BMU – Brasil Metal Union @Tropical Butantã – São Paulo/SP (13/11/2016)
Postado em 25/11/2016


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Resenha e fotos: Tamira Ferreira

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O último domingo (13/11) foi dedicado a celebrar o metal nacional. O Brasil Metal Union foi criado em 2000 com o intuito de divulgar a cena Heavy Metal brasileira e teve seis edições ao todo. Terminando suas atividades em 2006.

Em 2016, o BMU está de volta para uma edição especial de comemoração de dez anos de seu último festival reunindo bandas de todos os lugares do Brasil e de diferentes vertentes do estilo.

Chegamos ao Tropical Butantã, local que foi realizado o festival, às 12h50 e do lado de fora já era possível ouvir o hino nacional brasileiro sendo tocado antes de começar as apresentações.

A primeira banda a tocar era a Soulspell. Um projeto de ópera rock criado pelo baterista Heleno Vale no interior de São Paulo, mais especificamente em Lençóis Paulista.

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A Soulspell não possui uma formação fixa, trocando sempre seus vocalistas. Para o show de São Paulo, estavam: Heleno Vale (bateria), Daniel Guirado (baixo e vocal), Leandro Erba (guitarra), Sérgio Pusep (guitarra), Rodrigo Boechat (teclado), Jefferson Albert (vocalista), Daisa Munhoz (vocalista), Talita Quintano (vocalista), Pedro Campos (vocalista) e Victor Emeka (vocalista).

Os integrantes esbanjavam simpatia e energia em cima do palco, interagindo o tempo todo com o público que cantava as músicas e agitava o tempo durante o show. Até mesmo aqueles que não conheciam a banda, estavam satisfeitos com a apresentação.

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A sintonia entre vocalistas e músicos era marcante durante toda a performance e cada voz possuía um estilo único, casando entre si durante as músicas.

Estavam no setlist da Soulspell as músicas: “The Entrance“, “Labyrinth“, “Troy”, “Adrift“, “Dead Tree, Age Of Silence” e “A Secret Compartment“.

O ponto forte do festival era a pontualidade. A equipe tinha 20 minutos para trocar os instrumentos enquanto uma cortina branca que ficava à frente do palco passava apenas clipes de bandas nacionais para a plateia que esperava a próxima atração.

Segunda banda a se apresentar foi a paulistana Salário Mínimo.

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Criada nos anos 80, a Salário Mínimo é considerada pioneira no cenário Hard/Heavy nacional.

Formada por China Lee (vocal), Daniel Beretta (guitarra), Junior Muzilli (guitarra e voz), Diego Lessa (baixo e voz) e Marcelo Campos (bateria), a banda avisa que naquela tarde as canções serão apenas dos anos 80, tocando os clássicos da banda.

Entre uma música e outra, o vocalista brinca com o público dizendo que eles não estavam acostumados a tocar tão cedo, ou perguntando se os fãs já tinham almoçado porque a produção não tinha dado comida para eles. China também explica sobre a composição da música “Dama da Noite”, fazendo todos no lugar rirem das histórias por trás da composição.

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Porém, China também comenta da dificuldade de uma banda de manter no metal brasileiro quando as pessoas preferem pagar uma fortuna em shows internacionais à pagar pra ver as bandas locais. E ressaltou que quem estava lá eram os verdadeiros fãs.

O show teve duas participações especiais, ‘Paul X’ da banda MonsteR e ‘Carlinhos Anhaia’ (Guitarrista e diretor musical em São Paulo).

A canção “Noite de Rock” para um fã que veio da Bahia especialmente para o show.

Contavam também no setlist da Salário Mínimo as músicas: “Delírio Estelar“, “Beijo Fatal“, “Anjos Da Escuridão” “Jogos De Guerra” e “Cabeça Metal“.

O lugar estava cheio e a cada hora chegavam mais fãs para o evento. Mais uma vez a cortina se abaixou e todos se preparavam para a entrada da banda Cangaço.

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Quando a cortina subiu, os primeiros a entrarem no palco foram o baterista Mek Natividade e o baixista Magno Barbosa Lima, o último a entrar foi o guitarrista Rafael Cadena segurando um lampião.

Os músicos se apresentaram como “Cangaço do Brasil”, deixando de lado o regionalismo e mostrando que a proposta da banda era falar sobre os brasileiros e para os brasileiros. Eles também expressaram o prazer de vir do Recife fazer parte daquele evento.

