Biquini Cavadão: “Rock virou um nicho, quem gosta não larga”
Postado em 16/06/2017


Biquini Cavadão uma das bandas mais marcantes dos anos 80, repleto de sucesso, e fez parte da Geração do Pop Rock dos anos 80 e 90 que comandava as Rádios com sucessos como Impossível, Timidez , Vento Ventania entre outros e sempre é interessante conversar e conhecer a opinião de músicos com esse alcance.

A banda lançou seu novo CD “As Voltas Que O Mundo Dá” e como o novo show deles já está na nossa lista de melhores do ano, conseguimos um tempo na apertada agenda da banda, para trocar algumas palavras com o vocalista Bruno Gouveia,e falamos do cenário, sem o rock nas grandes , mídias, influencias e concepções de um show.

Com vocês Bruno Gouveia

A Ilha do Metal-) Primeiramente muito obrigado por atender nossa entrevista, esperamos não os perturbar muito com nossas perguntas. Vocês estão divulgando o trabalho seu novo CD, “ As Voltas que o Mundo dá”, e então perguntarei diferente, como é compor hoje um CD, depois de tantos anos de carreira, o que muda, o que facilita, ideias repetidas essas coisas?

Bruno Gouveia – ) Nosso processo de composição não está atrelado a um conceito do tipo: “vamos fazer um disco politizado ou ecológico”, por exemplo. Coelho, Birita e eu costumamos liderar as composições. Às vezes, por nossa conta; outras vezes  em parceria entre nós ou com amigos. Para o disco As Voltas Que O Mundo Dá, foram 30 músicas apresentadas. As doze mais votadas foram para o estúdio. E de lá, sairiam apenas as que a gente realmente tivesse gostado do resultado final. Foi então que fomos estudar a seleção e perceber o fio condutor que as unia. Por termos muita gente trabalhando junto, acho que conseguimos não cair em padrões, em sua grande maioria. No entanto, acho inevitável que algo soe similar, até por que minha voz não vai mudar tanto assim,  mas isso é que torna este trabalho um disco do Biquini Cavadão e não de uma banda nova, não é mesmo? No fundo, buscamos a reinvenção mas mantendo a tradição.

A Ilha do Metal-) Primeiramente um elogio ao show do Teatro Bradesco, que consideramos como um dos melhores shows de Rock que presenciamos esse ano, foi algo de outro mundo, aquela frase feita, cantar em uníssono, incendiar a plateia, ali tinha o total sentido, e vocês estreando praticamente uma Turnê, como foi aquele show para vocês?

Bruno Gouveia – )Foi um show tenso, pois tínhamos tirado férias em Janeiro. Ao voltarmos, é que começamos a trabalhar no novo repertório para o show. Não queríamos que fosse um show do Me Leve Sem Destino (o DVD que antecedeu) com algumas músicas a mais do novo. Buscamos novamente criar uma atmosfera diferenciada. Veio a idéia do momento acústico, mas com uma logística de palco específica, trazer bateria simplificada para frente e um piano também. Quanto tempo leva? Isso não quebra a dinâmica? E tivemos que fazer tudo isso no meio da tarde, várias e várias vezes até a hora dos portões se abrirem. A Adriana Calcanhoto disse uma vez que estréia deveria ser xingamento – Vái estrear, você!” – e realmente é algo que, mesmo com 32 anos nas costas, a gente fica realmente nervoso. Dito tudo isso, na hora funcionou muito bem e celebramos muito nos camarins. Foram poucas as alterações que fizemos no repertório básico, desde então.

A Ilha do Metal-) Vocês fizeram parte da geração que explodiu o Pop Rock, em toda mídia quando o Rock tocava em todas as Rádios e hoje temos outros estilos com na moda, e pergunto como vocês vivem essa diferença hoje? 

Bruno Gouveia – ) O Pop Rock, que explodiu na década de 80, perdeu espaço na década de 90 numa disputa com axé, pagode, lambada e sertanejo. A partir da década de 2000, poucas bandas novas surgiram. O funk e o sertanejo (e suas derivações) tomaram conta do dial das rádios. E o rock virou um nicho. Por outro lado, quem gosta não larga.

