Imaginem um tempo sem internet, onde existia apenas duas revistas dedicadas ao Heavy Metal, e inúmeros zines, que eram um conjunto de folhas de papel A4 em fotocópias de recortes de revistas internacionais , ou textos datilografados , onde aquilo era sua única fonte de pesquisa, os discos eram difíceis de achar e muitos comprados a cegas, sem se quer tendo ouvi-los e os itens importados sempre foram caros,(ainda são até hoje.) e falando em música, existia no máximo no máximo mesmo, 2 shows internacionais por ano e normalmente uma data sendo na grande maioria no Rio de Janeiro e uma segunda se tivesse seria em São Paulo e só, e não necessariamente seria heavy metal.

Esta época para alguns saudosa, levou a lotarmos o Carioca Club para vermos grandes bandas brasileiras, cantado no bom e velho português, coisa até rara hoje em dia já que a maioria prefere cantar em inglês, e nessa data a escolha foi para bandas lendárias que cantavam em português.

Vale destacar ainda que o projeto Peso Brasil capitaneado pelo Ricardo Batalha da revista Roadie Crew teve algumas edições no Manifesto Rock Bar, onde aos domingos tínhamos bandas tocando e desa vez ele criou o que pode se tornar um grande Festival brasileiro de Heavy Metal, e que talvez muitos possa se lembrar do BMU – Brasil Metal Union , mas essa é outra história e vamos ao Festival.

Os responsáveis por apresentar cada banda que se apresentou são duas outras lendas do Heavy Metal Brasileiro, o primeiro Pompeu da banda Korzus e Walcir da Woodstock Discos e Comando Metal que junto com Ricardo Batalha já chamaram ao palco os cariocas do Taurus que tem em sua discografia o aclamado álbum Sob o signo de Taurus e após a intro, Otávio Augusto (vocal), Jeziel (Baixo), Cláudio Bezz (guitarra) e Sérgio Bezz (bateria), começam o show com Fissura, seguido por batalha Final e o clássico, Signo de Taurus era impressionante já que a idade média da plateia que lotou o Carioca Club era na casa dos 40 e poucos e que escutam o então LP por cerca de uns bons 20 anos e era muito bom ouvir todos cantando junto erguendo as latinhas.

O primeiro convidado da noite, cada banda teria o seu, foi Luiz Carlos do Vulcano que cantou junto Mundo em Alerta, e como ainda não conhecia pois tenho a figura de Angel, ex vocalista, posso dizer que Luiz Carlos se trata de um grande vocalista com muita personalidade e carisma em cima do palco, e já fico no aguardo para vê-los no próximo Panzer Fest, mas voltando ao show, Otávio então anuncia a faixa título do segundo CD Trapped in Lies, seguida por Pornography, sendo a parte ” em inglês” do set dos cariocas.

Como o set seria curto o tempo entre as músicas era quase que como agradecimento mas após Dias de cão, foi contado que na época muito se falava sobre profecias então o Taurus decidiu e compôs a Musica Damien (personagem do filme A profecia) e terminaram a apresentação com o clássico e obrigatória Massacre.

1. Intro

2. Fissura

3. Batalha Final

4. Signo de Taurus

5. Mundo em Alerta

6. Trapped in Lies

7. Pornography

8. Dias de Cão

9. Damien

10. Massacre

Álbum de fotos do Taurus confira aqui.

A segunda banda da noite foram os paulistas do Centúrias, banda formada por Nilton “Cachorrão” no vocal, Ricardo Ravache no baixo, Roger Vilaplana na guitarra e Júlio Principe na bateria e de cara mandam Guerra e Paz e Forte Olhos ambas do maravilhoso Ninja e após a primeira interação com a galera, apresentam o novo single que acabaram de lançar com Sobreviver, onde mostra que a nova formação tem a mesma pegada da época que os colocaram como grandes expoentes do nosso metal.

Mais uma do Ninja que foi Senhores da Razão, sendo seguida por Inúteis palavras e a nova do single Rompendo o silêncio Ruptura necessária foi digamos o aquecimento para o sempre excelente momento das Plaquinhas no Poser, quase como o símbolo da banda para então chamarem o convidado André Goes (365, Vodu) e executaram as clássicas faixas do SP Metal com Duas Rodas e Portas Negras encerrando a segunda e grande apresentação.

1. Guerra e Paz

2. Fortes Olhos

3. Sobreviver

4. Senhores da Razão

5. Inúteis Palavras

6. Ruptura Necessária

7. Arde Como Fogo/To Hell

8. Duas Rodas/Portas Negras

Confira o álbum do Centúrias clicando aqui.

Finalmente, uma das grandes bandas dos anos 80 eu ia ter a honra de poder assistir, Metalmorphose, que teve seu primeiro lançamento um álbum Split que dividiu o mesmo com o Dorsal Atlantica, Tavinho Godoy (Voz), Marcos Dantas (Guitarra), PP Cavalcante (Guitarra), Andre Bighinzoli (Baixo), Andre Delacroix (Bateria).

A banda usualmente usa um back line com o nome da banda e claro estava presente neste também e o show teve abertura com duas faixas, a primeira do último trabalho maquina dos Sentidos com Jamais Desista e a de abertura do Ultimatum com o Cavaleiro Negro, que na época de seu lançamento tinha o mesmo nome do fliperama mais insano que existiu até hoje.

