Brutal Assault @Fortress Josefov – Jaromer/CZE (06/08/2014 – 09/08/2014)
Postado em 01/10/2014


Continuando a jornada pela Europa, agora em outro país e em um dos mais loucos (em todos os sentidos) do leste Europeu, a famosa República Tcheca.

Irei relatar todas as minhas passagens por esse país e todos os detalhes para os que queiram ir, não passe os mesmos “perrengues” que eu passei.

Resenha e Fotos: Vinícius Starteri

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Em Berlim, saí na correria em que eu estava com a minha amiga hospitalizada do outro lado da cidade, para pegar o último ônibus de Berlim para Praga. Caso você esteja em Berlim, atente-se aos horários dos ônibus no terminal, o último para Praga era às 19 horas (foi o que eu peguei) e o próximo era apenas no dia seguinte às 10h e já estava totalmente vendido.
Após uma viagem de 6 horas entre Berlim e Praga, cheguei com meus amigos e as novas amizades em Praga (1 americano e 2 mexicanas). Porém pelo horário (1 da manhã) não tinha nada aberto.

Foi então que começamos a grande batalha pra arrumar um hostel sem reserva, com a ajuda dos nossos amigos gringos. Rodamos as redondezas até achar um hostel (o único) que dispunha de quatro lugares (estávamos em 5, pois o americano tinha reserva em outro hostel). E por sorte foi aberta uma exceção pois éramos Latino Americanos (o recepcionista não queria liberar um quarto, pois achou que éramos americanos).

Após andarmos quilômetros atrás de hostels, conseguimos um bom banho e descansar por 18 euros. Então caso vá para a República Tcheca, se programe e faça suas reservas, eu tive que cancelar a minha pois pensei que não iria mais ao festival.

No dia seguinte, nos separamos das mexicanas (que também iriam ao festival) para adiantar nossas coisas e ida ao festival. Após uma pequena batalha para saber os sentido das coisas e como funcionava o metrô (na Europa cada país tem um jeito diferente de funcionar o transporte), chegamos ao terminal de ônibus FLORENC e lá nos deparamos com a primeira dor de cabeça, não existiam ônibus diretamente para Jaromer (cidade do Brutal Assault) e nós deveríamos pegar uma conexão até HRADEC KRALOVE e de lá um outro ônibus para Jaromer.

Após “pastarmos” um pouco por causa do inglês do leste europeu, compramos nossas passagens de ida para o tão aclamado festival de música extrema. Foram exatamente 2 horas de viagem entre a parada em HRADEC KRALOVE e depois o prosseguir para Jaromer, porém no terminal de conexão, apenas uma pessoa falava inglês e a comunicação era difícil. Por uma grande sorte do destino, uma nova boa amizade que criei com um Polonês que também estava indo para o festival,  nos ajudou falando em polonês e pegando as instruções para embarcarmos em nossos ônibus.

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Ao chegar em Jaromer, a segunda dor de cabeça: Lugares para acampar, credencial e entrada ao festival.

Andamos cerca de dois quilômetros com as nossas malas por paralelepípedos e por pedras até a chegada a porta do festival. E como lá é um país tipicamente do leste europeu, encontramos cambistas revendendo ingresso, me senti até que estava no Brasil em dias de apresentações grandes *risos*.
Encontramos alguns brasileiros que também estavam no Wacken e ficamos próximos a eles até resolver os problemas para a nossa entrada.

Fui jogado pra lá e pra cá até descobrir o verdadeiro lugar do credenciamento, na portaria disseram que era atrás de uma igreja há dois quilômetros da entrada (próximo onde paramos com os ônibus), ao chegar lá era entrada de backstage apenas para as bandas, e após meia hora de espera, me fizeram retornar para a entrada dizendo que o credenciamento de imprensa seria lá. Ao chegar lá outra dor de cabeça, pois ninguém sabia informar e tive que procurar um gerente, foi então que descobri que na frente da bilheteria, existia um contêiner para retirada de credencial de imprensa/convidados e a fila estava dobrando o quarteirão. Com isso, perdi o show da banda The Agonist e a chance de entrevista-los (seria algo exclusivo após a saída da Alissa).

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Agora iniciando a grande jornada do festival e onde iniciarei o meu grande parecer sobre este grande festival. Após me ajeitar (o camping VIP para imprensa não tinha mais lugar,  mas caso eu quisesse ficar lá, teria que “molhar” a mão de um membro da crew do festival para ele me arrumar um lugar), e como eu queria ficar com meus amigos neste camping, resolvi ficar na área free para camping (na rua entre a muralha do festival e os morros em volta do festival, próximo a entrada).