Para sobreviver, tivemos a nosso favor um background histórico de sucessos e os bons shows serviram sempre de referência para quem nos contratava. A luta é diária, valorizamos nosso público, nossa conquista é meio que “trabalho de formiguinha”, mas quem vive a experiência de estar num  show da banda, passa a “vestir a camisa”.

A Ilha do Metal-) Duas perguntas sobre Turnê, a primeira, uma curiosidade, vocês já tocaram em uma infinidade de lugares, teve algum que se identificou e depois quis voltar como Turista, algum llugar que a comida típica foi um desafio essas coisas, e de todos os shows qual o melhor e pior na carreira do Biquini Cavadão?

Bruno Gouveia – )Eu adoro o Brasil e a oportunidade que tenho como artista de conhecer todos os estados (Já cobrimos todos). Ainda não fui a Fernando de Noronha, mas um dia resolvo isso. Já voltei como turista a Natal, passei férias no sul da Bahia, me embrenhei pelas montanhas de Minas Gerais e na Chapada dos Guimarães no Mato Grosso.

Na parte de comida, eu confesso que adoro desfrutar da culinária local. Temos nossos restaurantes favoritos em cada cidade e fora uma sarapatel que quase acabou comigo uma vez, nunca tive problemas com comidas típicas.

Os piores shows que fiz foram justamente aqueles em que estive doente, febril, com a voz ruim. Os melhores? Ah, os melhores serão sempre os próximos 😉

A Ilha do Metal-) Gostaria que citasse, 5 discos que quando ouviu marcaram sua vida pessoal e musical e nos desse uma breve explicação para cada um?

Bruno Gouveia – ) é muito difícil dizer algo assim, mas vou tentar.

Dois, do Legião Urbana, foi um disco que me fez repensar meu modo de compor as letras e me forçou a não aceitar qualquer idéia que tivesse. O sarrafo tinha sido colocado lá no topo e eu teria que pensar sempre que cada música deveria no mínimo ser do mesmo nível, senão melhor. O Passo do Lui, A Revolta dos Dandis, Jesus Não Tem Dentes, todos estes também me instigaram, mas o que me abalou mais mesmo foi o Dois

Stop Making Sense – Talking Heads – Especialmente porque eu vi o filme do Jonathan Deeme antes. Ali estava uma banda sem virtuoses mas que sabia fazer um excelente show.

Oranges & Lemmons – XTC – eu conheci o trabalho do XTC em 1985 com o disco Black Sea, mas o O&L foi o disco que me conquistou de vez. Suas construções vocais, suas letras curiosas e arranjos me fizeram elege-lo como uma das melhores bandas que eu já ouvi na vida.

Construção – Chico Buarque – O disco traz uma sonoridade maravilhosa para o ano de 1973, inacreditável no seu equilíbrio. E as composições do Chico são nesta época o seu supra-sumo. Sempre aprendo algo quando eu o ouço.

A Collection of Beatles Oldies But Goldies – the Beatles – Este foi um dos primeiros discos que ganhei, quando tinha onze anos. Na verdade, uma fita cassete. Eram sucessos tão diferentes que eu achava que era uma compilação com vários artistas. Não podia crer que quem cantava Michelle era a mesma banda que compôs Can’t Buy Me Love e Yellow Submarine. E, claro, aquele ritmo deles me ganhou o coração.


A Ilha do Metal-) Vou voltar a Turnê, pois no show do Teatro Bradesco, quando mencionou sobre o nome da disco e como a vida pode mudar em questão de minutos, tinha um casal de senhores de idade do meu lado, que imediatamente ambos começaram a chorar, e claro que nós foi quase que imediato juntos, alguns músicos conseguem expressar em palavras sentimentos comuns a todas as pessoas, e como é para vocês comporem sobre isso, e se teve alguma letra que foi difícil de compor e tocar ao vivo?

