O ano era 2010. Naquelas andanças de vídeo em vídeo no Youtube, eis que me deparo com um de uma banda se apresentando no que parecia ser um programa de TV da Suécia. Quatro garotas tocando uma música chamando “Heaven Or Hell”, a qual pensei que até poderia ser um cover do Gamma Ray. Mero engano. Aquela faixa era de um single que a banda lançaria meses depois. A banda: Crucified Barbara. O pensamento: que som legal!! Hard Rock de primeira, e belas garotas, infelizmente, dificilmente uma banda dessas tocará no Brasil um dia. No que se refere a essa última afirmação, outro mero engano.
Texto: José Antonio Alves
Fotos: Rock On Stage
Eis que em 2012, após lançamento de seu terceiro álbum, “The Midnight Chase”, a banda fez uma turnê por terras brasileiras, e nela angariou muitos fãs que se surpreenderam com a simpatia e competência das garotas de Estocolmo. Em 2014, uma nova visita ao Brasil das Barb’s, e nós do A Ilha do Metal, estivemos em São Paulo para o encerramento da turnê, que já passara por Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.
Por volta das 16h, horário previsto para abertura da casa, era minúscula a fila no Carioca Club, um espaço bem maior do que o Inferno Club, casa que a banda tocou em São Paulo em 2012. Confesso que esperava mais pessoas até ali, mas considerando o fato de que estávamos em pleno domingo de Páscoa, e com um feriado no dia seguinte, possivelmente o recinto se encheria mais tarde.
Pontualmente às 17h30, subia ao palco a primeira banda de abertura da noite, os gaúchos do Hibria. A última vez que a banda havia se apresentado em São Paulo coincidentemente também foi no Carioca Club, em 2011, no evento “Dia do Metal Nacional – Edição Power Metal”, evento que contou com as famosas declarações do vocalista do Almah, Edu Falaschi, sobre o Metal Nacional. Já naquela ocasião notávamos uma banda coesa no palco, praticando um Power Metal mais calcado no Heavy Tradicional e no Speed Metal e com muito, mas muito peso.
E desde então a banda vem conquistando muito espaço. Gravou DVD/CD no Japão, que chegou a figurar no primeiro lugar de pré-vendas por lá, esteve na lista de melhores bandas da Revista Asiática Burrn!, fez uma belíssima participação no Rock In Rio 2013 e lançou em 2013 “Silent Revenge”, um petardo que foi um dos grandes destaques nacionais do ano.
A banda liderada por Iuri Sanson chegou “chegando” mandando duas do último lançamento do grupo, a faixa título e “Lonely Fight”, agitando o ainda pequeno público na casa. “Shoot Me Down”, do álbum “Blind Ride” de 2011 foi a próxima, mostrando toda a desenvoltura e técnica de seus guitarristas e principalmente do baterista Eduardo Baldo, que não teve dó em massacrar seu instrumento com muita precisão. As ótimas linhas vocais de Iuri Sanson em “Welcome To The Horror Show” também se destacaram, além claro da monstruosa presença de palco do rapaz.
Antes de “Steel Lord On Wheels”, Iuri saudou o público comentando que já fazia um tempo que a banda não se apresentava por terras paulistanas. “Silence Make You Suffer”, que figurou entre os melhores clipes de 2013 escolhidos por nós do site (CONFIRA AQUI) também empolgou, afinal mostra bem a versatilidade e potência vocal de Iuri, um dos grandes diferenciais da banda.
A indispensável “Tiger Punch” não poderia faltar, e os presentes cantaram junto seu refrão desta que é um verdadeiro soco de tigre tamanho seu peso e belas passagens na guitarra que mostraram todo o entrosamento da banda. O cover de “Rock And Roll” do Led Zeppelin, fechou a ótima apresentação dos gaúchos, que sem dúvidas figuram hoje entre as melhores bandas ao vivo do Brasil e com muita humildade vem construindo um caminho de sucesso até aqui.
Também sem atrasos, às 18h50 entrava no palco o Kiara Rocks, banda formada em São Paulo e que divulga seu terceiro trabalho na carreira, “Daqui por Diante”, de 2013. O som dos caras é um Rock and Roll calcado no Hard Rock, devido a este fato, de certa forma imaginei que a banda teria uma aceitação ainda melhor que o Hibria, já que é mais próxima do estilo da banda principal do que os gaúchos. Mas não foi o que ocorreu.
Começando com alguns problemas técnicos, “Sinais Vitais” abriu a apresentação, e poucos (digo pouquíssimos mesmo) esboçavam alguma animação próximo ao palco. O fato é que o grupo até possui uma base fiel de fãs, mas as duras críticas recebidas pela apresentação no Rock In Rio em 2013 fizeram com que muitos torcessem os narizes para a apresentação do grupo (e não especificamente essa, todas as que a banda estivesse envolvida como grupo de abertura.)
