Virada Cultura @ Arouche/Rio Branco – São Paulo/SP
Postado em 22/05/2019


Virada Cultural – A Cultura espalhada por toda São Paulo.

Existem muitas críticas a Virada Cultural, é claro todas são válidas, pois nos fazem refletir, por exemplo, se o custo dos cachês são realmente compatíveis com os artistas, se a virada está na pasta da cultura para entreter a população ou para tapar buraco ou tudo que envolve a Política no Brasil, porém quando se anda pelo centro de São Paulo, onde se encontra a maioria das festas ou palcos, é nítido que para muitos que ali estão, essa é a única oportunidade de ver determinado artista, seja qual for o estilo musical, ou visitar algum Museu, ou ainda conhecer e ver um Teatro e isso deve ser sim muito valorizado, pois se trata da Cultura de nosso país e isso é a base para um país melhor, que no final é o que queremos, mas isso é outra história.

Mas chega de mi mi mi e vamos ao evento! Vendo a oportunidade que é a Virada e curiosidade pessoal que tínhamos, optamos por assistir e cobrir também alguns shows inesperados para um site nominalmente voltado ao Rock, e com isso tivemos a ideia de rodar o centro até que chegamos no Palco do Largo do Arouche, onde tradicionalmente temos alguns shows considerado “bregas”.

Genival Lacerda

Ao chegarmos, encontramos no palco, nada menos que Sir Genival Lacerda, que para aqueles que não o conhece, esse senhor de 88 anos, em 2017 recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Presidente da República da época por todos sua obra e serviço prestados a música brasileira. Somente isso!

Aquele forrozão bravo, o bão, não aquele universitário comeu quente e quando ele ainda toca “Rock do Jegue”, que tem na letra, “De quem é esse jegue… que quem é esse jegue…”. O sorriso das pessoas que estavam no palco era nítido e eu pensava o que é Brega? Esse senhor quase centenário que ainda detona no palco, ou um ex-integrante de banda Pop que estava no palco rock, provavelmente podendo ser vaiado?

A nossa preferência era clara, ver algumas lendas que fazem a diversão do brasileiro, fortalecendo a cultura ou qualquer coisa assim é muito mágico e como não é o tipo de show que acompanhamos toda semana era algo de se encher os olhos.

Canções de duplo sentido como “Chevette”, sendo bem cantadas e sem qualquer reclamação por ter conotação sexual, fazia a alegria do público e isso que importa.

Existia no show, um tradutor de libras, que é a linguagem de sinais de pessoas com deficiência auditiva e volta e meia ele brincava com o tradutor. Sensacional!

“Severina Xique-Xique” (Ele Tá de Olho é na Boutique Dela) foi a última música, e quando saiu, foi muito aplaudido pela plateia. E como para gente tudo era novo, até fotografamos ele já dentro da Van saindo para o mais que merecido descanso e a foto colocamos aqui embaixo, já que a mesma não é o que usualmente postamos.

Que músico sensacional é esse senhor! Merece todo o respeito conquistado em décadas de palco.

Trem da Alegria

Agora uma pergunta, quantos rockeiros aqui lendo isso, ou mais novos que tenha o pai ou mãe que ensinou vocês a ouvir rock? E esses “coroas” já na faixa dos quarenta e tra lá, lá não começaram a ouvir música através dos antigos grupos infantis? O Trem da Alegria era um dos de maiores sucessos na época e tivemos a honra de ver isso ao vivo no sábado.

Patrícia Marx e Luciano Nassin quiseram reviver a época e criaram o Trem da Alegria Celebration, onde tocam os sucessos de seu antigo grupo e seria apresentado pela primeira vez ao vivo naquela noite, para depois então começar a tour nacional.

Após a introdução, lá estava a banda no palco, e começam com um dos maiores sucessos, e posso garantir a vocês, não existe metaleiro trevoso quando toca “Piui Abacaxi” e “É de chocolate”. Essas foram as duas primeiras músicas e ao olhar para o lado, todos dançando e pulando, amigos de outros sites de Rock, fotógrafos, repórteres, convidados, seguranças, pessoas do cast, algo que sinceramente nunca havia vivido.

E a energia que ambos passavam a plateia, era de uma positividade absurda, não tinha como colocar defeito, eles brindavam o público com o que o público esperava e o que é isso para uma festa popular, algo que beira a perfeição.

Sempre se interagindo não parecia nada que estavam trabalhando e sim se divertindo e isso que pareceu nessa reunião, claro que tem o aspecto do show business, de tudo que envolve, mas penso que eles se encontrarem para dividir um palco querem mais curtir aquilo que não poderiam talvez fazer quando ainda eram bem mais jovens.