A batalha para “cravar” a barraca no chão foi grande, pois o solo não é nada propício para camping. Então caso peguem algum lugar, cheguem cedo para pegar o camping VIP (cuidado, se chover,  o vale do camping alaga) ou pegue sobre os morros, pois na floresta o solo é melhor.

Sobre a estrutura do festival, não tenho do que reclamar, simplesmente fenomenal desde a catraca/merch até o mercadinho de comida/roupas e os palcos.

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Pelo todo atraso que tive, cheguei no meio do show do TERRORIZER (banda de Pete Sandoval, ex-MORBID ANGEL) que por sinal foi fraquíssimo. Esperava mais pelo fato de ser o saudoso baterista Pete Sandoval, porém o show foi muito simples e não agitou muito.
Após o encerramento do show, fui para algumas tendas pegar os famosos copos personalizados dos festivais europeus e de praxe uma cerveja, e como neste primeiro dia apenas o palco Jägermeister estava funcionando, a pausa para remontagem do palco era cerca de 25 minutos (10 minutos a mais do que normalmente é).

Foi então que pontualmente a lendária banda de NWOBHM e percussor do black metal VENOM, subia ao palco. Um show que é meio que indescritível, nada que podemos imaginar aqui no Brasil, com diversas pirotecnias e um grande show de luzes.

O mais estranho que achei em todo o festival, é que os europeus deste lado da europa são meio mortos e não agitam durante o show. Na música Black Metal, era simplesmente nítido ouvir apenas a voz do Chronos ao invés de ouvir um coro junto.

Ao término de um dos melhores shows do festival, me dirigi até a grade para ver uma das bandas mais esperadas por mim que é da própria República Tcheca. A nova sensação do djent, MODERN DAY BABYLON. Um show pra lá de excelente, músicos fenomenais e o som simplesmente fantástico (impressionante que mesmo o festival sendo no meio do nada, a aparelhagem do festival era a melhor, soando algumas vezes até melhor que no Wacken).

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Após o término foi hora de algumas risadas com gringos extremamente bêbados, alguns tentando subir as escadas até o camping e caindo de costas e outros gritando horrores de todas as formas possíveis (sim, se você ficar no camping free terá que aturar os gritos a madrugada inteira).

Poucas horas de sono e novamente em pé para o segundo dia de festival, logo às 10 horas começavam os primeiros shows, porém tirei a manhã para conhecer a cidade e os mercadinhos (cidade e festival). O mais engraçado foi que apesar de estar há mais de 20.000 quilômetros do Brasil, o som “ambiente” da cidade era Sepultura , onde é que eu fosse estava rolando Sepultura em uma caixa de som.

Logo após meu café da manhã reforçado fui para o primeiro show “porrada” do festival, da banda de thrash norte-americana HAVOK, e eu como bom brasileiro não pude dispensar o mosh pit e agitar os checos e poloneses do festival. Ao contrário da Alemanha, o pessoal não agita e não gosta de Crowd Surfing, alguém necessita agitar para assim começar uma roda nos shows.

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Sem pausas, fui para o Metal Shop Stage assistir a ótima apresentação da banda americana de hardcore RINGWORM, emendando com outro som “soco na cara” dos também americanos TEXAS IN JULY de volta no Jagermeister Stage.

Uma pequena pausa para almoçar, fui para a feira dentro do festival e provei um dos pratos típicos da República Checa, que se chama Smažený sýr que é uma espécie de nugget com queijo servido num prato com fritas (no terceiro dia do festival provei uma pizza frita e uma espécie de pretzel com canela e açúcar, pra todos que forem para o festival, recomendo provar os três que são ótimos).

Logo após recarregar as energias, voltei a arena dos shows pra assistir mais uma banda norte-americana. A banda de metalcore IWRESTLEDABEARONCE fez uma apresentação muito boa, porém achei que faltou uma pitada de ânimo, creio que foi por causa do show curto, mas mesmo assim muito boa apresentação.

Após mais 30 minutos descansando, fui assistir a lenda do thrash britânico, a banda ONSLAUGHT. Este foi meu último show antes da entrevista com o CROWBAR (que poderá ser conferida em breve aqui no site), a banda fez um ótimo show e creio que os brasileiros irão ver novamente uma ótima apresentação da banda aqui pelo Brasil que conta com nova formação.

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Infelizmente tive de perder as apresentações de duas ótimas bandas, MISERY INDEX  e MANEGRAM, porém tive o grande prazer de conversar, entrevistar e expor algumas ideias com o guitarrista Matthew Brunson da banda CROWBAR.