A banda agita muito embora o vocalista Tavinho fique mais atrás nem por isso não vale exaltar a presença de palco da banda que impressiona e mandaram bala com Mascara Desejo Imortal e a faixa título do novo álbum Maquina dos Sentidos.O convidado Lucky Luciano, grande vocalista das bandas X – Rated e Metalmania que após a apresentação do cantor já começou com o Refrão” bate o pé bate a mão” e todos cantaram junto a musica de Heavy Metal em português a tocar na Rede globo no programa Mixto Quente relembrando muito bem essa grande faixa de um conjunto que certamente deixou saudade.

 A Seguinte foi outra homenagem, agora a uma das maiores bandas cariocas de todos os tempos, o Azul Limão e cantam Satã Clama Metal onde claro toda a plateia conhecia e cantou junto.

Um puta show, e como há muito tempo eu queria vê-los e não tido dado certo na última passagem deles por São Paulo me senti honrado em finalmente assistir a um concerto desta grande banda. 

Jamais Desista

Cavaleiro Negro

Máscara

Desejo Imortal

Máquina dos Sentidos

Metalmania

Satã Clama Metal

Minha Droga é o Metal

Album do Metalmorphose click aqui.

Chegava a hora do grande Salário Mínimo, que literalmente botou a casa abaixo, a maneira como a banda tocou, foi algo indescritível, é chover no molhado a qualidade do show deles, o como China Lee se porta no palco, sendo um dos maiores frontman que o Brasil de todos os tempos, etc… a presença de palco de Junior Muzilli, Diego Lessa e Daniel Beretta é algo absurdo sem contar Marcello Campos que vem tocando muito com o Salário.

O Set foi baseada na fase SP Metal e Beijo Fatal, então foi praticamente um massacre no melhor dos sentidos e Delirio Estelar seguido por Beijo Fatal já cansou todos da plateia que obvio não cantavam, e sim gritavam junto ai China anuncia Dama da Noite seguida por Noite do Rock, e posso garantir, as paredes do Carioca Club suaram sangue nessa hora;

Anjos da escuridão, devastadora e ai chegava a hora do convidado, Jack Santiago, que veio da bela Floripa para claro participar da Festa e assim como fizeram na abertura da última passagem do U.d.o pelo Brasil, quem foi deve lembrar de que o Salário roubou o show aquele dia, tocando essa música, um dos clássicos maiores da Música Brasileira com Salém ” A cidade das Bruxas”,  e todos devem pensar como o público reagiu.

A encerramento com a dobradinha Cabeça Metal e Jogos de guerra confirmou o que ali todos já sabiam, foi o melhor show da note.

Delírio Estelar

Beijo Fatal

Dama Da Noite

Noite de Rock

Anjos da Escuridão

Salém (A Cidade das Bruxas)

Cabeça Metal/Jogos de Guerra (medley)

Confira as fotos do Salário Mínimo aqui.

Roosevelt “Bala” Cavalcante, baixo, vocal, Paulo Gui, guitarra e André Lopes Chamon na bateria formam o Stress, e vindos de Belém do Pará são parte da Historia do Metal Brasileiro, pois a banda foi a primeira a ter um LP lançado, isso no ano de 1983. E começam a apresentação com Heavy Metal e Mate o réu.

Rossevelt tem muito carisma no palco e com uma cópia do raríssimo segundo LP da banda antes de jogar ao público ele pede que não rasgue a cópia para que a pessoa que conseguisse possa ter a cópia entregue das próprias mãos da banda e ter esse maravilhoso presente, e assim foi feito e a capa posso garantir que não foi rasgada.

O convidado da banda foi outro grande vocalista do Brasil, Vitor Rodrigues do VoodoPriest, e juntos detonaram o clássico Sodoma e Gomorra e claro com a excelente performance de Vitor.

A próxima seria uma das novas faixas do Stress que foi Heavy Metal é a Lei, e muito bom ver que a banda mantém seu estilo mesmo com mais de 30 anos depois do primeiro lançamento. Na última musica da noite Roosevelt chama a todos de volta ao palco para cantarem o novo hino do Metal brasileiro e que será tema do filme Brasil Heavy Metal que será um documentário com a história dos pioneiros do Metal brasileiro e a música claro só poderia ser o tema deste filme terminando um evento histórico com as 5 bandas no palco cantando e celebrando a data que certamente ficará na memória de todos que participaram dela.

Heavy Metal

Mate o Réu

Flor Atômica

Sodoma e Gomorra (Vitor Rodrigues)

Heavy Metal é a Lei

Brasil Heavy Metal

Confira o álbum do Stress clicando aqui.

O certo agora seria aquelas palavras de conclusão final do review, mas o que tenho a escrever é agradecer a Ricardo Batalha, com um MUITO OBRIGADO DO TAMANHO DO UNIVERSO, pois creio que muitos como eu que cresceram ouvindo essas bandas e morando na época no interior do estado era impossível vê-las ao vivo pela complicação da época e juntar 5 lendas no mesmo dia, foi desafiador, ousado e brilhante ao mesmo tempo, porém executado a maestria/perfeição.

Muito bom também e importante mencionar o púbico qe lotou a casa como uma média de idade mais alta, porém muitos jovens presentes para conhecer e saudar as lendas sem contar grandes músicos presentes, como o Edson Grafetti do Panzer, a banda Eletric Age, um dos grandes vocalistas brasileiros que deveria ter subido no Palco Percy Weiss, o Micka do Santuário e Naja entre tantos outros mostrando a união que as bandas tinha na época…

Chavão mas como diz a trilha sonora do Brasil Heavy Metal ” Vida Longa ao Metal do Brasil”