– Axl, quando você voltará a tocar com Slash? “Não nessa vida” disse Axl.
Resenha: Marcos Bullino
Fotos/Divulgação: Katarina Benzova
E por essa simples resposta em uma entrevista milênios atrás que tivemos o nome desta tour. A frase, “Not in this Lifetime” marcou a então inacreditável reunião de Axl, Duff e Slash.
Desde o anúncio de uma das turnês mais improváveis da história (a mais improvável certamente foi do Dokken), com sua estreia no Festival Coachela, era aguardando com muita ansiedade o anuncio de datas no Brasil. Quando finalmente confirmaram shows no Brasil em novembro, as vendas foram concorridíssimas, acarretando até um show extra em SP, com ingressos praticamente esgotados em ambos os dias.
A ansiedade era monstruosa principalmente após os relatos de como foi o show em Porto Alegre, parecia que os dias não passavam e que chegaria o final de ano, mas não os dias 11 e 12 de novembro, e quando finalmente a data chegou, todos os fãs chegaram o mais cedo possível no Allianz Parque, o que causou um grande congestionamento na Região da Pompéia em São Paulo, mas a entrada do público ocorreu dentro da normalidade prevista e em eventos deste porte no mesmo lugar.
A abertura contou com a mesma banda da turnê passada, o Plebe Rude, que mesmo sendo historicamente “punk” e completando 35 anos de carreira e também 30 anos do lançamento do excepcional “O Concreto já Rachou“, não deixou os “títulos” atrapalharem a incrível performance. A banda começa o show com “Brasilia”, que tem em sua letra o nome do primeiro disco e mesmo com um estádio já bem cheio a banda não se intimida e faz o show explosivo, como já presenciamos algumas vezes. Os clássicos continuam firmes sendo tocados pela banda com a mesma atitude desde os anos 80 e assim a banda manda, “Johny vai a Guerra outra vez” e “Minha Renda”. E mesmo sem muita comunicação com a platéia, o vocalista Phelipe Seabra manda para o público: “Só lembrando do quanto hoje em dia a sociedade está bipolarizada e para unir isso, uma das armas mais fortes seria a música para fazer um mundo melhor“.
O tradicional medley de “Proteção” com a música “Patria Amada” dos Inocentes que o guitarrista Clemente toca em ambas as bandas (Plebe Rude/Inocentes), e o final claro que foi com “Até quando Esperar” e levantou a galera, afinal a música é dos grandes hits da banda que merece sim muito destaque, pois é uma das poucas que não se vendeu as rádios nos anos 80, e mesmo com isso continua fiel a seu som e aos seus ideais, fazendo bons shows, como esse que mesmo não tendo nada característico com o Guns n’ Roses a apresentação foi impecável.
Setlist Plebe Rude
1. Brasilia
2. Johny vai a Guerra outra vez
3. Minha Renda
4. Proteção/Patria Amada
5. Até quando Esperar
Após o show da Plebe Rude, muitos pensavam, qual seria o atraso do Guns ‘n ‘ Roses, tão clássico em seus shows, mas para surpresa de todos, a banda tem sido um reloginho, e normalmente entra cerca de 20 ou 25 minutos do horário previsto e ao apagar das luzes, os gritos de “Guns…. and… Roses”, os primeiros acordes de Duff McKagan para “It’s so easy” o estádio chegou a vibrar. “Mr. Brownstone” na sequencia, e cerca de quase 45 mil vozes cobriam a voz do Axl Rose, uma cena mais comuns quando vemos um show do Iron Maiden no Brasil por exemplo.
Direto e reto, Slash já manda o riff de “Chinese Democracy”, e como a música ganha peso, nesta versão! Embora não seja da considerada da fase clássica da banda e chegue bem perto do estilo grunge, mas ali Slash começava a mostrar a diferença entre as fases dos Guns, (vale destacar, que mesmo achando pobre tecnicamente, o Guns realizava bons shows, sem Duff e Slash,) mas parece que quando eles estão no palco tudo soa diferente, soa maior do que somar cada um individualmente, e chegava a grande hora, Axl a frente da bateria de Frank Ferrer, anuncia a próxima faixa do jeito mais clássico possível, “You know where you are, You’re in the jungle baby, You’re gonna dieeeee” e ali não teve quem ficasse parado, execução perfeita, embora não exista baterista no mundo que toque essa música como Steven Adler, penso que só ele consegue fazer aquela virada fenomenal após o solo, mas a crítica técnica desta formação fica a Frank Ferrer, sendo ele o menos técnico dos que já empunharam as baquetas no Guns, mas isto é apenas uma posição pessoal.