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O baixista e vocalista Magno lembrou ao público que naquele dia fazia um ano da chacina em Paris na casa de shows Bataclan e comentaram sobre intolerância religiosa. O músico também comentou sobre o atual estado político brasileiro falando que “um pais é muito mais que o estado que o governa”.

A banda tem um estilo particular, fazendo mistura de ritmos populares brasileiros com o Heavy Metal. Um forte exemplo disso é a versão de “Cavalos do Cão” de Zé Ramalho.

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Contavam no setlist as músicas: “Nação“, “Arcabuzado“, “Al Rasif“, “Rondon“, “Arretado“, “Bombardeio“, “Corpus” e “Cantar às Excelências“.

O Cangaço termina o show com a frase: “Viva o Brasil, viva a união!

Entre o público do BMU estavam músicos de várias outras bandas paulistanas para representar o metal nacional e apreciar os shows daquele dia. Como a dos curitibanos do Semblant.

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Muitos fãs estavam usando a camiseta oficial da banda e demonstravam ansiedade enquanto os músicos se preparavam para subir ao palco.

Os integrantes Thor Sikora (bateria), J. Augusto (teclado) e Sol Perez (guitarra) já começavam a tocar a primeira canção quando uma dançarina interpretava a canção. Logo após foi a vez dos vocalistas Sergio Mazul e Mizuho Lin entrarem ao palco, para delírio do público.

Sergio agradece a todos que estavam ali e diz que era muito importante para eles aquele momento de comemorar os dez anos de BMU e de Semblant. Também agradeceu a oportunidade de tocar em São Paulo, que não eram muitas.

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A banda estava lançando seu mais recente álbum “Lunar Manifesto” e mostrando as canções principais para o público presente.

Estavam presentes no setlist: “Dark Of The Day“, “Mists Over The Future“, “Ode To Rejection“, “The Shrine“, “What Lies Ahead“, “Bursting Open” e “Incinerate“.

Antes de tocar “What Lies Ahead”, a banda explica que é uma música que conseguiu 7 milhões de visualizações do clipe no youtube, de forma independente e sem forte divulgação. O vocalista Sergio Mazul explica que isso pode parecer pouco para algumas músicas duvidosas que ouvimos por aí, mas é uma grande conquista para o rock nacional.

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A próxima apresentação da noite era a banda solo de Bruno Sutter. Conhecido nacionalmente como o Detonator da banda Massacration e como integrante do programa Hermes e Renato da MTV, Sutter estava apresentando seu mais novo trabalho e primeiro álbum solo autointitulado.

Estavam com Sutter, o músicos Christian Oliveira (bateria), Attilio Negri (guitarra), Matheus (guitarra), e Luis Mariutti (baixo).

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Vale ressaltar entre os integrantes de Sutter o baterista Christian Oliveira, filho de Rodrigo Oliveira da Korzus, e grande músico mesmo com apenas 18 anos. E Luis Mariutti, um dos maiores baixistas brasileiros e membro de grandes bandas do metal nacional como Angra e Shaman. Sutter fazia questão de ressaltar a qualidade de seus músicos e sua felicidade de ter Mariutti, seu grande ídolo, no palco com ele. Aliás, o baixista teve apenas uma semana e meia para aprender todas as músicas do setlist.

Praticamente todos que estavam no BMU, sabem que é Bruno Sutter, porém era a primeira vez vendo seu projeto solo para muitos. Bruno diz que é foda ouvir músicas que não conhece, mas esperava que o público gostasse e depois do show fosse comprar o CD na banquinha de merchandising.

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Aliás, ao fundo do Tropical Butantã havia um espaço dedicado a vender camisetas e CDs das bandas presentes nos shows, além das oficiais do BMU. Bruno Sutter ficou grande parte do tempo do festival naquela área para atender os fãs e vender seus produtos oficiais.

Durante o show, o vocalista explica que para fazer metal no Brasil é preciso ser de forma independente e sem gravadora. E quem já sofreu muito com os “haters” e comentários maldosos de pessoas achando que ele só levava o Heavy Metal na brincadeira, mas que para ele aquilo era muito sério e que ele ama o metal e estar no palco.

As músicas tocadas durante o show foram: “My Boss Is A Corpse“, “GrAttitude“, “Stalker“, “Socorro“, “Provoke Yourself“, “Haters Gonna Hate“, “Best Singer” e “Galopeira“. A última sendo um clássico da música sertaneja tocada em versão Heavy Metal.