Ver aquelas músicas que faziam grande sucesso, claro que a sensação é nostálgica, porém raro alguém hoje conseguir feito parecido nos dias de streaming, e ver eles cantando clássicos como “Thundercats”, não parecia que a música tinha tanto sucesso, era na época como aquelas lado B que só você gostaria de ver em um show, porém como o Arouche cantava era de fazer a família da Série Sai de Baixo quase aparecer no palco.

Luciano vem a frente e fala que sempre quis cantar a música e tinha sido gravado pelo seu amigo Juninho Bill mas aquele dia quem cantaria era ele ia ser um baita rock’n’roll, cantando “Xa, Xe, Xi, Xo, Xuxa”, e dá-lhe uma versão mais rock conforme foi prometido.

Os dois brincam e se divertem o tempo todo, se brincam que se paqueravam, mas Luciano era muito mulherengo jogando charme até para a empresária. E como mencionamos, a diversão era plena, você mesmo se tivesse ali com a cara mais fechada, nessa altura, estaria realmente contagiado. E claro nessa mistura de paquera entre “crushs” usando termos atuais, tocaram “Para Ver Se Cola” e Patrícia brincou “Certeza que vocês cantaram muito essa música”.

Você deve estar se perguntando, tocaram “He-Man”? Mas é claro pequeno samurai, grande parte dos clássicos foram deixados para o fim, e claro que este foi um dos pontos altos da apresentação.

Claro que sabíamos que já estava chegando ao fim, Luciano brinca que o Trem da Alegria vai seguir viagem apresentando assim “Uni Duni Tê” que é a música que fala sobre a banda, uma coisa rara hoje em dia de se escrever sobre a banda e ali termina um show, que decididamente estará na nossa lista de melhores shows. Foi inacreditável a energia deles! Se apreciar show sem radicalismo não perca quando tiverem oportunidade.

Só um detalhe, a banda organizou um pequeno Meet & Greet atendendo fãs no backstage entrando de 4 em 4 fãs, mais um detalhe de como tratar quem gosta do seu trabalho.

Hora de sair correndo e ir ver finalmente a banda Garotos Podres no Palco Rio Branco onde passaríamos o resto da manhã.

Garotos Podres

Chegando lá, finalmente viria a banda com o vocalista Mao, que quem viveu os mesmos anos 80 lembra do impacto do primeiro LP da banda no Rock Nacional.

Ao chegar no palco a banda estava na segunda música, aquele som mais que característico da banda, com um ska muito bem feito, consistente e que merecia muito mais sucesso comercial.

Atualmente formado por Mao (Vocal), Deedy (Guitarra), Uel (Baixo) e Tony Karpa (Bateria), no palco era o representante de toda uma excelente geração Punk que temos no Brasil.

Fomos brindados com clássicos como, “Vomitaram no Trem”, “Johny” ou “Rock de Subúrbio” e era bem mágico ver isso ao vivo, o show estava sensacional, mas uma coisa pessoalmente incomodava.

Tinha acabado de sair do show com uma positividade monstra e quando começou propriamente o discurso político da banda, pareceu uma coisa negativa se contrapondo, mas claro que temos ciência das letras e estava até esperando por muito mais do que realmente foi.

Mao é professor universitário de história e militante de esquerda, e bem conhecido por suas maravilhosas e ácidas letras, então antes de cada música um pouco da história da letra, do compositor e do que se tratava e assim foi com “Avante Camarada” onde pediu e claro foi bem atendido por todos levantando o punho ao alto.

Vindo com “Grandola, Vila Morena”, música que conhecemos mais pelo 365 ter popularizado a música, Mao lembrou que ela marcou o início de uma revolução em Portugal quando foi tocada em determinada Rádio.

“Aos Fuzilados da CSN” lembrou o massacre da Siderurgia e dedicou a música a todos os trabalhadores, e essa era uma das que realmente eu queria ver ao vivo. “Um Grito em Meio à Multidão” cai bem ao que vivemos hoje ( como nós do site não temos políticos de estimação a música serviria para as antas dos catastróficos últimos 6 anos governados pelo partido que “representa” a esquerda, ou os últimos “2 anos e meio”, com representantes de “direita” que não mudaram uma vírgula do caos que vivemos. Político é político e vice-versa).

A dobradinha “O Mundo Não Para de Girar” e “Anarkia Oi”, essa última do primeiro disco, era surreal ver ao vivo, e no final de “Repressão Policial” os gritos já quase que “obrigatórios” de “Ei Bolsonaro, vai tomar no …”. Que claro ninguém da banda falou algo pois certamente é algo bastante recorrente ou palavra de ordem durante os shows.

