Junho a agosto é a temporada de festivais europeus, eventos pra banger nenhum botar defeito. E como você imagina um festival no país com o maior número de bandas de Metal por habitante? A ILHA DO METAL foi até a Finlândia conferir a 19ª edição do TUSKA OPEN AIR, em Helsinki, que recebeu 28.000 metaleiros em seus 3 dias de festival.

Com duração de 3 dias, o TUSKA acontece dentro da cidade de Helsinki (grande parte dos festivais europeus são afastados das capitais), e a uma curta distância de metrô e pontos de ônibus, o que facilita bastante o acesso dos fãs. Como a cidade dispõe de transporte público 24 h, o finlandês pode embriagar a vontade e voltar pra casa em segurança após ter assistido a grandes shows no festival. Falando em embriagar, não é permitido beber em todas as áreas do festival. Existem áreas delimitadas onde os bares estão concentrados, e ninguém pode sair de lá com bebidas. Todos os bares tem vista para os palcos, então não prejudica quem quer assistir ao show com uma cerveja na mão.

E como na grande maioria dos festivais europeus, no TUSKA também impera a sustentabilidade. Devolveu a latinha, recebe 1 euro de volta. Considerando o preço (€ 8,50), você certamente vai querer seu euro! A comida não é lá estas coisas, mas os preços não são abusivos (mas nada é barato).

Mas vamos ao que interessa, MÚSICA! Apesar da qualidade do cast, o primeiro dia não chegou a lotar, mas estava bem cheio de finlandeses apaixonados que fizeram cada show valer a pena. E não só finlandeses, encontramos brasileiros por lá também. E na primeira fila, claro! Isso é uma coisa boa de ver show fora do Brasil. Europeu não tem esta vontade maluca de ficar na grade, como muitos de nós temos aqui no Brasil. Então, pegar grade é molezinha! E geralmente sem muito aperto.

Os shows são distribuídos em 3 palcos, sendo um palco Open Air (Radio Rock main stage), um montado sob uma tenda (Helsinki stage), e um em um espaço totalmente fechado (Inferno stage). A área do festival não é muito grande, em poucos minutos se vai de um palco ao outro. Dentre as atrações do primeiro dia, tocaram o Delain, Cain’s Offering, Lordi, Testament, Behemoth e Avantasia.

Os holandeses do DELAIN tocaram no ‘Helsinki stage’, e apesar de ter sido uma das primeiras bandas a se apresentar no festival, fizeram um show digno de Headliner. O público estava bastante feliz em ver Charlotte a cia. mandando muito bem no palco. A qualidade do som estava ótima (e assim continuou em todos os shows neste palco), e a banda usou muito bem o jogo de luzes, deixando o espetáculo ainda mais bonito.

Os finlandeses do CAIN’S OFFERING tocaram em seguida no ‘Helsinki stage’. Apesar de ainda não muito conhecido pelo público geral, o projeto de Jani Liimatainen (ex-Sonata Arctica) fez um grupo de fãs apaixonados viajar muitos quilômetros  só para prestigiar a terceira apresentação da história do grupo. E assim, a primeira fila foi disputada por fãs da Holanda, Suécia, Brasil, Coréia do Sul e diversas partes da Finlândia. Além do Jani, a banda conta com os também famosos Timo Kotipelto (vocal) e Jens Johansson (teclado), ambos do Stratovarius. Com esta formação, a certeza de um excelente show é garantida. E apesar do grupo ainda não apresentar um entrosamento tão grande entre todos os integrantes – o que prejudicou um pouco a presença de palco, a execução das músicas foi perfeita, o set escolhido sensacional, qualidade de som impecável. E como é bom ver o Jani Liimatainen e todo seu talento de volta aos palcos! Para quem não conhecia, ficou a ótima impressão. E para os fãs, um sonho realizado e o gostinho de quero mais.

Os também finlandeses do LORDI se apresentaram no palco principal. Mostraram seu hard rock de alta qualidade, com ótimas músicas que empolgaram o público. Mas a principal sacada da banda é a imagem. Performáticos, a banda toca com máscaras de monstros e totalmente fantasiados, usam uma serie de efeitos visuais, e garantem um espetáculo sonoro e visual a cada um dos presentes. É um nome bastante respeitado no cenário finlandês.

Também no palco principal, os norte americanos do TESTAMENT garantiram os circle pits do primeiro dia do festival. Como sempre, a banda tocou material dos últimos álbuns mas não esqueceu dos clássicos, pra felicidade do público finlandês.

Para o encerramento da primeira noite, nada mais nada menos que o espetacular AVANTASIA. Com praticamente os mesmos convidados que tocaram no Brasil há 3 meses, a banda se apresentou na Finlândia pela primeira vez, e o público mostrou que estava muito feliz em finalmente ver Tobias Sammet e cia. hipnotizando todo mundo com suas belas vozes e melodias. O palco usado durante a turnê do ‘Ghostlights’ é lindo e majestoso, pena que eles não conseguiram trazer o palco completo quando tocaram no Brasil. Foram duas horas de outro show perfeito e impecável do AVANTASIA, com músicas de todas as fases do projeto.

No segundo dia, o TUSKA recebeu o Ghost como atração principal, com um ótimo aquecimento por parte do Anthrax, e 11.000 bangers esgotaram a capacidade do evento neste dia. Omnium Gatherum, Thunderstone, Havok e Obscura foram alguns dos outros nomes que tocaram.

