Lords of Chaos: a história mais alucinante do metal
Postado em 26/01/2025


O grande problema que sempre se pôs em torno do Mayhem, a banda noruguesa do final dos anos 80 que colocou o black metal no mapa, é que a sua história é tão alucinada e mirabolante que a sua música ficou sempre em segundo plano.
Autores não só de Freezin Moon, hoje considerado um clássico do subgênero, tal como seu álbum de estréia De Mistheriis Dom Sathanas de 1994, três bons anos antes do sinistro Cannibal Corpse eles cometeram algo como “Chainsaws Gutsfuck – contendo gloriosos versos como Maggots crawling in her cunt/I just love to lick that shit.

Neste sentido a divertida e violenta recriação de Jonas Akerlund, que antes de se tornar um diretor de videoclipes de renome internacional foi baterista de um dos pilares da cena black metal, a sueca Bathory, não ajuda muito. A música importa menos em Lord of Chaos: o que se pretendeu foi contatar a história de um empreendedor nato que cria um movimento que perde completamente as estríberas.

O enfoque levemente humorístico (feito para atenuar a tragica realidade),não quer dizer que não ilumine alguns aspectos como a vida de Euronymous (Øystein Aarseth), o guitarrista assassinado da Mayhem e o grande gênio do marketing da coisa toda.Ou pelo menos até que ele próprio começasse a ficar assustado com as dimensões dos atos que inspirava desde o infame movimento de queima de igrejas que assolou a Noruega entre 1992 e 1996, até um homicídio gratuito de um homossexual num parque cometido pelo lendário baterista Faust, na época Emperor.

Todo mundo sabe os factos notórios a forma como Euronymous infamamente fotografou os miolos do depressivo e suicida Dead, o primeiro vocalista da banda Mayhem e usou na capa de um álbum, o seu assassinato pelo baixista do grupo e primeiro contratado da loja e selo do guitarrista, Varg Vikernes (que cumpriu 15 anos de pena pelo homicídio, ao mesmo tempo que se tornava um supremacista branco fanático) e outros fatos lendários – como o dos membros da banda supostamente usarem pedaços do crânio de Dead pendurados ao pescoço.

Akerlund até considerava Euronymous melhor marketeiro do que músico, descrevendo – o como um verdadeiro empreendedor que com apenas 25 anos, já tinha fundado uma banda, uma loja de discos e uma gravadora. Na procura de humanizar essas figuras, o cineasta mete – o a cortar o cabelo mais para o final, enquanto apaixonava – se e tentava – se livrar por contrato do sinistro Varg. Quanto a esse, fica o verdadeiro posto de bobo da corte, quando tentar arranjar um escândalo e aparecer na imprensa e é ridicularizado pelo jornalista convidado para entrevistar.

“estou a ver que é pagão, satânico e também nazi. É um vasto leque de crenças”.

Mas meu nível de loucura não devia ser subestimado, nada mais perigoso que um idiota que leva como profissão de fé a invenção de um imaginário. E caberia a Euronymous pagar a fatura.

 

Categoria/Category: Cinema · Coluna do Ale · Notícias


TOP