Após este breve descanso, minha maratona de shows começara, com uma sequência devestadora: IGNITE, CROWBAR, OBITUARY, RED FANG, SUFFOCATION, BRING ME THE HORIZON, SLAYER, CHILDREN OF BODOM, ARCHITECTS e KATATONIA. Os shows do Obituary, Suffocation e Children Of Bodom, assisti na primeira fila porém nesta parte da Europa os festivais são quase similares ao Brasil, pois o número de shows é menor que o resto da Europa e assim muitos querem ver os shows na primeira fila, então você pode imaginar alguns apertos para chegar a grade *risos*.

Neste primeiro dia, apenas um grande problema técnico fez com que a banda KATATONIA tocasse apenas 5 músicas, porém o mesmo foi contornado e o show da banda de black metal norueguesa KHOLD finalizou o dia sem problemas.

O segundo dia, como era um dia relativamente mais tranquilo, aproveitei para conhecer bem a cidade, a base militar que tem dentro da fortaleza (Fortress Josefov) e comprar algumas coisas no mercadinho do festival.

Vi de longe o show da banda alemão de thrash CRIPPER e me arrependo de não ter assistido completo, assim como, a banda MORS PRINCIPIUM EST que cheguei na terceira música e assisti até o final, esta pra mim foi uma das melhores apresentações de todo o festival e seu show foi relativamente vazio.

Infelizmente pela correria e ida ao Meet & Greet do CRIPPER e do FLESHGOD APOCALYPSE, apenas assisti a primeira música do show do SKELETONWITCH (banda norte-americana de thrash metal), mas não me arrependo de ter ido ao M&G, pois é extremamente organizado e inclusive consegui conversar e zoar muito com os membros da banda FLESHGOD APOCALYPSE que informaram que tem muita vontade de vir ao Brasil.

Bem, agora falando um pouco do show do FLESHGOD APOCALYPSE que acabou 5 minutos antes do M&G, apresentação magnífica, um death metal de extrema qualidade que combinado com o vocal lírico fez que com o BRUTAL ASSAULT se tornasse um santuário. Fora a esquematização do palco cheia de jatos de fumaça, que foi algo surreal.

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Como já estava bem cansado pela correria de Quinta-feira, dei uma descansada para depois aproveitar as rodas do show da norte-americana de hardcore H2O, e tenho que dizer, que puta show. A banda não para no palco um segundo e fez com que até os mais mortos pulassem nas músicas. E para os brasileiros que queiram assistir sua apresentação, os americanos desembarcarão aqui em Janeiro de 2015, então fiquem atentos com os shows.

Em seguida, assisti uma apresentação um pouco apática do SIX FEET UNDER, onde esperava mais por ser uma ótima banda em estúdio. Em seguida assisti na primeira fila, pois queira assistir o próximo show de grade, a banda de sludge/doom polonesa BLINDEAD, show formidável e com uma sonoridade impecável, recomendo a qualquer fã de doom que ouça esta ótima banda.

foto blindead

Chegou então a hora dos shows mais esperados da noite, o formidável THE DEVIN TOWNSEND PROJECT fazendo seu djent lírico se expandir além das muralhas do festival e agitando até mais do que no show do Wacken, apresentação impecável que ninguém poderia reclamar.
Logo após o término do THE DEVIN TOWNSEND PROJECT, começava a melhor apresentação que assisti em toda a Europa, a formidável banda de death metal/viking metal AMON AMARTH. Quando se apagaram as luzes e começou um faixo fraco de luz azul, todos extremeceram, e quando começou o background da “Father Of The Wolf” aquele festival “desabou” e foram inclusive milhões de crowd surfing. Que show explêndido, recomendo a qualquer headbanger (independente se não é fã) assistir a apresentação do AMON AMARTH que é algo de outro mundo.

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Bem, agora finalmente o último dia do festival e o melhor dia na minha opinião. Fui bem cedo até a estação de trem da cidade (cerca de 3 quilômetros da entrada do festival) comprar os bilhetes de Jaromer para Praga (pois descobri através de alguns amigos noruegueses que era mais barato e mais rápido, fica a dica para quem quiser ir ao festival e não precisar passar a mesma dor de cabeça que eu). E retornei logo a arena de shows, pois não queria perder de jeito nenhum o show da banda de death metal dos emirados árabes NERVECELL, show pra lá de fabuloso e muito porrada, fiquei um pouco chateado pois esperava mais públicos para este show (creio que estava vazio por ser último dia e o show ser as 11h da manhã).

