Texto – Lucas Amorim Passos
Fotos – Aline Narducci
O Knot Fest Brasil nos trouxe com toda certeza ótimos shows paralelos que movimentaram muito a Capital de São Paulo ao longo desta semana, apelidada de Metal Week a semana teve início com o Trivium oferecendo um espetáculo de matar no Cine Joia, na última quarta-feira (14), e na sequencia um dos eventos mais esperados do ano ocorreu no Espaço Vibra, na Zona Sul da Capital, que recebeu na última quinta (15) shows da lenda Judas Priest e do tributo (estelar em sua formação) ao Pantera com Zakk Wylde (guitarra) e Charlie Benante (bateria) respectivamente nas vagas de Dimebag Darrell e Vinnie Paul.
O show teve início com o aguardado tributo ao Pantera, e na companhia do vocalista, Phil Anselmo, um balde de água fria para muitos, já que após muita especulação este citado, realmente foi o único membro da banda presente na noite nesta formação que veio ao Brasil. Isso porque, o baixista original Rex Brown, que todo mundo queria ver, pegou Covid dias antes de embarcar para a turnê brasileira, abandonando o barco a força, e com isso a formação se completou além de Phil, com Zakk Wylde (guitarra), o substituto Derek Engemann (baixo) e Charlie Benante na bateria.
Polêmicas a parte o espetáculo teve início por volta das 20:30, e no palco a coisa foi melhor que o esperado, a banda tocou muito bem em suas proporções as músicas que se propuseram a fazer, e no setlist, não faltaram hinos como “Five Minutes Alone”, “Mouth for War”, “I’m Broken”, “Fucking Hostile”, “Cowboys from Hell” e a icônica “Walk”…. mas vamos lá e musicalmente falando ??… as canções estavam muito bem arranjadas, o timbre era outro sim, tinha diferença, tinha, mas as músicas tocadas tinham peso e tinham o feeling de Zakk que sabe mandar bem onde quer que esteja.
Já Phil, estava bastante interativo, o vocalista agradeceu muito o público em vários momentos do show, e se mostrou muito impressionado com a quantidade de presentes durante aquela noite que estavam ali com camisetas do Pantera especialmente para ver sua Banda. O palco contava com fotos em homenagem aos ex integrantes do Pantera e a plateia se encarregava de ovacionar muito cada vez que o Vocalista citava o nome dos caras.
Falando de sua voz que ainda é referência para muitos vocalistas, quando o cara solta pra valer, não tem como não se arrepiar, e isso me deixou bem feliz, já que sabemos que o Phil tem essa fama de não levar muito a sério algumas apresentações ao vivo, porém em SP, isso não ocorreu, já que a banda deu tudo de si, se saindo todos muito bem, inclusive Phil com aqueles famosos rasgados que tanto o consagraram, é claro que nem tudo são flores, o cara não aguenta mais músicas como “Cemetery Gates” por exemplo, que ficou fora do set e teve uma palhinha rolando apenas de estúdio, ao fundo, enquanto os caras tomavam uma água, porém não podemos criticar, pois sabemos que os anos chegam pra todo mundo e não seria diferente pra ele.
Zakk e Charlie dispensam comentários, esse primeiro, amigo e admirador de Dimebag, fez o show no seu ritmo, sem copiar, sem querer ser a fotocópia do lendário guitarrista, ele fica lá no canto direito, destrinchando seus riffs, no seu timbre, do seu jeito e com a sua personalidade, ele veste a música com seu estilo, e essa autenticidade do cara é louvável, já o baterista é como um relógio suíço, preciso, ajustado e sempre no ritmo, o substituto de Rex Brow, no baixo, (o Dereck), o menos cobiçado pelos fotógrafos e pela plateia, também se saiu muito bem, não vamos ser injustos não é?
Mas e aí ? Valeu a pena ?? Meu amigo valeu e muito, cada segundo e cada acorde foi incrível, a magia de ver as canções do Pantera ao vivo com uma banda tão competente arrepiou não só esse que vos escreve mas milhares de pessoas que lotavam o Espaço Vibra, o Pantera é gigante, seu legado é gigante, sua energia é gigante, então nada mais justo que uma reunião em proporções gingastes para homenagear essa que é com toda certeza uma das Bandas mais impressionantes e importantes de todos os tempos, e eu não vejo ninguém fazendo um trabalho póstumo melhor que isso.
Mas se você acha que acabou, ainda estava longe do fim, pois tínhamos ainda os mestres do Judas Priest e seus mais de 50 anos de experiência para fazer o encerramento dessa mágica noite, e todo mundo na pista gritava “Priest, Priest”, quando as luzes se apagam e o gigante logo da banda começa a flutuar no palco, e a banda ingressa começando a noite já com “The Helion” e “Electric Eye”, aí segura a emoção não é mesmo?… pois, a partir do momento que a banda está no palco, você tem que respeitar e eu vou te falar o porque.
Não é todo mundo e nem toda banda que com mais de 50 anos de carreira segura tão bem uma apresentação de 1:35 com tanto gás igual esses jovens senhores, é tão fácil escrever sobre Halford e companhia, ainda mais em um set list que a Banda manda 5 músicas do imortal “Screaming for Vengeance”, sendo elas a própria homônima, “Devil’s Child”, “Riding on the Wind”, “You’ve Got Another Thing Comin” além da citada faixa de abertura, isso que é um set list pra ninguém botar defeito.
Rob Halford ao vivo a cada apresentação prova o porque é considerado um dos melhores vocais de todos os tempos, sim a sua voz as vezes falha, mas convenhamos que ele pode ter esse luxo em sua idade, e mesmo assim o show é corrido, é rápido a banda não desacelera, tocam na mesma velocidade de sempre, isso me deixa totalmente boquiaberto, tamanha disposição dessas lendas absolutas do Heavy Metal, apesar de se comunicar pouco com a plateia, Halford é um gigante de presença de palco, hipnotizando o público a cada canção magicamente executada.
A banda entregou muito durante toda a sua apresentação, como disse acima, sem enrolação, com uma música atrás da outra, ou seja, menos palavras e mais ação. E falando um pouco da banda, essa possui uma capacidade técnica incrível, com um entrosamento milimétrico com ponto alto em especial ao trabalho nas guitarras de Richie Faulkner, felizmente totalmente recuperado de sua cirurgia e em ótima forma. O guitarrista foi extremamente carismático com o público, incluindo a distribuição de suas palhetas para as pessoas com deficiência que estavam na sua frente durante o show, além é claro de ser um showman com suas caras e bocas.
Resumo do show ? Uma aula de como fazer Heavy Metal, um demonstrativo de como se fazer música ao vivo, uma palestra de como se deve ser um show de música pesada, poderia aqui destrinchar adjetivos para essa apresentação, porém quem lê sabe da importância, da experiência e da qualidade que o Judas possui, e então eu seria deveras redundante, por isso, apenas afirmo de coração aberto que essa resenha se resume há apenas uma afirmação, veja o Judas todas as vezes que puder, pois o tempo está acabando e você pode se arrepender, já que dificilmente teremos outra banda nesse nível, viva a música pesada, Viva o Judas Priest, sinônimo de qualidade e referência absoluta quando o assunto é Heavy Metal.
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