Scibex, banda vinda de Uberlândia acabou de lançar o maravilhoso CD Path to Omors (VEJA A RESENHA), A Ilha do Metal teve a oportunidade de entrevistá-los conhecendo seus pontos de vista, falando sobre sua história, a gravação do novo CD, com o investimento da prefeitura local, a cena da região, bem como o futuro que deverá ser bem promissor.
Como foi o começo da banda e quais suas influências?
Diogo Bald: A banda, com a formação atual, teve início no ano de 2012. Particularmente sempre fui influenciado por diversos estilos musicais dentro e fora do metal. Dentre as minhas principais influencias dentro do metal posso citar o Marduk, Skyfire, Dissection, Immortal e Amorphis.
João Paulo: Dentre as minhas pricnipais influencias dentro do metal estão: Dream Theater, Iron Maiden, Cloudscape. Fora do metal minhas influências são principalmente do fusion: Victor Wooten, Steve bailey e Adam Nitti.
Lennon: Como pra mim a música erudita contemporânea é muito próxima ao metal, vou desde Penderecki, Giacinto Scelsi, György Ligeti, até Behemoth, Dissection, Bathory, Danzig, Black Sabbath.
Como foram as gravações de Path To Omors e como a prefeitura de Uberlândia vem ajudando na cena local da cidade?
Diogo Bald: As gravações ocorreram de modo bem restrito quanto ao tempo que tínhamos para entregar o projeto pronto. Como no começo perdemos algum tempo em contratempos como saída de membros, acabou que o tempo total para a finalização do álbum foi um pouco curto, então foi muito corrido sempre. A prefeitura de Uberlândia e em especial a Secretaria de Cultura, foram extremamente importantes para que o nosso trabalho desse certo. Existem muitos trabalhos além do estúdio para serem feitos quando se está produzindo um disco, e tivemos suporte nisso tudo, felizmente. A prefeitura abre, sem distinção de gênero musical, oportunidades e acredito que todos que realmente se empenharem tem chance de conseguir semelhante apoio.
Thales Valente: Na época da gravação, nos já tínhamos todas as musicas para disco,mas as musicas estavam na linha do Single e do EP, rápidas,pesadas e diretas,mais tinha uma musica no Ep (Matha´s Prision lançado em 2012 )a Heralds of Noosphere,que era diferente das demais, era mais lenta, “viajada” com violões e menos agressiva, nós curtimos bastante ela. Então conversamos bastante sobre que rumo a banda deveria tomar ,assim decidimos que o disco deveria ter mais mais profundidade,com mais melodias,violões, guitarras viajadas e mesclar vários estilos diferentes.Tivemos que correr contra o tempo, porque infelizmente restava poucos meses para criar e gravar as novas composições.E o interessante, é que fomos conhecendo as musicas no estudio, porque cada uma delas era uma surpresa,ninguém sabia como ficaria o disco.
O que o produtor Rodrigo Nepomuceno influenciou no novo trabalho do Scibex?
Diogo Bald: Diria que o Rodrigo foi um membro efetivo do Scibex nesses meses em que passamos no estúdio. O apoio dele ultrapassou as atribuições de produtor e com isso ele nos ajudou a enriquecer ainda mais nosso trabalho. Ele programou todas as baterias do disco, estratégia que utilizamos após ficarmos sem o baterista, além de sempre ajudar na lapidação das composições e chegando até a gravar algumas guitarras com a gente.
Como está sendo a divulgação do álbum pela gravadora ? E como está a repercussão? Alguma turnê ou show em vista?
Diogo Bald: Na verdade não temos uma gravadora. Quem nos apoia na divulgação do álbum é a Metal Media nossa assessoria de imprensa (Metal Media – www.metalmedia.com.br), nossos amigos próximos, amigos que compraram ou baixaram o álbum e que de alguma forma se identificaram com o som. A repercussão está sendo boa, fato que de certa forma me surpreendeu principalmente por nosso som não ser tão facilmente assimilado. Isso mostra que o pessoal está disposto a conhecer também o que há de novo, e isso enriquece demais o nosso metal. Ainda não temos shows marcados pelo fato de ainda estarmos sem baterista, mas estamos muito ansiosos para tocar.
