Chuck Billy, o vocalista da banda de thrash-metal Testament, concedeu uma entrevista ao site Misformusic.com, falando sobre shows, projetos e o próximo disco do Testament. Disponibilizamos aqui a entrevista na integra.
Misformusic: Olá Chuck, aqui é Glen Medley do MisForMusic.com. Como tem passado?
Chuck Billy: Oh! Muito bem. E você como está?
M.: Excelente, obrigado. Eu agradeço o tempo que você nos empresta para falar com a gente hoje.
C: Sem problemas.
M.: Gostaria de começar falando sobre o Dimebash 2010 que você participou recentemente. Foi um concerto em honra do falecido Dimebag Darrell e em benefício do Fundo de Apoio e Combate ao Cancer Ronnie James Dio (Ronnie James Dio Stand Up and Shout Cancer Fund, no original). Como foi participar?
C.: Foi magnífico! Foi um evento bacana, com uma programação de estrelas e gente aparecendo toda hora, como Lemmy e Phil Campbell. Os caras do Alice in Chains só apareceram pra tocar. Foi muito, muito, muito legal. Todo mundo botou pra foder. Foi um pouco desafiador pra mim no início, pois eu só tinha que cantar uma música. Depois, uma música virou cinco músicas, aí tive que aprender cinco músicas em três dias. Depois de tudo pronto, eu entrei e ficou muito bom.
M.: Vi o vídeo de você cantando Raining Blood do Slayer, você fez um excelente trabalho. E pareceu que todos se divertiram muito.
C.: Obrigado. Foi muito divertido.
M.: Tive a chance de assistir a apresentação do American Carnage Tour em Phoenix e a apresentação do Testament foi fenomenal. Para você, quais foram os pontos altos dessa turnê?
C.: Todo dia foi um ponto alto. Foi uma ótima turnê. Somos amigos há muito tempo, não nos irritamos mais com qualquer atitudezinha ou turbulência. Foi uma turnê realmente boa, dia-após-dia. Os shows eram excelentes. E todos estavam em suas melhores fases e era disso que se tratava, todos levarem o seu melhor para o show. Você viu isso, todos estavam bem. Bom show. Não era como alguém abrindo e duas atrações principais. Era como se todos estivessem fazendo tudo juntos.
M.: Foi excelente para os fãs e, estou certo, vocês aproveitaram bastante também.
C.: Totalmente. Fazer isso nos dá outra dimensão sob nossas performances ao vivo. O que é excelente.
M.: Em março vi o show em Tucson e Alex Skolnick não tocou aquela noite. Foi um problema de agenda?
C.: É. Originalmente a turnê American Carnage estava programada para começar em janeiro, e quando estava tudo confirmado colocaram outra turnê junta, mas Alex já tinha outros compromissos. Estava fora fazendo a turnê com Rodrigo y Gabriela e seu Trio (The Alex Skolnick Trio), que já estava planejado e marcado. Então, não haviam garantias de que ele poderia estar lá conosco. Mas, Glen Drover [Megadeth] estava lá pela gente. Ele fez um ótimo trabalho.
M.: Sim, Glen somente plugou a guitarra, já que ele já conhecia todas as músicas.
C.: É, foi o que ele fez. Ele veio bem ensaiado. Foi para todos os ensaios conosco, ele é o melhor nisso.
M.: Em 2008 tive a chance de ver o Testament tocar duas noites consecutivas. A primeira foi na turnê do Masters of Metal com Judas Priest e Heaven and Hell em Phoenix para 20 000 fãs loucos. Na noite seguinte, o Testament foi a atração principal de um show no histórico Rialto Theatre em Tucson, que é muito menor e comporta aproximadamente mil pessoas. Qual a diferença de tocar num grande show e num pequeno show em intervalos tão pequenos?
