Vivendo à sombra de dois álbuns extremamente importantes lançados há mais de 30 anos atrás, Paul Di Anno baseou sua carreira e seus shows reproduzindo os grandes clássicos dos álbuns “Iron Maiden” (1980) e “Killers” (1981), alternando com algumas músicas de autoria própria e de bandas cuja sua passagem foi positiva para seus fiéis seguidores, porém não marcantes no âmbito geral da música pesada. Como tudo chega ao fim, Paul Di Anno, que claramente ama o Brasil e o Sport Club Corinthians Paulista e diz isso à todos constantemente, retorna ao Brasil mais uma vez em sua auto intitulada “The Last Tour”, confirmando um fim emocionante e melancólico de um Paul que está a cada dia aparentemente mais debilitado.
Texto: Eduardo Escobar
Fotos: Bruno Bergamini – http://www.flickr.com/photos/bbergamini/
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A GALERIA COMPLETA DE FOTOS
Com uma extensa noite de apresentações, afinal, além do show principal do Paul Di Anno, haviam duas bandas de abertura com setlists um pouco maior do que geralmente bandas de aberturas fazem, lá pelas 18h30 a primeira banda de abertura, a Children of The Beast executou grandes clássicos da época dourada do Iron Maiden, dando a certeza de que teríamos muitas e muitas doses da donzela noite à dentro. Não sei se apenas eu acho isso curioso – tudo bem que é uma banda convidada pelo próprio Paul e que o público sempre curte ouvir Maiden não importa como -, mas é no mínimo estranho uma banda executar clássicos de uma outra banda cuja o vocalista do show principal fizera parte porém executando músicas que foram feitas a partir de sua saída (!). Enfim, foi um bom show, representando a formação clássica, com um Eddie aparecendo, com o Bruce cover empunhando a bandeira britânica, usando máscaras e todos os elementos que a banda original possui ao vivo!
A segunda banda de abertura, a banda de apoio do Paul Di Anno no Brasil, foi a banda Scelerata, banda fincada no Power Metal e que mesmo com um repertório majoritariamente próprio conseguiu arrancar aplausos e muita energia por diversas vezes durante seu show, além disso, o público se mostrava realmente participativo, sempre respondendo aos comandos do vocalista Fabio Juan (completam a banda Magnus Wichmann, Renato Osório, Gustavo Strapazon e Francis Cassol). A banda demonstrou muita intensidade e alegria pela grande aceitação do público durante todo o show, e seu setlist foi composto com as músicas “Rising Sun”, “In My Blood”, “Breaking the Chains”, “Master of Puppets” (Metallica), “Enemy Within” e “Leave Me Alone” que na minha opinião foram o ponto alto do show, “Must Be Dreaming” feita por Andi Deris para ser gravada pelo Scelerata, e “Holy Fire” do álbum de estreia.
Já passava das 21 horas quando os preparativos para que Paul começasse seu show ainda estavam sendo feitos (preparativos como colocar um setlist com letras grandes e reforçar os limites do palco com fita amarela, para que não houvesse nenhum problema. 15 minutos depois, em plena música de introdução, a banda de apoio Scelerata entra saudada por todos e logo em seguida Paul vagarosamente se apoiando à uma bengala preta e também nos ombros de seu roadie também aparece para delírio da casa de shows. Já ao centro do palco, Paul batia sua bengala no chão acompanhando o ritmo da música e era seguido pelo público com os punhos levantados. Começava assim o último show de Paul Di’Anno em São Paulo!
Sem delongas, a banda começou executando “Sanctuary”, que foi cantada com grande afinco pelo público presente. A cada término de música, Paul dedicava uma conversa com a platéia de pelo menos 1 minuto, sempre exaltando como era emocionante estar mais uma vez em São Paulo tocando para verdadeiros amigos que seguiram seu ideal por toda sua trajetória, jamais abandonando-o. Foram várias e várias paradas, uma delas muito engraçada ao falar sobre o seu time de coração, o Corinthians que por sinal havia ganhado uma partida instantes antes do show, Paul exacerbou sua paixão pelo clube e soltou um pequeno palavrão em tom de brincadeira para aqueles que não gostassem de suas declarações.
Voltando ao show, obviamente o show seria recheado de músicas do Iron Maiden como na primeira sequência “Purgatory”, “Wrathchild” e “Prowler”. Paul se mostrava comovido durante todas as músicas e no início do show mostrou alguma dificuldade para cantar algumas músicas próximo ao que era feito antigamente. Paul não se movimentava pelo palco, mas se entregava às músicas de tal forma que isso não importou.
Também houve espaço para músicas que não fizeram parte de sua trajetória pelo Maiden, foram poucas é claro, mas existiram, como a faixa “Marshall Lockjaw” (Paul Di’Anno & Killers). “Murders in the Rue Morgue” veio na sequência e logo mais duas”não-maiden”, a faixa “The Beast Arises” (Paul Di’Anno & Killers) e a faixa “Children of Madness” (Battlezone, na trajetória de Paul).
O momento mais emocionante do show, arrancando lágrimas de muitos presentes foi na execução da faixa “Remember Tomorrow” onde citou a dedicatória póstuma da música. “Faith Healer” e “A Song for You” foram mais duas que só abrilhantaram a apresentação, apesar da óbvia menor empolgação do público “maidenista” nestas duas faixas.
Paul fica ao lado do palco, longe da vista da maioria do público, onde fica descansando ao som da instrumenta “Genghis Khan”, mas logo volta novamente apoiado por seu roadie e sua bengala para a destruidora sequência final: “Charlotte the Harlot”, “Killers” (minha favorita rs), “Phantom of the Opera” e “Iron Maiden” fechando o show temporariamente!
Paul em um ato de humildade, durante vários momentos do show, recusava os gritos ecoando seu nome pelo Carioca Club, e dizia que quem deveria agradecer era somente ele.
O Scelerata voltou tocando “Transylvania” enquanto Paul descansava mais uma vez ao lado do palco para buscar as últimas forças, o último grande empenho para seus fervorosos fãs e seguidores, eis que então a faixa final começa a soar, era “Running Free” que foi comemorada, aplaudida, cantada aos berros por todos que observavam à sua frente pela última vez um nome importantíssimo no folclore do Heavy Metal, por assim dizer.
Sem dúvidas, uma apresentação emocionante, que beirou as 2 horas de duração, e que não se repetirá nunca mais. Agora Paul deve curtir a sua forçada aposentadoria e que descanse durante esse tempo, pois ficou evidente que a sua enfraquecida chama da vida precisa de severos reparos.
Setlist:
1 – Sanctuary
2 – Purgatory
3 – Wrathchild
4 – Prowler
5 – Marshall Lockjaw
6 – Murders in the Rue Morgue
7 – The Beast Arises
8 – Children of Madness
9 – Remember Tomorrow
10 – Faith Healer
11 – A Song for You
12 – Genghis Khan
13 – Charlotte the Harlot
14 – Killers
15 – Phantom of the Opera
16 – Iron Maiden
Encore:
17 – Transylvania
18 – Running Free
Categoria/Category: Sem categoria
Tags: Children of The Beast • Paul Di'Anno • scelerata • The Last Tour
Notícia mais recente: « Accept @ Carioca Club – São Paulo/SP (06/04/13)
Notícia mais antiga: Symphony X @ Carioca Club – São Paulo/SP (12/04/2013) »