Lennon: Tem sido impressionante a forma da qual as pessoas vem reconhecendo o trabalho. E o mais interessante é que até onde eu li, não recebemos críticas negativas pelo estilo e estética do som,o que antes seria um ponto que a gente imaginaria que poderia surgir. Em função de não ter um baterista, não há nada marcado ainda falando-se de shows,mas dentre os planos, queremos fazer uma tour européia no futuro, e depois disso tentar algumas datas no Japão, mas ainda nada está concretizado. Por isso fica a dica,bateristas que se interessarem, entrem em contato.
Estamos numa época do Mp3 / Redes Sociais / Internet que facilita a divulgação, e vocês liberaram o download e existe cópias físicas, qual foi a ideia da banda em relação a ambos formatos?
Diogo Bald: A nossa intenção sempre foi “espalhar o som”. E como você mesmo citou, estamos em uma época em que o acesso à informação está bem mais amplo e pode ser feito de diversas maneiras, inclusive pelo download. Dessa maneira, já que o álbum foi gravado com um recurso municipal, portanto público, nada mais justo do que compartilhar o som com quem realmente pagou por isso. As cópias físicas podem ser adquiridas por apenas 10 reais, e reservamos parte das cópias para serem distribuídas gratuitamente no nosso primeiro show.
Vocês são uma banda nova, e pergunto, já que no Brasil é impossível viver só da música ou todos tem outro emprego, e caso possuem outro emprego como conseguem acertar as agendas para excursões?
Diogo Bald: Desde 2007 eu tenho banda e sempre conseguimos nos adequar à agenda de eventos por diversas razões, seja pela raridade de eventos ou convites, seja economizando de um lado pra pagar no outro e assim vai, hehe. Eu estou me graduando em breve e pretendo como sempre continuar aliando minhas duas ocupações, não vejo problema algum.
João Paulo: Eu me graduei no conservatório estadual de música de Uberlândia em 2011, desde meados de 2009 eu tento trabalhar com bandas.Atualmente toco no Scibex e no Soul Stone ambas bandas de Uberlândia. Realmente viver de música no Brasil é uma tarefa difícil mas eu não diria que é impossível, pois exitem diversas áreas de atuação na música, tocar em uma banda é apenas uma delas, mas você pode dar aulas, workshops, participar de projetos, etc. Mas também estou me graduando em ciência da computação, penso nessa profissão como uma forma de obter recursos iniciais para investir na música até que eu possa viver só de música, que acredito ser o sonho de muitas pessoas que tocam algum instrumento.
Lennon: Atualmente estou no terceiro ano do curso de Relações Internacionais pela Unesp. Em situações como essa, uma máxima que devemos levar conosco é que com organização do tempo, você acha tempo, nem que seja um pouco. Então procuramos deixar tudo esclarecido sobre datas, compromissos e disponibilidade pessoal pra nada sair errado. No ano passado eu saí em tour pela Europa com outra banda da mesma cidade nossa (Krow), e nessa experiência o que eu posso dizer que nada é fácil, é tudo questão de empenho, organização e foco. Sobre algum dia viver apenas de banda, seria possível, mas é algo que tem que ser bem estruturado. Por isso eu digo pra todas as pessoas que querem isso: estude, tenha um foco, construa uma base por trás independente de banda, e aí sim você terá dinheiro para comprar instrumentos, investir em mídia, divulgação, logística. Com isso, produtores, agência, mídias especializadas irão interessar em você. Ou seja, começar do nada sem querer construir uma base sólida, infelizmente em termos do tipo de música que fazemos, é muito raro de acontecer. Para se ter uma banda hoje não basta só ser músico, você tem que saber no mínimo sobre marketing, logística, história, política, design, filmes e muito mais, coisas estas que vão te ajudar em todos os diferentes momentos pelos quais uma banda passa.
Voltando ao álbum, achei o mesmo excelente porém é uma sonoridade nova vindo de bandas nacionais, me lembrou um pouco, Steven Wilson e Opeth porém muito mais pesados e vocais, ora limpos, ora a lá “grunge”, ora guturais, como começou esse processo de composição?
