Fabrikaos: Festival reúne petardos da cena do Pará
Postado em 30/08/2012


E chega ao fim mais uma edição do festival Fabrikaos, que está no seu quinto ano de realização. A previsão do início dos shows era de 14h, com tempo de duração de meia hora para cada banda, o que foi seguido rigorosamente, ao contrário das expectativas de atraso, já que é muito comum os eventos de rock em Belém começarem fora do horário acertado.

O festival reuniu bandas novas, como A Red Nightmare, All Still Burns, Adipocera, e Projeto Secreto Macacos; e as velhas conhecidas do underground paraense, como Mitra, Retaliatory, Anubis e Delinquentes, passando pelo heavy metal, thrash metal, o crossover, o HC, o instrumental, e essa mistura conferiu ao festival um público heterogêneo, mas que compareceu em peso e instaurou um respeito mútuo entre os fãs desses diferentes estilos. “Hoje em dia a curadoria do festival não fica limitada apenas as bandas que tocam no estúdio. Nós chamamos desde os parceiros da década de 80, como o Retaliatory, até uma galera nova do hardcore, como o Adipocera. Vai ser como relembrar aquele tempo em que a cena metal e hardcore era unida numa coisa só. Todo mundo tocava junto, era o mesmo público”, afirma Jayme Katarro, vocalista do Delinquentes e um dos idealizadores do Fabrikaos. A proposta do festival é louvável: colocar em destaque as bandas locais, habituadas a abrir para as bandas que vem de outros locais para tocar em Belém. Ao invés de coadjuvantes, as bandas da terra são as grandes estrelas do Fabrikaos.

A primeira banda do festival foi a Fora Parte, seguida por Adipocera, No Found e A Válvula. Infelizmente, não pude acompanhar a apresentação das quatro. Cheguei tarde no evento, a tempo de acompanhar a programação desde o show da Projeto Secreto Macacos, cujo show eu vi pela primeira vez. Com uma proposta diferente, o Projeto Secreto Macacos executa um instrumental envolvente, calcado na mistura entre o peso e a suavidade. Não é o tipo de banda para se escutar enquanto se bate cabeça ou em meio a um mosh pit, mas o combinado entre os riffs e as linhas de teclado conferem à banda uma estética única, que tem tudo para ganhar espaço não só entre os fãs de rock, mas em tudo o que se produz no estado em termos de música.

Um dos destaques da tarde foi a All Still Burns.  É interessante notar o quanto o número dos adeptos do metalcore vem crescendo na cena local, a ponto de promover uma excelente interação entre banda e público, que foi justamente o que chamou a atenção no show da All Still Burns. A banda já conta com uma legião de seguidores no circuito local, o que não é para menos, dada a violência com a qual executa seu trabalho on stage. Embora a apresentação tenha sido mais cedo, com um público ainda menor em relação ao que viria, a ASB fez valer cada gota de suor e fúria que derramou no palco naquele tórrido fim de tarde.

Depois deles, chegou a vez da Vinil Laranja invadir o palco do Fabrikaos com seu indie rock. A banda já tem dois CDs lançados e uma passagem pelos EUA em seu currículo. Sua apresentação foi bem executada, tranquila e deu uma quebrada de clima entre as bandas mais pesadas. Esse intervalo promovido entre bandas de diferentes estilos na sequencia da programação possibilitou os fãs darem uma respirada entre um show e outro.

Chega a hora do deus chacal reinar soberano no palco do Fabrikaos. Entra em cena o Anubis, com o bom e velho thrash metal bem executado e preciso. A banda já é velha conhecida no circuito metal local e dispensa grandes apresentações. Especialmente com a execução de Forbidden Game, o Anubis fez o público do Fabrikaos ferver. Foi um dos destaque, uma das bandas mais aguardadas da noite.

Já havia se passado seis horas de festival quando a A Red Nightmare subiu no palco. Mais uma da nova leva de bandas locais, a ARN executa seu som pesado e na cara. A essa altura, o público já estava incontrolável, o que se justificou pelos vários mosh pits e pelo wall of death que rolou no show. É uma banda que vem ganhando cada vez mais lugar, correndo atrás e realmente fazendo acontecer. Houve quem afirmasse que aquele foi o melhor show do ARN até aqui.

Enfim, chega a vez do anfitrião da festa comandar o mar de gente. Jayme Katarro e seus Delinquentes tomam o Mormaço de assalto, sendo alguns dos pontos mais altos do show a execução de “Um Belo Dia (Pra Morrer)” e o cover de “Refuse/Resist”, do bom e velho Sepultura. Como sempre, Delinquentes só reafirma que continua com o espírito que fez deles uma das bandas de linha de frente no underground paraense. Está aí para todo mundo ver.

Falando em lendas que marcaram a cena noventista, eis que surge o Mitra, penúltima banda da noite. Uma das bandas de heavy metal mais importantes do underground local, executou com pura competência aquilo que sabe fazer de melhor. Guitarras em absoluta sinergia e um público encantado fizeram daquele show um dos mais festejados do Fabrikaos. Em certo momento, a banda distribuiu alguns singles para o público. Grave bem este nome: “Bravery”, o novo registro da banda, que você verá em alguma resenha mais cedo ou mais tarde. Pode-se dizer que o metal paraense atual não conta com muitas bandas de heavy metal tradicional, talvez porque o público em si seja mais ligado ao metal extremo. Apesar disso, o Mitra é o tipo de banda cujo show faz falta por aqui. E quando acontece, a banda é sempre muito bem recebida.

Para fechar o festival em grande estilo, o Retaliatory veio com tudo, rasgando seu já tradicional thrash/death metal que faz desta uma das bandas mais respeitadas do cenário. A essa altura, os fãs de metal, de HC e de todos os estilos que compuseram o cast do Fabrikaos já estava nas últimas, mas como ficar parado ao som de “Retaliatory Attack”? A cada riff, a cada blast beat, a cada berro, o público dava tudo de si para retribuir aquele espetáculo dantesco produzido pelo Retaliatory. Uma pedrada seca no olho. Nada de firula. Metal da morte, cru, feio, sujo, ríspido, cavernoso, horroroso e desgraçado, do jeito que deve ser.

Ao final do festival, ficou a sensação de alma lavada, por parte do público, e de dever cumprido, por parte das bandas. A produção do evento foi impecável, os horários da programação foram respeitados, as bandas puderam desempenhar bem seu trabalho e o público só teve a ganhar, pôde prestigiar suas bandas favoritas mantendo o clima de respeito e cordialidade, desde os fãs do indie rock até os amantes do mais bruto death metal. São festivais como o Fabrikaos que dão a certeza de que a cena do Pará tem bandas extremamente competentes em seus respectivos estilos e que merecem ter sua música em destaque; dão a certeza que união e muito trabalho duro podem produzir eventos memoráveis; acima de tudo, dão a certeza que o rock underground local pulsa mais vivo do que nunca. E que venha o Fabrikaos VI!

 

Links Relacionados:

Fora Parte:

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Adipocera:

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No Found:

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A Válvula:

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Projeto Secreto Macacos:

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All Still Burns:

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Vinil Laranja:

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Anubis:

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A Red Nightmare:

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Delinquentes:

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Mitra:

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Retaliatory:

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