Bruno Gouveia – ) Arco-Iris foi a música anunciada, uma trip densa falando sobre uma crise conjugal. Mas ao falar, me referi a todo tipo de mudança (boa e ruim) e buscamos nas composições sermos o mais verdadeiros possível. Nossas músicas também doeram em alguns momentos. Vivi separações e perdas difíceis,  em que canções como Impossível, Em Algum Lugar No Tempo, Escuta Aqui e até Vento Ventania foram difíceis de serem cantadas, mas tirei forças sabe-se lá de onde para ir até o fim. Nessas horas, eu respiro fundo e sigo. Se for preciso, depois, eu choro nos bastidores.

A Ilha do Metal-) Vocês tocaram no mesmo lugar, de certa forma a pouco tempo, e como já disse com um show fenomenal, e agora, queremos mais, então pergunto como nos surpreender? Set diferente? Covers diferentes, e já adianto não queremos aquela resposta, aguarde surpresas, mas sim como se prepara para um show desse, com essas características?

Bruno Gouveia – ) O show traz pequenas mudanças, até porque a gente acredita que a grande maioria presente estará vendo o show deste novo disco pela primeira vez. Mexemos em alguns arranjos, coisas simples. Sentimos a necessidade de alterar a ordem de algumas músicas também. Ontem, um fã que havia nos visto em Abril e foi no show novamente, entrou no camarim dizendo que não sabia dizer o que tinha acontecido exatamente – já que o set list não havia mudado muito – mas que o show estava diferente. Isso nos alegrou. Com certeza, o show tá mais redondo e a cobrança, sim, existe para cada show. Especialmente voltando ao mesmo palco em tão pouco tempo.

A Ilha do Metal-) A performance de vocês no palco é outra de se destacar, ela nunca mudou, sempre foi bem agitada, de onde vem inspiração, mas resumindo perguntaria, o que é um show de rock para vocês?

Bruno Gouveia – ) Meus ídolos sempre fizeram shows com participação do público: Herbert Vianna, Freddie Mercury, Peter Gabriel,  como não pensar em algo assim para o próprio show? Eu tenho a convicção de que no palco funcionamos como antenas. Antenas que transmitem energia para um público, que a amplifica e que nós captamos com nossas …. antenas! Para saber transmitir e receber ao mesmo tempo, é necessário que tenhamos esta sintonia fina com o nosso público.  E a cada noite, você entra no palco e tenta sintonizar esta transmissão. Quando consegue, o resultado é espetacular.

A Ilha do Metal-) Muito obrigado pela entrevista, esperamos não ter atrapalhado muito a vida corrida de vocês, envie uma mensagem aos seus fãs. 

Bruno Gouveia – ) Agradeço a entrevista tão bem estruturada. Num universo em que as perguntas sempre caem num valão comum, é ótimo responder um questionário assim 😉

abraços

Bruno Gouveia

A ILHA DO METAL tem o Apoio Cultural da T4F – SOLID ROCK FESTIVAL

SOLID ROCK – DEEP PURPLE, LYNYRD SKYNYRD E TESLA
Cerveja Oficial: Heineken
Realização: TIME FOR FUN

CURITIBA (PR) – Pedreira Paulo Leminski

Data: Terça-feira, 12 de dezembro de 2017
Ingressos: de R$ 145 a R$ 660 (ver tabela completa)
Pela Internet: www.ticketsforfun.com.br
Retirada na bilheteria e E-ticket – taxas de conveniência e de entrega.

Pontos de venda no link: http://premier.ticketsforfun.com.br/shows/show.aspx?sh=pdv

SÃO PAULO (SP) – Allianz Park

Data: Quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
Ingressos: De R$ 130 a R$ 580 (ver tabela completa)
Pela Internet: www.ticketsforfun.com.br
Retirada na bilheteria e E-ticket – taxas de conveniência e de entrega.

RIO DE JANEIRO (RJ) – Jeunesse Arena
Data: Sexta-feira, 15 de dezembro de 2017.
Ingressos: de R$ 125 a R$ 650 (ver tabela completa)
Pela Internet: www.ticketsforfun.com.br
Retirada na bilheteria e E-ticket – taxas de conveniência e de entrega.

 

 

 

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