Diogo Bald: Particularmente foi um desafio bom para mim, pois nunca havia me aventurado em fazer vocais “clean”. Por ser uma primeira experiencia eu gostei bastante, mas sei que muito há de ser feito.
João Paulo: Na minha opnião a múscia Herals of Noosphere que gravamos no EP Matha´s Prision lançado em 2012 pela RDL Records foi o divisor de águas, ela teve um impacto enorme sobre o tipo de som que queríamos buscar no álbum Path To Omors. Descobrimos através dessa música a linha que queríamos seguir nas composições do álbum era fazer umas músicas bem viajadas, ricas em detalhes, com profundidade e sentimento.
O que representa a capa do Path of Omors?
Diogo Bald: Bem, a exemplo do que venho fazendo, gosto sempre de colocar uma citação do próprio artista, Edgar Franco, para definir suas percepções. Mas o que tenho a dizer é que essa capa vem complementar o que já havíamos abordado no Single e no EP, que representam os seres cantados nas letras, as mazelas que espalham e os males que causam aos praticantes do pragmatismo. Lá vai um trecho do que Edgar diz sobre a capa: “As figuras/seres que estruturam a arte são o princípio feminino (a fêmea presente nas capas do single e EP) aqui ela tem também um véu sobre sua boca, mas revela seios voluptuosos, ao mesmo tempo sua cabeça termina em uma glande ejaculando, é a fêmea que usa seu lado sensual para obter poder, mas também pode gerar, é a dubiedade. Já a figura masculina no centro da composição é o macho-racional-destruidor do planeta, ele também é dúbio pois tem uma teta feminina e está grávido (a gravidez só é revelada na contra -capa do CD) e por incrível que pareça ele gera um ser luminoso no ventre.”
O que mudariam no Heavy Metal hoje?
Diogo Bald: Essa coisa de se manter preso à antigas métricas musicais que nos leva a um empobrecimento dos sons em geral, não somente no metal. Como em evolução se não há variabilidade dos genes há maior probabilidade de extinção da espécie, de forma semelhante acontece na música. Claro que é apenas uma comparação superficial para ilustrar, mas acredito que elementos incorporados, com bom senso, ao metal só tem a enriquecer e aumentar a variabilidade de nuances que realmente prendem o ouvinte.
Lennon: Adicionaria mais convicção, personalidade e feeling. Ouçam Little Richard, haha.
João Paulo: Concordo plenamente com o que o Diogo falou, seguir tendências restringe sua evolução musical. As pessoas sempre pensam que só existem duas opções, deixar a correnteza te levar ou tentar nadar no sentido contrário. Mas na verdade existe outra opção, você pode mudar o curso do rio, e até mesmo criar um novo afluente. Faço essa analogia com os rótulos que as próprias bandas colocam em si mesmas. No Scibex nós tentamos não rotular nosso som, pois isso restringiria muito nossas possibilidades de composição e nossa diversidade musical. Apesar de termos recebidos alguns rótulos até hoje as pessoas ainda não entraram em um consenso sobre que tipo de som nós fazemos. Pra mim um dos melhores elogios é quando as pessoas dizem que o Scibex é uma banda com um som diferente, e acredito que essa diversidade é o que as bandas de Heavy Metal deveriam buscar hoje.
Sinta-se livre para enviar uma mensagem a seus fãs.
Diogo Bald: Só temos a agradecer todo o apoio que temos recebido de quem ouviu o Scibex e espero encontrar vocês nos apoiando quando formos nos apresentar!
João Paulo: Todo o apoio que temos recebido dos fãs nos motiva bastante a continuar com o nosso trabalho. Acredito que fazer um trabalho de qualidade sempre nos dará o sentimento de realização. Um grande abraço a todos e nos veremos em breve nos shows.
Lennon: Muito obrigado a todos, por favor nos diga o que acharam, queremos ver o feedback, isso é muito importante para ajudar a manter a chama acesa. Espero em breve estar tocando em suas cidades. Se quiser ver o Scibex ao vivo na sua região, indique a algum produtor local, estamos checando todos os e-mails todo dia. Obrigado.
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Tags: Scibex
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