Resenha e fotos: Tamira Ferreira
Para ver mais fotos, clique aqui!
O último domingo (13/11) foi dedicado a celebrar o metal nacional. O Brasil Metal Union foi criado em 2000 com o intuito de divulgar a cena Heavy Metal brasileira e teve seis edições ao todo. Terminando suas atividades em 2006.
Em 2016, o BMU está de volta para uma edição especial de comemoração de dez anos de seu último festival reunindo bandas de todos os lugares do Brasil e de diferentes vertentes do estilo.
Chegamos ao Tropical Butantã, local que foi realizado o festival, às 12h50 e do lado de fora já era possível ouvir o hino nacional brasileiro sendo tocado antes de começar as apresentações.
A primeira banda a tocar era a Soulspell. Um projeto de ópera rock criado pelo baterista Heleno Vale no interior de São Paulo, mais especificamente em Lençóis Paulista.
A Soulspell não possui uma formação fixa, trocando sempre seus vocalistas. Para o show de São Paulo, estavam: Heleno Vale (bateria), Daniel Guirado (baixo e vocal), Leandro Erba (guitarra), Sérgio Pusep (guitarra), Rodrigo Boechat (teclado), Jefferson Albert (vocalista), Daisa Munhoz (vocalista), Talita Quintano (vocalista), Pedro Campos (vocalista) e Victor Emeka (vocalista).
Os integrantes esbanjavam simpatia e energia em cima do palco, interagindo o tempo todo com o público que cantava as músicas e agitava o tempo durante o show. Até mesmo aqueles que não conheciam a banda, estavam satisfeitos com a apresentação.
A sintonia entre vocalistas e músicos era marcante durante toda a performance e cada voz possuía um estilo único, casando entre si durante as músicas.
Estavam no setlist da Soulspell as músicas: “The Entrance“, “Labyrinth“, “Troy”, “Adrift“, “Dead Tree, Age Of Silence” e “A Secret Compartment“.
O ponto forte do festival era a pontualidade. A equipe tinha 20 minutos para trocar os instrumentos enquanto uma cortina branca que ficava à frente do palco passava apenas clipes de bandas nacionais para a plateia que esperava a próxima atração.
Segunda banda a se apresentar foi a paulistana Salário Mínimo.
Criada nos anos 80, a Salário Mínimo é considerada pioneira no cenário Hard/Heavy nacional.
Formada por China Lee (vocal), Daniel Beretta (guitarra), Junior Muzilli (guitarra e voz), Diego Lessa (baixo e voz) e Marcelo Campos (bateria), a banda avisa que naquela tarde as canções serão apenas dos anos 80, tocando os clássicos da banda.
Entre uma música e outra, o vocalista brinca com o público dizendo que eles não estavam acostumados a tocar tão cedo, ou perguntando se os fãs já tinham almoçado porque a produção não tinha dado comida para eles. China também explica sobre a composição da música “Dama da Noite”, fazendo todos no lugar rirem das histórias por trás da composição.
Porém, China também comenta da dificuldade de uma banda de manter no metal brasileiro quando as pessoas preferem pagar uma fortuna em shows internacionais à pagar pra ver as bandas locais. E ressaltou que quem estava lá eram os verdadeiros fãs.
O show teve duas participações especiais, ‘Paul X’ da banda MonsteR e ‘Carlinhos Anhaia’ (Guitarrista e diretor musical em São Paulo).
A canção “Noite de Rock” para um fã que veio da Bahia especialmente para o show.
Contavam também no setlist da Salário Mínimo as músicas: “Delírio Estelar“, “Beijo Fatal“, “Anjos Da Escuridão” “Jogos De Guerra” e “Cabeça Metal“.
O lugar estava cheio e a cada hora chegavam mais fãs para o evento. Mais uma vez a cortina se abaixou e todos se preparavam para a entrada da banda Cangaço.
Quando a cortina subiu, os primeiros a entrarem no palco foram o baterista Mek Natividade e o baixista Magno Barbosa Lima, o último a entrar foi o guitarrista Rafael Cadena segurando um lampião.
Os músicos se apresentaram como “Cangaço do Brasil”, deixando de lado o regionalismo e mostrando que a proposta da banda era falar sobre os brasileiros e para os brasileiros. Eles também expressaram o prazer de vir do Recife fazer parte daquele evento.
O baixista e vocalista Magno lembrou ao público que naquele dia fazia um ano da chacina em Paris na casa de shows Bataclan e comentaram sobre intolerância religiosa. O músico também comentou sobre o atual estado político brasileiro falando que “um pais é muito mais que o estado que o governa”.