C.: É um contraste realmente grande. Em um show grande não se tem uma conexão com o público como se tem num show pequeno. Normalmente se tem muitas luzes e holofotes, então não dá para ver nada. Você tem que olhar para um monitor para acompanhar seu desempenho. Quando se está num clube, para mim, eu posso ver tudo. Não gosto de monitores na frente. Eu gosto de ir para frente do palco e ficar só a um braço do público. Atualmente eu não me importo se as pessoas sobem no palco e praticam o stage diving, desde que eles não quebrem nada ou atrapalhem nosso desempenho. Os shows grandes tem a mesma consistência toda noite. Quando se toca em clubes pequenos é um sistema de som diferente toda noite e tem consistências diferentes de noite para noite. Então, há mais ou menos em todos os lugares. Produções melhores ou piores e desempenhos melhores ou piores.
M.: Sempre vi os shows do Testament ao vivo, e vocês parecem se divertir bastante. O quão recompensador é para você tocar ao vivo para seus fãs?
C.: Bem, em 2001 e 2002 quando tive um câncer e estava careca, pensei que fosse perder a minha carreira para aquilo. É sobre isso que falamos. Agora estou aqui em 2010 e estamos arrebentando e fizemos um par de grandes discos. É como se disséssemos “Uau”, a oportunidade está aí. Estou aproveitando cada minuto disso, isso é certo. Cada um de nós está tentando não ser tão sério sobre isso, apenas tentando aproveitar cada instante.
M.: Realmente aparenta. Penso que cada um no público está realmente gostando e que isso vem do fato de vocês se divertirem bastante e passarem isso para eles.
C.: Legal! É justamente isso.
M.: Agora que a turnê American Carnage foi concluída, vocês vão para o estúdio gravar seu décimo álbum? O que você pode falar sobre o próximo álbum?
C.: Estamos trabalhando nisso. Ainda estamos no processo de composição. Será o que será. Nós definitivamente queremos que tenha a mesma raiz e a mesma linha do último álbum. Se pudermos compor apenas dez músicas como as compostas para o The Formation of Damnation será bom. Eu adoraria por alguns elementos a mais de blast beat nas baterias, como no The Gathering.
M.: Vão trabalhar novamente com Andy Sneap durante a produção do disco?
C.: Sim, iremos.
M.: Parece que trabalhar com ele funciona muito bem com vocês.
C.: Sim, trabalhamos bem com ele. Ele conhece a música e nos conhece, isso funciona bem.
M.: The Formation of Damnation ganhou o prêmio de Melhor Álbum na cerimônia da Metal Hammer’s Golden Gods Awards em 2008. Isso faz você sentir algum tipo de pressão durante a composição do novo álbum?
C.: Na verdade, não. Para nós, quando recebemos o prêmio, não foi com um “ah, legal”. Foi mais como um “Beleza! Nós realmente fizemos por merecer!” Então, não foi como aquilo. Nós estávamos pensando sobre isto. Estávamos apenas tentando manter a mesma mentalidade, nos divertindo e compondo bom metal.
M.: Penso que é um sinal dos tempos quando canais como o VH1 Classic tocam bandas de metal que cresci ouvindo durante os anos oitenta. Como você vê que as coisas estão mudando em relação ao metal?
C: Bem, por causa da queda de popularidade [do thrash-metal] que vivi durante os anos 90, penso que o círculo se completa novamente. O metal está forte de forma como não vejo há muito tempo. Você tem que ver que há vinte e poucos anos atrás, durante o boom do thrash, havia poucas bandas tocando aquilo ao redor do mundo, enquanto hoje está em todos os lugares. Em todos os países há todo tipo de metal e o thrash está em todo lugar. O ciclo se completa agora, eu creio. Isso é realmente saudável. E penso que para nós, da banda, de onde estávamos vendo tudo, a queda de popularidade do metal na década de noventa, apenas decidimos continuar seguindo em frente e tentar compor discos mais pesados que o The Ritual. É sobre isso, o círculo está completo, compomos o Formation e ainda estamos compondo música pesada. É divertido ver como o metal era forte na década de oitenta em comparação a de noventa e ver como fica forte agora de novo.