Os finlandeses do OMNIUM GATHERUM apresentaram seu Death Metal melódico no ‘Helsinki stage’ na parte da tarde, e loiros cabelos finlandeses voavam soltos na pista a ao longo da apresentação da banda. Mais uma vez, a qualidade do som estava excelente e a banda fez um ótimo show.

No palco principal, o ANTHRAX fez uma apresentação cheia de energia, num show que começou no sol e terminou debaixo de chuva forte. Os fãs não pareceram se importar muito, o que se viu foi muito cabelo molhado balançando e bastante circle pit. Como sempre, destaque para Frank Bello (baixo), que tem uma presença de palco como poucos, realmente contagiante. Provando mais uma vez porque estão entre o Big 4, os norte-americanos fizeram um showzaço, excelente!

Com a difícil missão de superar a apresentação do ANTHRAX, o GHOST foi o headliner desta segunda noite. Os suecos também usam a imagem como arma principal da banda, e apesar das cruzes invertidas e cara de mau, o som está longe de ser obscuro ou macabro. Os fãs se caracterizam na primeira fila, e os hits são bastante cantados pelo público presente. Como no festival de um modo geral, o som mais uma vez estava redondinho e a banda fez uma boa apresentação, os fãs pareceram bem satisfeitos.

No terceiro e último dia do festival, foi vez do Hatebreed, Gojira, Katatonia e Children of Bodom, entre outros, se apresentarem. Mas neste dia, também teve BRASIL no TUSKA.

E sobre o show das brasileiras do NERVOSA, vou contar esta história: No final do dia, eu estava indo embora do festival e passei por um russo, que estava contando para os amigos, com muita empolgação, sobre um dos shows que tinha assistido. Parei e disse “Você está falando de uma banda que é do meu país”. E ele começou: “Aquela baterista, nossa, tão pequenininha, aí você pensa que ela vai bater de leve na bateria. E aí, de repente, ela destrói aquelas peles. Caramba, ela toca pesado!! E a guitarrista, ela é brasileira? Ela é tão loira, tem loira assim no Brasil? Tão bonita. E como toca, né? Nossa, puro Thrash Metal nas veias!! E a vocalista? Você olha e vê uma pessoa super doce, né? Aí ela começa a cantar e é diabólica!! Parece que está encarnando as forças do inferno na voz dela. É demais!! Elas são fantásticas, tomara que elas toquem na Rússia também”. Depois, todo orgulhoso, me mostrou a foto que tirou com as meninas do NERVOSA.
Elas se apresentaram no ‘Inferno stage’, o palco interno que encheu durante o show da banda. E esta boa impressão do russo foi mais que merecida! O show foi nervoso mesmo! Uma ótima apresentação das brasileiras, que durante 45 minutos não deixaram ninguém descansar. Circle pits do começo ao fim do show, e com a ótima energia e presença de palco, a banda tirou a timidez do finlandês e não deixou ninguém parado. Quando acabou o show, os comentários que ouvi foram todos positivos, quem não conhecia estava impressionado com a banda, quem já conhecia estava mais que satisfeito. Muito bacana ver mais uma ótima banda brasileira deslanchando no cenário mundial!

O dia ainda tinha espaço pra mais Metal, e o GOJIRA levantava todo mundo no palco principal, ao mesmo tempo em que o SWALLOW THE SUN apresentava um set acústico bastante depressivo no ‘Inferno stage’. Os suecos do KATATONIA fizeram uma ótima apresentação no ‘Helsinki’ stage, com o espaço bem lotado.

Mas a noite era mesmo dos donos da casa. Os finlandeses do CHILDREN OF BODOM foram escolhidos para fechar o festival, pelo jeito uma escolha aprovada pelos fãs. Com uma apresentação interessante, a banda tocou como covers, o clássico “Lookin’ Out my Backdoor” (Creedence Clearwater Revival), em versão Death Metal, e ainda acelerou “Somebody Put Something in my Drink” (Ramones). O show contou ainda com a participação de Netta Skog (ex-Turisas) tocando acordeão. Foi uma grande apresentação da banda, fechando com chave de ouro este excelente festival no norte do mundo.

Ano que vem, o TUSKA celebrará 20 anos e promete ser ainda melhor. Se um roteiro com festivais europeus faz parte de seus planos, considere o TUSKA. É de fácil acesso, limpo, super bem organizado, numa cidade cheia de opções, e de altíssima qualidade.

Lista completa das bandas que tocaram no TUSKA 2016: Ghost, Avantasia, Children of Bodom, Behemoth, Testament, Anthrax, Katatonia, Stam1na, Kvelertak, Hatebreed, Gojira, Turmion Kätilöt, With the Death, Lordi, Swallow the Sun, Cain’s Offering, Diablo, Primordial, Thunderstone, Cattle Decapitation, Tsjuder, Obscura, Havok, Nervosa, Myrkur, Delain, Mantar, Beast in Black, Jess and the Ancient Ones, Brymir, Circle, Omnium Gatherum, Man with a Mission, Lord Vicar, Bendover, Crimson Sun, Mörbid Vomit, Whorion, Mørket, Block Buster, Fuck-Ushima, Blaakyum, Frosttide, Muclear Omnicide, Embreach.

Agradecimento à equipe de imprensa do TUSKA pelo credenciamento.