Em faixas como “Nada a Perder”, “Alice” e “In Coma”, notam-se boas composições, mas o que pesou mesmo ao vivo foi certo desentrosamento em palco da banda. O vocalista Cadu Pelegrini demonstra boa versatilidade vocal, que pode ser notada inclusive em alguns covers executados, como o de “Toxicity”, do System Of A Down, e “Ace Of Spades”, do Motörhead, este último agitando mais os presentes.
Cadu Pelegrini agradeceu o público, produtora e demais envolvidos na apresentação se despedindo mediante poucos aplausos. O que talvez falte para o Kiara Rocks é uma maior “pegada” ao vivo, pois dentro do cenário musical que está inserido, a banda trabalha bem suas composições, que são em português. Vale salientar que em nenhum momento notou-se qualquer desrespeito para com a banda no decorrer da apresentação.
Sem muita espera, Mia Coldheart (vocal/guitarra), Klara Force (backing vocals, guitarra), Ida Evileye (baixo/backing vocals) e Nicki Wicked (bateria) subiram ao palco para delírio do público que infelizmente não lotou mesmo as dependência do Carioca Club. “The Crucifier”, do último álbum “The Midnight Chase” abriu o show com seu refrão grudento, seguida por “Play Me Hard” e “Shut Your Mouth”, seguindo praticamente à risca o que a banda já tocara nas outras apresentações desta turnê.
Com os agradecimentos de Mia, já mandaram “Sex Action”, do “Till Death Do Us Party” de 2009, essa considero até que poderia ser deixada para o encore, já que é uma das favoritas de muitos dos fãs da banda, e também uma das melhores da banda. A presença de palco das moças continua excelente, Mia canta, interpreta e agita, assim como Klara e Ida, que se movimentam o tempo todo, já Nicki não dá descanso ao seu instrumento de trabalho, todas demonstrando muita simpatia para com o público.
Vale ressaltar apenas a questão do som, que em boa parte do show prejudicou principalmente a guitarra de Klara; o baixo de Ida por vezes soava bem mais alto do que os outros instrumentos, e os solos de Mia por vezes ficaram prejudicados sendo praticamente inaudíveis em alguns trechos das canções.
De novo para este show a banda trouxe a execução de duas músicas que estarão no novo trabalho que será lançado este ano, as faixas “To Kill a Man” (ouça AQUI) e “Sell My Kids For Rock And Roll” (aliás, um belo título, diga-se de passagem), bem recebidas pelo público e mostrando uma veia bem mais “Rock And Roll” da banda, comparando com músicas de trabalhos anteriores.
Para encerrar o set regular (já??), duas do primeiro álbum “In Distortion We Trust” de 2005, a faixa título e “Losing The Game”, duas das melhores músicas das suecas, com refrões bem pegajosos e fáceis que são para cantar junto mesmo. Sempre agradecendo o público, a banda saiu para o encore, e mesmo com pedidos tímidos do público clamando o nome do grupo, elas retornaram (e neste meio tempo os técnicos de som fizeram alguns ajustes nos instrumentos que deram uma melhorada na questão do som citada anteriormente),com Klara perguntando ao público se eles queriam mais, nem preciso dizer quão positiva foi a resposta.
Para delírio dos fãs, Mia retornou usando uma bandeira do Brasil envolta em seu corpo, quase como um vestido tomara que caia, demonstrando o carinho que as suecas possuem pelo nosso país, inclusive a baixista Ida e a guitarrista Klara proferiram algumas palavras em português durante a apresentação.
Era hora de “My Heart Is Black”, também do primeiro álbum, que mostrou toda a potência vocal de Mia. “Rock Me Like The Devil” foi a próxima, em meio a pedidos de “Bad Hangover”, que acabou não rolando. Sem delongas, Nicki Wicked já emendou com “Into The Fire”, essa muito bem recepcionada por todos e que encerrou a apresentação com pouco mais de uma hora e dez de duração, bem curta, comparada com a apresentação de 2012, mas deve-se entender que a banda está prestes a lançar um novo álbum, então logo mais um novo show/turnê de Mia e Cia será apresentado ao vivo, e sem dúvidas esperamos que o Brasil esteja na rota.
Um evento impecável no que se refere à organização e pontualidade, a se lamentar apenas o baixo público, pois sem dúvidas as bandas mereciam mais. A se lamentar também o curto set das suecas, que poderíam ter explorado mais o álbum “Till Death Do Us Party”, principalmente com faixas como “Killer On His Knees” e “Pain & Pleasure”. A Suécia continua nos brindando com Metal da melhor qualidade, na verdade parece que a fonte escandinava para boas bandas não deve secar tão cedo.
Agradecimentos à Rock On Stage pelas fotos.
Setlist
1. The Crucifier
2. Play Me Hard
3. Shut Your Mouth
4. Sex Action
5. To Kill A Man
6. Everything We Need
7. Jennyfer
8. Sell My Kids For Rock And Roll
9. Losing The Game
10. In Distortion We Trust
Encore
11 – My Heart Is Black
12 – Rock Me Like The Devil
13 – Into The Fire
Categoria/Category: Sem categoria
Tags: Crucified Barbara • female metal • Hibria • Kiara Rocks • suécia
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