O guitarrista Marty Friedman (ex-Megadeth) esteve no Brasil para uma serie de workshows, que começou no dia 06 de março na cidade de Volta Redonda (RJ) e termina hoje, dia 31/03, quando o músico encerra sua passagem pelo Brasil em Barra Mansa (RJ).
No domingo, dia 22 de março, os gaúchos foram agraciados com a presença do icônico guitarrista, que se apresentou no Batemacumba Bar, na cidade de Porto Alegre (RS).
Workshow é um evento que traz uma proposta diferente de um show convencional. O músico alterna entre tocar suas músicas e responder perguntas do público. E em Porto Alegre, o público saiu satisfeito com ambas as partes do evento.
O evento começou com o Meet & Greet, exclusivo para os fãs que adquiriram o ingresso para conhecer o músico. Esbanjando sorriso e simpatia, Friedman atendeu a todos com atenção, autografou material, tirou foto e trocou algumas palavras com os fãs. Depois todos saíram do local para permitir a passagem de som do músico.
Um pouco depois das 20:00, as portas do Batemacumba se abriram para a entrada do público. Como não poderia deixar de ser, bastante gente compareceu para ver o ídolo de perto. Por volta das 21:00, o produtor local (Pisca produtora) subiu no palco para fazer o sorteio regional de uma guitarra PRS (a ser sorteada entre os vencedores regionais, no final da turnê). Logo em seguida, entra no palco o simpático Marty Friedman, e suas palavras iniciais foram “Foda! Foda! É foda!”. Nisso, um dos fãs gritou “Fuck Me!”, ao qual Marty retrucou brincando “Who Said that? (Quem disse isso?)”.
Friedman então disse que ia parar de falar e tocar, e a mágica começou. Não se ouvia um pio na casa, eram olhos e ouvidos grudados no palco, atentos a cada nota, cada melodia executada pelo músico. Friedman conquistou o público antes mesmo de terminar a primeira música, “Ballad of the Barbie bandits”.
Depois de duas músicas, a primeira rodada de perguntas começou. Juan, amigo carioca de Marty que o está acompanhando em turnê, ficou com a tarefa de traduzir as perguntas dos fãs e respostas do músico. E assim foi o workshow. Um pouco de música, uma rodada de perguntas; mais música, mais perguntas; e assim até o final da apresentação.
Musicalmente, Marty Friedman optou principalmente por divulgar o álbum “Inferno”, seu último lançamento, que aqui no Brasil foi lançado pela “Furia Music” no último dia 06 de março. Dentre as músicas escolhidas pelo músico para o show de Porto Alegre, estiveram “Devil Take Tomorrow” (Loudspeaker), “Inferno” e a balada “Undertown” (Inferno). Atendendo aos pedidos, o músico tocou também o solo de “Tornado of Souls” (Megadeth) .
Na sessão de perguntas e respostas, os fãs que compareceram não economizaram e questionaram sobre técnicas de guitarra, Japão, Megadeth e vários outros assuntos.
Sobre o Megadeth, Friedman foi questionado se sente saudades do tempo passado, e sua resposta foi simples: “Fuck No!”. Perguntaram também se ele foi contatado após a saída de Chris Broderick para retomar sua posição de guitarrista do Megadeth,e ele desconversou, dizendo apenas que tem uma boa relação com os membros do Megadeth, são amigos, gosta da música, mas neste momento não voltaria para a banda.
Um fã perguntou sobre o Hawaii, primeira banda de Marty Friedman, com uma vertente voltada para o Hard Rock. Marty disse que teve que se mudar pro Havaí por causa do emprego de seu pai, e aos 17 anos se uniu com o pessoal para montar o Hawaii. Mas ele disse que montar uma banda em um local como o Havaí não é nada fácil, ele inclusive disse que é quase a mesma coisa de querer montar uma banda na Antártica.
Sobre o Cacophony e o Jason Becker, Marty disse que continua trabalhando com Jason, ele adora o músico. Relatou que o primeiro álbum do Cacophony (“Speed Metal Symphony”) era pra ser um trabalho solo do músico, mas o produtor insistiu para que ele conhecesse Jason Becker, um músico prodígio que na época tinha 16 anos. Ele disse que não queria conhecer e gravar com nenhum garoto, mas depois que ouviu Becker tocar, se apaixonou. Jason Becker teve uma participação pequena no primeiro álbum, mas o segundo álbum do Cacophony (“Go Off!”) teve 50% de esforço de cada músico, comentou Friedman.
