Se buscarmos a definição do que seria a palavra moda, provavelmente nos depararíamos com a palavra oriunda do latim significando maneira ou comportamento; no francês um hábito ou estilo; adquire-se um caráter de ligação entre a forma de se vestir e um período, portanto. Porém hoje, também falamos de estilos não só de roupas, mas também musicais que entram e saem das “paradas” ou mesmo que atraem grandes públicos em um determinado período de tempo. Podemos dizer que hoje, dentro do Rock/Heavy Metal, o Folk Metal pode ser colocado como um desses estilos da moda, afinal, nota-se um grande aumento de adeptos que lotam casas e correm atrás de seus ídolos, assim como uma maior quantidade de bandas do estilo se apresentando por aqui. Neste contexto que pela segunda vez os finlandeses do Turisas voltaram a São Paulo no último dia 03 de outubro, pouco mais de dois anos após sua bem sucedida primeira passagem.

Texto: José Antonio Alves
Fotos: Bruno Bergamini Página no Facebook

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Mesmo sem um lançamento mais recente (“Turisas”, de 2013, foi o último registro lançado da banda), o grupo veio com toda sua garra para mais algumas batalhas pela América Latina, proporcionando uma ótima chance para que os ausentes da última apresentação pudessem conferir os finlandeses.

Pouco antes do horário previamente determinado para entrada (18h), as portas do Carioca Club em São Paulo se abriram para receber os fãs que em alguns casos já estavam na fila desde o começo da manhã visando bom locais “na grade”. Porém, apesar da mobilização, em menos de dez minutos todos que formavam a fila de entrada já conseguiam adentrar o recinto, o que já dava indícios  de que teríamos um público pequeno naquela noite. E claro, os guerreiros que lá estavam não poderiam deixar de estar caracterizados como os finlandeses, com tinta vermelha e preta nos rostos, encarando literalmente o espírito de batalha.

Já dentro do Carioca Club, a impressão tida do lado de fora sobre o público se confirmava aos poucos…Menos que a metade da pista estava ocupada, com alguns poucos nos camarotes, e menos de meia hora para o início da apresentação. Para embalar os presentes, a discotecagem incluía o melhor do Folk/Black Metal, e foi finalizada com a apresentação já tradicional em eventos do estilo do grupo cultural de demonstração de combates Ordo Draconis Belli, com muito sangue (só que não) e lutas rolando no meio da pista.

Logo em seguida, pontualmente às 19h30 começa a rolar a intro para “The March Of The Varangian Guard”, com os integrantes da banda surgindo um a um até o mais aclamado de todos, o vocalista Mathias Nygård. Impressionante a atmosfera de batalha que a banda consegue criar, claro que os arranjos sinfônicos auxiliam muito nesse quesito. Seguiram com uma visita ao álbum “The Varangian Way” de 2007 com a faixa “A Portage To The Unknown”, com Matias “regendo” o público e logo depois comentando que era muito bom estar de volta. Do mesmo álbum ainda mandaram na sequencia “To Holmgarn And Beyond”, para delírio dos presentes que ocupavam meia pista do Carioca Club.

“Rex Regi Rebellis” foi uma das mais épicas da noite, valendo o destaque para o carismático e competente Olli Vänskä  no violino. Confesso que sempre fui grande fã da fase da banda que contava com Netta Skog no acordeão, até por conta da própria presença de palco da mesma, mas tenho que tirar o chapéu para o trabalho muito bem desenvolvido atualmente nos teclados capitaneados por Kasper Mårtenson.

“End Of An Empire” continuou o clima épico, com Mathias fazendo uma breve contextualização histórica da música, gerando um dos coros mais sensacionais da noite na sua execução. Toda a banda apresenta uma ótima desenvoltura no palco, sempre interagindo com o público que se vê momentos bangueando, outros nos moshs (fracos, por sinal) ou ainda dançando, esta última situação mais de acordo com a proposta do Folk Metal.

Mathias Nygård proporcionou dois momentos cômicos na apresentação. O primeiro deles mostrando bom humor (ou até como indireta, vocês decidem) onde comentou que no show anterior em Curitiba, eles tinham Heinekens disponíveis, enquanto em São Paulo, só havia a marca Skol, que segundo o mesmo é muito ruim. Sendo diplomático logo depois, o vocalista comentou que preferia assim, provar a cerveja local, mesmo que ruim.

O segundo momento foi em relação ao público e experiências anteriores. Mathias comentou que nessa e na anterior passagem por terras tupiniquins só conheceu o Hotel, Aeroporto e o Carioca Club, e que públicos que já presenciou em países como Alemanha e Inglaterra eram de algumas pessoas não muito bem interessantes de aparência, diferentemente do Brasil, que possui um público com muitas mulheres lindas.

Com a rasgação de seda típica, ganhou-se o público definitivamente, apesar do mesmo mostrar uma animação até certo ponto moderada. A parte final do show veio com algumas das grandes músicas do grupo. “Battle Metal” é um hino da banda, do público, enfim, é uma faixa sensacional para se ver ao vivo e claro, entoar seu refrão grudento que mais parece um rito pré-batalha.

“We Ride Together” do último álbum da banda de 2013 fechou a parte regular do set, deixando os fãs clamando pelo retorno da banda para o bis de forma tímida para mais dois sons. Vieram “Stand Up And Fight”, do álbum de mesmo nome de 2011 e o cover do grupo alemão Boney M., que foi regravado brilhantemente pelos finlandeses e se transformou em uma das canções mais pedidas nos shows, “Rasputin”.

Sim, os rapazes de Hämeenlinna fizeram um senhor show em São Paulo, só ficou o desapontamento pelo baixo público presente para prestigiá-los.  Todos deram um show de simpatia, carisma e performance que acabou passando tão rapidamente que nos deixa o gosto de quero mais. Claro que a enxurrada de shows recentes no Brasil pode ter influenciado (mesmo se tratando teoricamente de outros segmentos dentro do rock/metal) o baixo público, mas esperemos que a banda retorne em breve desta vez com algo mais recentemente lançado.

Entrevistamos o vocalista Mathias Nygård e ele falou sobre os futuros planos da banda, CLIQUE AQUI para ler a entrevista.

Set List

The March Of The Varangian Guard
A Portage to The Unknown
To Holmgarn And Beyond
Rex Regi Rebellis
End of an Empire
The Dnieper Rapids
For Your Own Good
Hunting Pirates
No Good Story Ever Starts With Drinking Tea
Battle Metal
We Ride Together

Bis:

Stand Up and Fight
Rasputin

Turisas é:

Mathias Nygård – Vocais
Jussi Wickström – Guitarra
Olli Vänskä – Violino
Kasper Mårtenson – Teclado
Jaakko Jakku – Bateria
Jesper Anastasiadis – Baixo