A banda tem um estilo particular, fazendo mistura de ritmos populares brasileiros com o Heavy Metal. Um forte exemplo disso é a versão de “Cavalos do Cão” de Zé Ramalho.
Contavam no setlist as músicas: “Nação“, “Arcabuzado“, “Al Rasif“, “Rondon“, “Arretado“, “Bombardeio“, “Corpus” e “Cantar às Excelências“.
O Cangaço termina o show com a frase: “Viva o Brasil, viva a união! ”
Entre o público do BMU estavam músicos de várias outras bandas paulistanas para representar o metal nacional e apreciar os shows daquele dia. Como a dos curitibanos do Semblant.
Muitos fãs estavam usando a camiseta oficial da banda e demonstravam ansiedade enquanto os músicos se preparavam para subir ao palco.
Os integrantes Thor Sikora (bateria), J. Augusto (teclado) e Sol Perez (guitarra) já começavam a tocar a primeira canção quando uma dançarina interpretava a canção. Logo após foi a vez dos vocalistas Sergio Mazul e Mizuho Lin entrarem ao palco, para delírio do público.
Sergio agradece a todos que estavam ali e diz que era muito importante para eles aquele momento de comemorar os dez anos de BMU e de Semblant. Também agradeceu a oportunidade de tocar em São Paulo, que não eram muitas.
A banda estava lançando seu mais recente álbum “Lunar Manifesto” e mostrando as canções principais para o público presente.
Estavam presentes no setlist: “Dark Of The Day“, “Mists Over The Future“, “Ode To Rejection“, “The Shrine“, “What Lies Ahead“, “Bursting Open” e “Incinerate“.
Antes de tocar “What Lies Ahead”, a banda explica que é uma música que conseguiu 7 milhões de visualizações do clipe no youtube, de forma independente e sem forte divulgação. O vocalista Sergio Mazul explica que isso pode parecer pouco para algumas músicas duvidosas que ouvimos por aí, mas é uma grande conquista para o rock nacional.
A próxima apresentação da noite era a banda solo de Bruno Sutter. Conhecido nacionalmente como o Detonator da banda Massacration e como integrante do programa Hermes e Renato da MTV, Sutter estava apresentando seu mais novo trabalho e primeiro álbum solo autointitulado.
Estavam com Sutter, o músicos Christian Oliveira (bateria), Attilio Negri (guitarra), Matheus (guitarra), e Luis Mariutti (baixo).
Vale ressaltar entre os integrantes de Sutter o baterista Christian Oliveira, filho de Rodrigo Oliveira da Korzus, e grande músico mesmo com apenas 18 anos. E Luis Mariutti, um dos maiores baixistas brasileiros e membro de grandes bandas do metal nacional como Angra e Shaman. Sutter fazia questão de ressaltar a qualidade de seus músicos e sua felicidade de ter Mariutti, seu grande ídolo, no palco com ele. Aliás, o baixista teve apenas uma semana e meia para aprender todas as músicas do setlist.
Praticamente todos que estavam no BMU, sabem que é Bruno Sutter, porém era a primeira vez vendo seu projeto solo para muitos. Bruno diz que é foda ouvir músicas que não conhece, mas esperava que o público gostasse e depois do show fosse comprar o CD na banquinha de merchandising.
Aliás, ao fundo do Tropical Butantã havia um espaço dedicado a vender camisetas e CDs das bandas presentes nos shows, além das oficiais do BMU. Bruno Sutter ficou grande parte do tempo do festival naquela área para atender os fãs e vender seus produtos oficiais.
Durante o show, o vocalista explica que para fazer metal no Brasil é preciso ser de forma independente e sem gravadora. E quem já sofreu muito com os “haters” e comentários maldosos de pessoas achando que ele só levava o Heavy Metal na brincadeira, mas que para ele aquilo era muito sério e que ele ama o metal e estar no palco.
As músicas tocadas durante o show foram: “My Boss Is A Corpse“, “GrAttitude“, “Stalker“, “Socorro“, “Provoke Yourself“, “Haters Gonna Hate“, “Best Singer” e “Galopeira“. A última sendo um clássico da música sertaneja tocada em versão Heavy Metal.
Já era por volta das 18h quando o HeadHunter DC subia ao palco.
Banda criada na Bahia tem em sua formação os músicos: Daniel Brandão (bateria), Zulbert Buery (baixo), George Lessa (guitarra), Paulo Lisboa (guitarra) e Sergio Baloff Borges (vocal).