Quanto ao sucesso do Cacophony, Marty respondeu que na época o álbum não foi bem aceito. Foi considerado dissonante, pesado e muito difícil de escutar. E que nos dias de hoje, o Cacophony recebe muito mais mérito do que nos anos 80, quando gravaram os álbuns.
Friedman foi questionado também sobre a escolha do nome de seu último trabalho, “Inferno”. Respondeu que foi uma brincadeira entre os envolvidos na produção do álbum. Queriam um nome clichê para um álbum de Heavy Metal, algo como “Burn”, “Fire”, “Inferno”. Mas que seria um nome clichê para um álbum não clichê, pois as músicas e a arte da capa fogem a este conceito.
Um fã fez uma pergunta sobre a diferença entre a cena musical no Japão e em países ocidentais, quastionando Marty sobre por que no Japão uma mesma banda pode ir do Heavy Metal extremo a uma balada pop no mesmo álbum sem ser julgado, enquanto nos países ocidentais isso geralmente não é visto com bons olhos. Friedman gostou da pergunta e presenteou o fã com uma camiseta por isso. E respondeu que no Japão a cena musical é tão louca, que você tem que ser extremo para poder se destacar. Por isso, ir de um extremo ao outro no mesmo álbum é geralmente bem aceito pelos japoneses. No Ocidente, isto não acontece. Se uma banda é de Metal, ela tem que ser Metal 100% do tempo, senão começam as críticas. Ele aproveitou para elogiar o Metallica, que mudou seu estilo mesmo com todos os riscos.
E sobre sua música, técnicas de guitarra e evolução pessoal como músico, Marty foi questionado sobre o uso da escala japonesa, uma escala exótica que o músico supostamente gosta de usar. Friedman disse que alguém, em algum momento publicou numa revista que ele usava esta tal escala, e isso virou uma maldição na sua vida. Na opinião dele, não existe uma técnica a ser seguida, ele não usa nenhuma escala. Vai compondo unindo diferentes melodias, até chegar em sua música. Ele tem sim influência da música japonesa, mas não segue nenhuma escala especial.
Sobre o modo diferente como Marty segura a palheta, ele explicou, em tom de brincadeira, que começou a ter aquela palhetada diferenciada de tanto ter que repetir o solo de “Tornado of Souls”, do Megadeth, que ele tinha acabado de tocar para os fãs.
Quanto aos conselhos que ele daria aos aspirantes a guitarrista, ele disse que primeiro o guitarrista tem que saber o que ele quer: se ele quer ser um músico ou se quer ser um artista. Se quiser ser um músico, tem que aprender a tocar, conhecer diversas técnicas, mas somente aquelas que interessam para o estilo dele. Segundo o músico, não adianta querer aprender tudo o que existe no mundo da guitarra, é impossível. Muita coisa é inútil e você nunca vai usar, então o importante é se concentrar naquilo que você realmente quer, no seu objetivo. Ele deu o próprio exemplo, dizendo que toca muito bem suas próprias músicas e as músicas de outros artistas que gosta de tocar. Mas tirando isso, ele não sabe quase nada.
Quando perguntaram se existia um músico com quem ele gostava de tocar e dividir o palco, ele disse que geralmente gosta de tocar com todos com quem já teve oportunidade, mas que tocar com o guitarrista Keshav Dahr, da banda indiana Skyharbor, funcionou muito bem.
Finalmente, Marty foi questionado sobre o fato de declarar que às vezes, ao tocar uma música que ele mesmo compõe, não se reconhece tocando, e como ele encara esta situação. O músico respondeu que isso é muito bom. Criar uma música e depois não se reconhecer nela é uma sinal de evolução musical. Ele atestou que é muito fácil tocar o que você já sabe e já está acostumado, mas quando você cria algo novo e demora para se reconhecer naquilo, significa um crescimento, uma evolução musical, o que é muito bom.
Depois de 1 hora e 45 minutos, o workshow chegou ao fim. Se por um lado ninguém queria que aquela noite acabasse, por outro todos estavam com um grande sorriso no rosto. Mais uma noite memorável para os gaúchos.
Setlist:
Ballad of the Barbie bandits
Hyper Doom
Amagi Goe
Stigmata Addiction
Meat hook
Inferno
Devil take tomorrow
Undertow
Amazing grace
Agradecimentos a Pisca Produtora e Furia Music.
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Tags: Batemacumba bar • Inferno • Marty Friedman • porto alegre • workshow
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