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Já era por volta das 18h quando o HeadHunter DC subia ao palco.

Banda criada na Bahia tem em sua formação os músicos: Daniel Brandão (bateria), Zulbert Buery (baixo), George Lessa (guitarra), Paulo Lisboa (guitarra) e Sergio Baloff Borges (vocal).

A banda é pioneira no Death Metal brasileiro e já entra ao palco com uma introdução e a voz do vocalista gritando: “Salve o Metal da morte”.

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Os músicos não queriam que os fãs ficassem parados, agitando o tempo todo e pedindo para todos baterem cabelo e abrirem uma roda.

No meio do show, Sergio pede para o público gritar “hey”, o mais alto que eles puderem e é atendido pela plateia, porém o vocalista rebate: “tá legal, mas dá para melhorar”. O coro do público gritando “hey” preenche todo o Tropical Butantã e satisfaz o pedido do músico.

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O frontman expressa as dificuldades de uma banda de metal nacional se manter na cena, entretanto, ressalta que o HeadHunter está a 30 anos na estrada sem nunca ter acabado e completa com: “Se depender de cada um de vocês a gente consegue fazer o metal acontecer”.

Faziam parte do setlist os maiores clássicos da HeadHunter como: “Death Of Heresy“, “Stillborn Messiah“, “…And The Sky Turns To Black…, Am I Crazy?“, “Death Vomit“, “God’s Spreading Cancer” e “Hail The Metal Of Death“.

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BMU decidiu apostar em uma forma diferente de composição de festival. As bandas vêm de vários estados do Brasil, tendo cada uma o mesmo horário para todo mundo e sendo todas conhecidas pelo público, mas nem tanto. Então era possível ver bandas consagradas do meio e conhecer outras. O ambiente, o som e a iluminação estava muito boa, cerveja barata, espaço agradável para o público e as bandas, o único ponto negativo a ser ressaltado era que o food truck estava na área de fumante.

Um dos momentos mais esperado da noite era a reunião da banda MonsteR. Depois de oito anos do término, eles decidiram se encontrar para tocar especialmente para o BMU e os fãs mal podiam esperar.

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Mesmo antes da cortina subir, muitos já gritavam pelo nome da banda e dos músicos. Ou cantavam músicas compostas pela MonsteR para conter a ansiedade.

Com a cortina fechada, o vocalista pergunta: “tem alguém aí? ”. A plateia responde o mais alto possível. É quando ele anuncia que tinham uma introdução para o show, mas deu problema, então ele pediu para os fãs gritarem enquanto a cortina subia. Foram prontamente atendidos.

A cortina subiu e lá estavam E.V.Sword (bateria), Luiz Portinari (guitarra) e Paul X (vocal e baixo).

Antes de começar o show, o vocalista disse: “Olá BMU, faz oito anos que eu não digo isso” e “nós somos a MonsteR e faz oito anos que eu também não digo isso”.

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O show começou e tinha aquele clima de show internacional, todos os fãs cantavam as músicas e era possível ver a animação geral para cada canção tocada. Só quem estava lá consegui sentir a emoção de fãs e artistas ao estarem juntos. Teve até um momento que uma fã diz para o amigo: “sente essa música, só sente”.

É uma mostra que o metal nacional tem qualidade e salvação, são fãs dedicados como os do MonsteR que fará o rock crescer.

O vocalista conversava o tempo todo com os fãs e estava emocionado por estar ali. Ele chorou algumas vezes ao falar com o público.

No meio do show ele disse que estava com um problema no ouvido e precisava que os fãs gritassem o mais alto possível para ver se consegui limpá-lo.

O vocalista volta a explicar que tinha outra introdução que seria uma música bem ruim que está fazendo sucesso atualmente e depois alguém gritando “shut the fuck up” (“cala a boca, porra” em tradução livre). Então pediu para os fãs começarem a gritar “shut the fuck up” o mais alto possível. Fazendo a alegria do público ao gritar junto.

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Com o tempo acabando, Paul explica que não poderá tocar a última música, mas que estava de alma lavada. Depois completou: “não sei se a gente volta, mas foi um dos melhores shows que nós fizemos”. Porém, os fãs não se contentaram com o fim do show e pediram mais uma música. Após muita insistência, a banda volta ao palco para tocar a última música.

Estavam no setlist da MonsteR as músicas: “Why Don’t You Wake Up“, “If You Can’t Trust Me“, “Fire (Burn)“, “At Last“, “The Show Is Not Over“, “Shut The Fuck Up” e “Monster“.