A banda é pioneira no Death Metal brasileiro e já entra ao palco com uma introdução e a voz do vocalista gritando: “Salve o Metal da morte”.
Os músicos não queriam que os fãs ficassem parados, agitando o tempo todo e pedindo para todos baterem cabelo e abrirem uma roda.
No meio do show, Sergio pede para o público gritar “hey”, o mais alto que eles puderem e é atendido pela plateia, porém o vocalista rebate: “tá legal, mas dá para melhorar”. O coro do público gritando “hey” preenche todo o Tropical Butantã e satisfaz o pedido do músico.
O frontman expressa as dificuldades de uma banda de metal nacional se manter na cena, entretanto, ressalta que o HeadHunter está a 30 anos na estrada sem nunca ter acabado e completa com: “Se depender de cada um de vocês a gente consegue fazer o metal acontecer”.
Faziam parte do setlist os maiores clássicos da HeadHunter como: “Death Of Heresy“, “Stillborn Messiah“, “…And The Sky Turns To Black…, Am I Crazy?“, “Death Vomit“, “God’s Spreading Cancer” e “Hail The Metal Of Death“.
BMU decidiu apostar em uma forma diferente de composição de festival. As bandas vêm de vários estados do Brasil, tendo cada uma o mesmo horário para todo mundo e sendo todas conhecidas pelo público, mas nem tanto. Então era possível ver bandas consagradas do meio e conhecer outras. O ambiente, o som e a iluminação estava muito boa, cerveja barata, espaço agradável para o público e as bandas, o único ponto negativo a ser ressaltado era que o food truck estava na área de fumante.
Um dos momentos mais esperado da noite era a reunião da banda MonsteR. Depois de oito anos do término, eles decidiram se encontrar para tocar especialmente para o BMU e os fãs mal podiam esperar.
Mesmo antes da cortina subir, muitos já gritavam pelo nome da banda e dos músicos. Ou cantavam músicas compostas pela MonsteR para conter a ansiedade.
Com a cortina fechada, o vocalista pergunta: “tem alguém aí? ”. A plateia responde o mais alto possível. É quando ele anuncia que tinham uma introdução para o show, mas deu problema, então ele pediu para os fãs gritarem enquanto a cortina subia. Foram prontamente atendidos.
A cortina subiu e lá estavam E.V.Sword (bateria), Luiz Portinari (guitarra) e Paul X (vocal e baixo).
Antes de começar o show, o vocalista disse: “Olá BMU, faz oito anos que eu não digo isso” e “nós somos a MonsteR e faz oito anos que eu também não digo isso”.
O show começou e tinha aquele clima de show internacional, todos os fãs cantavam as músicas e era possível ver a animação geral para cada canção tocada. Só quem estava lá consegui sentir a emoção de fãs e artistas ao estarem juntos. Teve até um momento que uma fã diz para o amigo: “sente essa música, só sente”.
É uma mostra que o metal nacional tem qualidade e salvação, são fãs dedicados como os do MonsteR que fará o rock crescer.
O vocalista conversava o tempo todo com os fãs e estava emocionado por estar ali. Ele chorou algumas vezes ao falar com o público.
No meio do show ele disse que estava com um problema no ouvido e precisava que os fãs gritassem o mais alto possível para ver se consegui limpá-lo.
O vocalista volta a explicar que tinha outra introdução que seria uma música bem ruim que está fazendo sucesso atualmente e depois alguém gritando “shut the fuck up” (“cala a boca, porra” em tradução livre). Então pediu para os fãs começarem a gritar “shut the fuck up” o mais alto possível. Fazendo a alegria do público ao gritar junto.
Com o tempo acabando, Paul explica que não poderá tocar a última música, mas que estava de alma lavada. Depois completou: “não sei se a gente volta, mas foi um dos melhores shows que nós fizemos”. Porém, os fãs não se contentaram com o fim do show e pediram mais uma música. Após muita insistência, a banda volta ao palco para tocar a última música.
Estavam no setlist da MonsteR as músicas: “Why Don’t You Wake Up“, “If You Can’t Trust Me“, “Fire (Burn)“, “At Last“, “The Show Is Not Over“, “Shut The Fuck Up” e “Monster“.
É fato que o Heavy Metal é dominado pelo sexo masculino, seja entre as bandas e o público. Porém esse espaço vem sendo conquistado pelo público feminino, que vem mostrando garra e paixão quando se trata de música.
No BMU, tivemos a SoulSpell com duas vocalistas mulheres, a Semblant com uma vocalista e a oitava atração da noite.
