aos talentos da minha parceira e suas habilidades com festivais. Mas duvido que essa experiência continue uma vez que o guitarrista faleceu. Não acredito que nenhum de nós tem vontade de continuar trabalhando junto depois disso.

Existe a possibilidade de uma turnê com Shy novamente? Na América do Sul, talvez?
TM: Isso é completamente impraticável do ponto de vista logístico e financeiro.

Tenho estado no final de uma corda com TNT que continuou puxando para o Brasil por muitos anos, mas nunca obteve sucesso devido à economia e pessoas confiáveis. Duvido muito que a Shy pegaria a mesma corda quando nós estamos, além disso, desconectados um dos outros.

Quais são seus planos para 2013/14, considerando tudo o que está acontecendo com você neste momento?
TM: Escrever e gravar minhas músicas e provavelmente uma AOR Classix tour do Reino Unido. Farei alguns shows solo em Oslo no começo do ano que vem e levarei isso de lá depois da primavera de 2014.

Muito obrigada pela entrevista. Gostaria de desejar a você boa sorte com sua nova jornada e pedir para que, por favor, deixe uma mensagem para nossos leitores.
TM: Bem, obrigado continuo suporte do começo ao fim, o qual é sempre um turbulento estilo de vida no mundo do Rock and Roll!

O sistema e a forma como o negócio da música funcionam podem ter mudado dramaticamente com o passar dos últimos 30 anos, mas ainda sim os apoiadores da música fazem a máquina girar sem problemas. Então, obrigada por estarem lá, podemos apenas conversar com vocês pessoalmente de tempos em tempos, mas você deveriam sempre sentir-se muito apreciados.

Assista o vídeo de “Girls In Norway”:

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http://www.tonymills-official.com/
facebook.com/Tony.Mills.Official

 

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