Descansei então até as 14h30 e fui com um amigo esloveno assistir o que pra mim foi um dos top 5 shows do festival, a banda de Djent/Rap HACKTIVIST, show memorável destes jovens. Retornei a área de imprensa para descansar, pois a partir das 16 horas iria retornar até a arena pra ficar até 0h30 então necesstiva recarregar as baterias (minhas e do celular) até o fim do festival).

Foi então que as 16 horas, retornei e em ponto começava um show que esperava mais e achei totalmente decepcionante, a banda IMPALED NAZARENE fez um show monótono e sem muita presença. Sendo assim, fui até o outro palco esperar para o show da banda CRUACHAN que por outro lado fez um show magnífico.

Corri para o outro lado no término para assistir a banda AUGUST BURNS RED que agitou demais e fez os gringos irem a loucura, muitos tem preconceito por ser metalcore, mas a banda é excelente e soa até melhor ao vivo do que nos álbuns.

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Voltando para o outro palco na correria, outra porrada sonora, agora as lendas do thrash alemão SODOM. A apresentação foi mais curta que o do Wacken, porém o mosh pit estava bem agitado, nem parecia que era Brutal Assault pois se contradizia o que eu falei do pessoal morto do começo do festival.

Ao término, assisti na quinta fileira o show magnífico da banda sueca SOILWORK, ótima presença de palco da banda inteira e um som encorpado, similar ao AUGUST BURNS RED no quesito “qualidade ao vivo”. Voltando a shows “Top 5”, na sequência foi a lenda do hardcore nova iorquino, a banda SICK OF IT ALL fez com que o sangue fervesse nas veias de todos que estavam ali, two step calculados no meio do mosh, muitos crowd surfing  e circle pits insanos.

Fiz uma pequena pausa e assisti do fundo o show da banda de death metal KRABATHOR que fez um show comemorativo de retorno ao festival, show muito bom, porém não consegui assistir da frente devido ao descanso.

Foi então que pontualmente às 21h35 subia ao palco a saudosa banda DOWN, que na minha humilde opinião só não fez um show melhor que o AMON AMARTH por causa da aparelhagem de palco, pois a interação com o público do Phil Anselmo foi tão grande quanto a de Johan Hegg.

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Após uma “lavada na alma” vinha outra lenda se apresentar no palco do lado e eu consegui chegar na terceira fila para esse show, a banda norueguesa SATYRICON fez pra mim um show tão grandioso as duas bandas mencionadas acima e fez com que Jaromer inteira fizesse o backing vocal na música “Mother North”, isso me arrepiou até a alma pois só em shows do IRON MAIDEN aqui no Brasil vi um público que ovacionosse a banda do mesmo jeito.

Pra fechar aquela noite memorável e o festival com chave de ouro, fui para o show da banda de hardcore CONVERGE, que fez uma apresentação comum, sem nada demais, porém me fez sentir totalmente satisfeito com aquele festival. Que apesar de diversas adversidades, fez me sentir um dos headbangers mais felizes do mundo por passar 15 dias curtindo dois dos melhores festivais do planeta.

Bem, o que dizer sobre o festival e a República Checa, não fui muito bem recebido no país, porém creio que com um planejamento ninguém passe os mesmos perrengues e possa curtir o festival até mais do que eu. Você voltaria para o festival? Sim, mas é claro, nunca vi um festival que unisse duas pontas totalmente extremas e fizessem as mesmas dividir o palco, exemplo de sábado onde após o término do sludge do DOWN, uma banda de black metal norueguês subia ao palco, SATYRICON.

Agora abaixo uma lista de dicas que você possa aproveitar bem o festival:

– Troque seus Euros por Coroas Checas em Praga, pois valorizarão mais sua moeda, na cidade troquei 27 coroas por 1 euro na sorte;
– Caso pegue o camping VIP, se prepare para subir e descer morros com 30kg de mala nas costas, então fique no camping free na floresta ou em algum hotel na cidade ou nas proximidades;
– Use cadeados em todas as suas malas e na barraca, pois não é confiável deixar ela explícita neste festival;
– Vá e volte de trem e tente escolher acento reservado pra não pagar caro e ter que ir em pé;
– Nos chuveiros, deixe pausada a ducha e se ensaboe, porque o chuveiro é por ficha e a base de tempo (3 minutos por ficha);
– Use os copos do festival para recarregar com água nos bebedouros, garrafas plásticas não são permitidas na arena.
– Leve “benjamim ou T” para recarregar suas coisas, pois você pagará só um valor por jack/buraco que usar;
– Se atente ao horário dos Meet & Greet, todo dia novos horários são expostos na área do M&G e tente chegar com no mínimo de 25 minutos de antecedência para pegar um bom lugar se a banda for grande;

 

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