Claro que o final não poderia ser outro com Mao de chapeuzinho do bom velhinho cantando “Papai Noel Velho Batuta”, finalizando um baita show de Punk Rock no melhor estilo e como deve ser.

Como ficaríamos para ver o Sepultura, e ainda tinha um bom tempo até a hora do show, resolvemos dar uma volta e comer um “podrão” e vi 4 pessoas pedindo foto na van com a banda, mas o motorista acabou acelerando e todos ficaram sem fotos.

Sepultura

Os bastidores pouco antes do show estavam a mil, afinal a produção do Sepultura arrumando o palco e no mesmo horário o pessoal do próximo show que seria a Pitty também já se organizando.

Tinha uma outra movimentação esquisita e quando percebi, era o prefeito de São Paulo, Bruno Covas com uma peita do Sepultura dando entrevista a algumas rádios e bem rodeado dos seus assessores.

Com os precisos 15 minutos de atraso comuns aos shows do Sepultura, começaram tocando “Policia” para agitar o público e em seguida a introdução da maravilhosa “The Curse”, com todos ao palco, começam destruindo com a faixa título do seu primeiro EP o split “Bestial Devastation”, e ainda sem palavras a faixa que tem a melhor intro do Sepultura. A fora de série, “Troops of Doom”, e o som nessa hora estava absurdo de alto, fazendo qualquer show do Manowar parecer sempre estar no volume mínimo, a pele chacoalha, o público bangueando e pogando, estava tudo muito no extremo, porém com uma equalização perfeita.

Com a terceira faixa, “Escape to the Void” ficou claro que não tocaram uma de cada um de seus três primeiros lançamentos e sim tocaram a melhor faixa de cada play.

Falamos de política acima, e claro que o Sepultura fez a crítica que se deve, que com o atual cenário de caos do Brasil, Derrick com uma camisa escrito “Stop Glorifying Rats” que certamente dispensa tradução e assim que todo artista deveria se posicionar politicamente.

Na sequência, duas pedradas, “Dead Embrionic Cells” e “Territory”, onde até acho que nos últimos tempos o Sepultura tem a tocado um pouco mais devagar do que tocava antes, mas pode ser apenas uma percepção errada nossa.

Ora de fazer o público cantar “…..Can you Dig, Can you dig…..”, e lá tínhamos “Attitude”, e naquele momento, já estava falando “nossa que show fodástico”, e Andreas vem a frente e cumprimenta o mar de gente que estava no Palco Rock, e explica a ideia do show de tocar pelo menos uma música de cada play e a próxima era do primeiro disco de Derrick que já está na banda há 21 anos, e tocam a faixa título “Against”.

“Sepulnation” um dos clássicos da era Derrick também foi tocada, lembrando bem a época do Rock in Rio 2001, quando a banda tocou no lançamento do CD e estava representando o Metal Nacional em setembro no nosso maior festival.

“Corrupted” e “What I Do”, mais duas pedradas, e como é bom ver que a banda está voando fazendo excelentes shows, Derrick, Andreas, Paulo e Eloy, são quatro monstros que bem sabem o que representam juntos quando estão em cima de um palco.

Mais lenta, porém muito forte “Káiros”, também faz todos cantar o refrão da música com o punho para cima, e como essa música é foda, sempre achei que ela trouxe uma sonoridade nova para o Sepultura na época do seu lançamento.

Tecnicamente conforme a foto que tiramos do setlist agora iniciaria o bis, e Derrick perguntam se querem uma música old school, e lá tivemos “Arise”, e depois mais de 11 horas da madrugada e todos pulando aos primeiros Riffs de “Refuse/Resist”, fenomenal!

A tampa do caixão foram as esperadas “Ratamahatta” finalizando com “Roots” que certamente talvez pela proposta do Show achei um dos, senão falar o melhor show Sepultura ao lado do primeiro que vi (Pacaembu 1991).

Simplesmente Sepultura do Brasil.

The Curse
Bestial Devastation
Troops of Doom
Escape to the Void
Beneath the Remains
Dead Embryonic Cells
Territory
Attitude
Against
Sepulnation
Corrupted
What I Do!
Kairos
Phantom Self

Arise
Refuse/Resist
Ratamahatta
Roots Bloody Roots

Evento Fantástico, que só temos aplauso, pois sim vimos muita segurança na rua, agradecemos não ter visto ou vivido nada de ruim, e esperamos que o evento cresça e que nossa cultura ganhe com isso.

Próximo show Pitty, mas “nosso trem tinha que seguir viagem ao nosso sonho encantado”, afinal qualquer rolê que comece com Rock do Jegue, tenho no meio Piaui Abacaxi , Papai Noel e termina com Refuse e Roots é certeza que foi bom..See you next year Virada Cultural…

 

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