Sem dúvida um dos melhores shows da carreira do Guns foi no Rock in Rio em 1991 e ouvir “Double Talkin’ Jive” com o riff de Slash, realmente era o saudosismo que todos do estádio aguardavam, e que presença de palcos todos da banda possui, as três estrelas da noite Axl, Duff e Slash não param um minuto, e Slash com sua característica de trocar sempre de guitarra, temos todos aqueles modelos clássicos que passam pela nossa mente sendo usadas no show, e vamos aqui detalhar um a um começando com Slash, um show a parte, solos perfeitos, posição de palco com a guitarra sobre sua coxa, executando seu feeling, e mostra que como ele em atividade hoje existe poucos, tocar rápidos muitos o fazem, mas daquele jeitos com riffs poderosos, realmente são poucos.
Duff McKagan, a base perfeita ou o mais rocker dos gunners, no palco homenageando Prince com o símbolo do músico em seu instrumento e a camisa do Lemmy e mesmo com o semblante mais fechado, o palco parece que é sua casa, agita muito e exatamente neste show, percebi uma qualidade que antes não tinha reparado, seus backing vocals são perfeitos e isto ficou claro a partir da faixa “Better”, com ele cantando os refrões ganham muito em harmonia.
Axl Rose, simplesmente o cara, como agita no palco, vai de um lado a outro, sobe nos retornos, levanta seu pedestal com um volante de base…, se já não canta como no passado, na sexta não importava muito pois a platéia cantou muito alto mesmo, e eu destacaria o que Axl cantou em “Estranged”, na complexa música foi tecnicamente perfeito, aliás perfeito em todo o show.
E a sequencia de sucesso que tivemos depois? Nada menos que “Live and Let Die”, “Rocket Queen” e “You Could Be Mine”, e chegava a primeira hora de Axl deixar o palco deixando os vocais para Duff executar a clássica “Attitude” dos Misfits, (aliás, outra banda que se reuniu com uma formação clássica e ainda se encontra sem data para o Brasil), mostrando a pegada mais punk, que a banda sempre teve!
“Civil War”, não ficou de fora, nem “Coma”, preferida por muitos daquele que curte um som mais metal da banda. E, após tivemos a aula de como tratar uma guitarra, com Slash, onde tocou tudo e mais um pouco, sem ser em nenhum momento enjoativo, e tivemos conforme esperado por todos o tema do filme O Poderoso Chefão, para na sequencia o maior hit radiofônico do Guns, “Sweet Child of Mine” em um momento que certamente ficou tatuado em todos. Logo após conforme eu tinha pesquisado viria “Wish you are here”, e pensava que seria apenas um trecho ou algo parecido, mas qual foi minha surpresa quando Slash e Richard Fortus, vão ao centro do palco, e tocam ela instrumentalmente deixando o vocal para o belíssimo coro das vozes presentes em São Paulo.
Quantos relacionamentos foram marcados por “November Rain”? E no show em São Paulo teve um show com balões rosa e luzes de celular que deu um ar mais que especial e com a chuva caindo, ficando mágico mesmo. E chegava ao fim a primeira parte do show, que termina com “Knocking on Heavens Door”, música de Bob Dylan que o Guns popularizou e praticamente hoje em dia muita gente pensa que essa música é deles.
O bis veio até de forma rápida, com a pancadona “Nightrain”, seguida por “Don’t Cry”, o cover “The Seeker” do The Who, e claro que o final mais que apoteótico com aquela intro de bateria, seguida pelo dedilhado clamando, dava o início para “Paradise City” que se não encerra o show do ano, certamente encerrou um dos shows mais aguardados dos últimos anos no Brasil.
Um evento fantástico que faz lembrar uma época de ouro do rock, mais precisamente no hard rock, com o que talvez seja a última lenda do estilo, já que depois deles nada igual ou surpreendente quanto eles surgiu e todo esse borborinho por essa reunião fará que seja lançado um DVD desta tour, e tomara que algo inédito seja lançado já que todos compondo certamente coisa boa virá.
E fica a dica e talvez uma das músicas que faltou… “Nice Boys, Don’t play Rock ‘n‘ Roll”!
Setlist Guns n’ Roses
It’s So Easy
Mr. Brownstone
Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
Double Talkin’ Jive
Better
Estranged
Live and Let Die
Rocket Queen
You Could Be Mine
Attitude
This I Love
Civil War
Coma
Speak Softly Love (Love Theme From The Godfather)
Sweet Child O’ Mine
Wish You Were Here
November Rain
Knockin’ on Heaven’s Door
Nightrain
Don’t Cry
The Seeker
Paradise City
Everybody Knows
(Leonard Cohen Song)
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Tags: Allianz Parque • Axl Roses • Duff McKagan • Guns 'n' Roses • Mercury Concerts • Plebe Rude • slash
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