A Nervosa é um trio de trash metal formada apenas por integrantes do sexo feminino. Em sua formação estão: Luana Dametto (bateria), Prika Amaral (guitarra) e Fernanda Lira (vocal e baixo).
A presença de palco da banda é muito marcante e elas expressavam o tempo todo estarem muito feliz por tocar no BMU.
Era o primeiro show da Nervosa em São Paulo em 2016 e a banda estava fazendo o lançamento de seu mais novo álbum, “Agony”.
A plateia não deixou por menos e abria uma roda a cada música da Nervosa, cantando e batendo cabeça o tempo todo. Era notável a admiração de todos pela banda.
O setlist da Nervosa era composto por: “Hypocrisy, Arrogance, Death!“, “Surrounded By Serpents“, “Intolerance Means War“, “Masked Betrayer“, “Hostages“, “Theory Of Conspiracy” e “Into Moshpit“.
A penúltima atração do festival era a banda Hibria que tocou na última edição do BMU, dez anos atrás, e estava de volta no domingo para alegria dos fãs.
Com uma sólida carreira internacional, os músicos de Porto Alegre demonstravam estar muito animados em tocar em São Paulo e no BMU.
A formação do Hibria conta com: Eduardo Baldo (bateria), Ivan Beck (baixo), Renato Osorio (guitarra), Abel Camargo (guitarra) e Iuri Sanson (vocal).
O vocalista agitava o público para cantar junto e se empolgarem a cada música. Quando pediu para os fãs pularem junto com ele, Iuri desceu para o meio da plateia para pular com todos eles.
Haviam pessoas que estavam ali para ver, principalmente, o Hibria. A expectativa, a alegria de ver a banda e cantar as músicas era visível durante os 40 minutos que eles estiveram no palco.
O vocalista pede para o público abrir uma roda e é atendido na mesma hora.
No setlist do Hibria estavam: “Silent Revenge“, “Lonely Fight“, “Steel Lord On Wheels“, “Blinded By Faith“, “Leading Lady“, “Pain” , “Shoot Me Down” e “Tiger Punch“.
Ao final, Iuri agradece as outras bandas, a produção do festival, o público e disse que aquele era um dia que iria entrar para a história.
É de se esperar que depois de nove horas de show, os fãs estariam cansados e desanimados. Entretanto, o público do BMU estava pronto para receber a última banda da noite.
Muitos gritavam pelo Tuatha de Danann e estavam prontos para dançar e cantar todas as músicas. Até mesmo músicos de outras bandas estavam na expectativa para a apresentação. Fernanda Lira da Nervosa comentava o tempo todo que não via a hora de dançar com os fãs as músicas do Tuatha.
Mesmo com a cortina fechada, cada som dos instrumentos tocados era motivo para aumentar a ansiedade entre os fãs.
Todos começaram a se reunir o mais próximo do palco possível e quando a cortina subiu para começar o show, uma galera estava concentrada ao centro, pulando e dançando da primeira música à última.
A banda é formada por: Rodrigo Abreu (bateria), Alex Navar (uilleann Pipes), Edgard Brito (teclado), Giovani Gomes (baixo e vocal), Rodrigo Berne (guitarra e vocal) e Bruno Maia (vocal, flautas, guitarra, bandolim e banjo).
O vocalista explica que tocaram em quase todas as edições do BMU, faltando em apenas uma e estar ali para fechar aquele evento tão especial era muito gratificante para eles.
Estavam no setlist: “We’re Back“, “Rhymes Against…“, “Land Of Youth“, “Tanpingaratan“, “The Brave“, “Dance Of The Little Ones” e “US“.
O público ainda teve a chance de conhecer, conversar e tirar foto com todos os músicos ali presente.
A Ilha do Metal agradece às bandas que estiveram no festival, a organização, o Tropical Butantã e ao Richard Navarro pelo credenciamento.
Nós esperamos que o festival tenha atingido o sucesso esperado e volte ano que vem com mais bandas da nossa cena Heavy Metal.
Categoria/Category: Sem categoria
Tags: BMU • Brasil Metal Union • Bruno Sutter • Cangaço • HeadHunter DC • Hibria • monster • Nervosa • Salário Mínimo • semblant • Soulspell • Tropical Butantã • Tuatha de Danann
Notícia mais recente: « Guns n’ Roses @ Allianz Park – São Paulo/SP (11/11/2016)
Notícia mais antiga: Heidevolk: Entrevista Exclusiva com a banda »