É fato que o Heavy Metal é dominado pelo sexo masculino, seja entre as bandas e o público. Porém esse espaço vem sendo conquistado pelo público feminino, que vem mostrando garra e paixão quando se trata de música.

No BMU, tivemos a SoulSpell com duas vocalistas mulheres, a Semblant com uma vocalista e a oitava atração da noite.

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A Nervosa é um trio de trash metal formada apenas por integrantes do sexo feminino. Em sua formação estão: Luana Dametto (bateria), Prika Amaral (guitarra) e Fernanda Lira (vocal e baixo).

A presença de palco da banda é muito marcante e elas expressavam o tempo todo estarem muito feliz por tocar no BMU.

Era o primeiro show da Nervosa em São Paulo em 2016 e a banda estava fazendo o lançamento de seu mais novo álbum, “Agony”.

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A plateia não deixou por menos e abria uma roda a cada música da Nervosa, cantando e batendo cabeça o tempo todo. Era notável a admiração de todos pela banda.

O setlist da Nervosa era composto por: “Hypocrisy, Arrogance, Death!“, “Surrounded By Serpents“, “Intolerance Means War“, “Masked Betrayer“, “Hostages“, “Theory Of Conspiracy” e “Into Moshpit“.

A penúltima atração do festival era a banda Hibria que tocou na última edição do BMU, dez anos atrás, e estava de volta no domingo para alegria dos fãs.

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Com uma sólida carreira internacional, os músicos de Porto Alegre demonstravam estar muito animados em tocar em São Paulo e no BMU.

A formação do Hibria conta com: Eduardo Baldo (bateria), Ivan Beck (baixo), Renato Osorio (guitarra), Abel Camargo (guitarra) e Iuri Sanson (vocal).

O vocalista agitava o público para cantar junto e se empolgarem a cada música. Quando pediu para os fãs pularem junto com ele, Iuri desceu para o meio da plateia para pular com todos eles.

Haviam pessoas que estavam ali para ver, principalmente, o Hibria. A expectativa, a alegria de ver a banda e cantar as músicas era visível durante os 40 minutos que eles estiveram no palco.

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O vocalista pede para o público abrir uma roda e é atendido na mesma hora.

No setlist do Hibria estavam: “Silent Revenge“, “Lonely Fight“, “Steel Lord On Wheels“, “Blinded By Faith“, “Leading Lady“, “Pain” , “Shoot Me Down” e “Tiger Punch“.

Ao final, Iuri agradece as outras bandas, a produção do festival, o público e disse que aquele era um dia que iria entrar para a história.

É de se esperar que depois de nove horas de show, os fãs estariam cansados e desanimados. Entretanto, o público do BMU estava pronto para receber a última banda da noite.

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Muitos gritavam pelo Tuatha de Danann e estavam prontos para dançar e cantar todas as músicas. Até mesmo músicos de outras bandas estavam na expectativa para a apresentação. Fernanda Lira da Nervosa comentava o tempo todo que não via a hora de dançar com os fãs as músicas do Tuatha.

Mesmo com a cortina fechada, cada som dos instrumentos tocados era motivo para aumentar a ansiedade entre os fãs.

Todos começaram a se reunir o mais próximo do palco possível e quando a cortina subiu para começar o show, uma galera estava concentrada ao centro, pulando e dançando da primeira música à última.

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A banda é formada por: Rodrigo Abreu (bateria), Alex Navar (uilleann Pipes), Edgard Brito (teclado), Giovani Gomes (baixo e vocal), Rodrigo Berne (guitarra e vocal) e Bruno Maia (vocal, flautas, guitarra, bandolim e banjo).

O vocalista explica que tocaram em quase todas as edições do BMU, faltando em apenas uma e estar ali para fechar aquele evento tão especial era muito gratificante para eles.

Estavam no setlist: “We’re Back“, “Rhymes Against…“, “Land Of Youth“, “Tanpingaratan“, “The Brave“, “Dance Of The Little Ones” e “US“.

O público ainda teve a chance de conhecer, conversar e tirar foto com todos os músicos ali presente.

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A Ilha do Metal agradece às bandas que estiveram no festival, a organização, o Tropical Butantã e ao Richard Navarro pelo credenciamento.

Nós esperamos que o festival tenha atingido o sucesso esperado e volte ano que vem com mais bandas da nossa cena Heavy Metal.

 

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