M.: É, definitivamente, o metal está mais forte agora do que nunca.
C.: Isso! E isso é bom. Olhe para a Bay Area. O Forbidden tem um disco novo. Death Angel e Exodus estão botando para foder! É como uma fagulha que reacendeu a todos nós aqui na Bay Area. E isso é realmente muito bom!
M.: Assistindo o That Metal Show recentemente, fizeram uma enquete de que se o Big 4 tivesse espaço para outra banda, qual seria? Os co-vencedores no debate foram Testament e Exodus. Óbvio, pois são os em mais alta conta. O quão grande você pensa que é o impacto que o Testament exerceu na música durante os anos?
Eu definitivamente sinto que o Testament tem seu próprio som e estilo. Em 1983, quando o Eric e os outros começaram a compor algumas dessas músicas, eu sabia que os estilos do Alex e do Eric eram parte disso. Quando entrei na banda Alex tinha apenas 16 anos e compunha músicas com The Haunting e First Strike is Deadly. Pra mim aquilo era, puta que pariu, como aquele garoto compunha algo como aquilo? Pra mim sempre foi a química deles como compositores. Eu penso que nos vinte e cinco anos seguintes, eu escuto aquilo em outras bandas e outros estilo e aquilo é definitivamente parte disso.
M.: Em 2006, você e Steve Souza fizeram um dueto no na banda Dublin Death Patrol. Poderia, por favor, contar como a banda se formou?
C.: Basicamente, nós crescemos na cidade Dublin, California. Começou durante uma reunião de turma de nosso ensino médio, todos bebendo. Estávamos falando sobre pegar alguns amigos e rearranjar algumas músicas que compusemos quando éramos garotos. O plano era esse e um par de ligações chamando a galera pra nos encontrar e praticar. O resto você sabe, um bando de gente saindo da toca e determinamos que tinham que ser de Dublin pra tocar na banda. Aí você sabe, tínhamos entre 13 e 14 pessoas ligando, esperando para estar na gravação. Nos divertimos. Tivemos oito pessoas no palco quando tocamos ao vivo, acho que três ou quatro guitarristas, dois baixistas e um baterista, mas tivemos dois bateristas na gravação. É ótimo quando nos encontramos. É muito bom falar sobre os bons velhos tempos, além de divertido nos encontrar e curtir juntos. Todos os outros tem famílias e empregos, então, para eles se encontrarem, tocar e se divertir é magnífico! Nós fomos para a Europa em 2008 e tocamos em um par de festivais por lá. Uma parte desses caras nunca saíram em turnê na vida e nunca estiveram na Europa, também. E, depois, tocar num festival para 45 000 pessoas por show. Tocamos logo antes de Heaven and Hell. Foi ótimo! Para mim, fazer coisas como essas e ver os olhares em suas caras tendo experiências que tive durante toda minha vida é muito bom.
M.: Mentaly Unstable é minha música favorita do álbum DDP 4 Life. Você tem alguma música favorita nesse álbum?
C.: Minha música favorita nesse álbum é Pigs in the Hollow.
M.: Conte-me, por favor, sobre o 70 000 Tons of Metal e como o Testament está envolvido nisso.
C.: É simples, nós tivemos a oportunidade de ser convidados para tocar ao vivo num cruzeiro com algumas bandas de metal para alguns fãs de metal. Isso soa muito bem e nós decidimos participar.
M.: Espero que seja tão bom quanto parece.
C.: Obrigado, espero o mesmo.
M.: Bem, Chuck, obrigado por me emprestar seu tempo hoje. Eu espero pelo próximo álbum do Testament e por ver vocês em turnê novamente.
C.: É um prazer.
Fonte: MisforMusic.com
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Tags: Chuck Billy • Entrevista • Testament
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