Paulo Baron é um dos maiores produtores do Brasil e talvez se não o maior, um dos maiores responsáveis por qualquer show de Rock do Brasil, além de produtor já gerenciou a carreira de vários grandes nomes do Metal no Brasil.
O produtor também vem se destacando no Youtube, postando vídeos regularmente em seu canal e com boa audiência vem divulgando os detalhes do Show Business nos pontos do além música mas importante todos conhecerem.
Na ocasião do lançamento do livro “Rocking All my Dreams”, tivemos a oportunidade de entrevistá-lo e com a instabilidade que o site teve nesses meses de Pandemia, finalmente a entrevista volta ao ar e todos
Com vocês Paulo Baron
A Ilha do Metal – ) Primeiro de todo claro que você já deve respondido, mas por que escrever o livro?
Paulo Baron – ) Tive vários motivos para escrever o livro. O primeiro foi por um acaso. Meu amigo Emerson Anversa, que escreveu o livro junto comigo, gostava quando eu sempre voltava de turnê, de escutar minhas histórias, enquanto tomávamos um vinho ou cerveja. E foi aí que ele me propôs escrever um livro. O segundo motivo foi que quando pensei que minha filha, naquela época adolescente, seria legal que ele soubesse minha história, pois as vezes você convive com uma pessoa e esquece de inclusive de conversar sobre todas essas historias fantásticas que aconteceram em minha vida. E isso me motivou também a pensar que há vários jovens que se sentem excluídos por não serem caras que querem se formar em medicina, direito ou serem historiadores. E muitas vezes esses caras se sentem excluídos da sociedade, e de suas próprias famílias. E eu fui um desses caras, que não precisei me formar em nenhuma dessas profissões, para conseguir meus sonhos e ser alguém nessa vida. Espero com esse livro poder inspirar esses jovens, que muitas vezes acabam entrando em depressão, por não se encontrarem nesse mundo.
A Ilha do Metal – ) Você já mencionou alguns shows que não deram certos quando o produziu e que até faz parte do negócio, mas para começar uma pergunta dupla, qual show que não deu certo, (mesmo que financeiramente tenha dado lucro), qual foi a lição que tirou deste e qual show te surpreendeu não dando certo?
Paulo Baron – ) Eu faço shows para que aconteçam. Qualquer show que é produzido e tem principio, meio e fim, já deixa uma lição muito grande de vida. Independente de perder ou ganhar, você acaba aprendendo, pois estamos tratando com seres humanos. Não é uma máquina onde apenas se coloca uma formula e a formula sai. Claro que no caminho você vai conhecendo algumas pessoas que não te agradam, e eu sou um cara que gosto de trabalhar com pessoas com as quais me sinto a vontade. Ou com artistas que eu gosto ou tenho empatia.
Houve alguns shows que pensei que poderiam ter sido sucesso de bilheteria, como o caso do Foreigner, ou o Live N Louder 2 (2006), entre outros tantos. Mas por exemplo, esses shows para mim foram tão emblemáticos e importantes que posso ter perdido dinheiro, em alguns bastante. Mas ainda o fato de tê-los feito me traz recompensas.
A Ilha do Metal – ) Agora, como manager, você já mencionou sobre o investimento que deve ser feito, a organização como uma empresa, que você se inclui como um membro da banda, mas até onde você deve interferir, e quando você tem que tipo dar uma basta seja para evitar
uma briga maior, ou para falar, com esse integrante não dá mais, já aconteceu algo do tipo?
Paulo Baron – ) Todos necessitamos de um trabalho para ganhar o pão de cada dia. Se não comemos, não vivemos. Nesses 30 anos de historia aprendi uma lição muito importante: se relacione apenas com pessoas que tragam alguma coisa na sua vida e com as quais você consiga se divertir. Isso no aspecto pessoal. Agora, no profissional, você tem que ter como manager qualidades nas quais estão englobadas: Ser um psicólogo, ter experiência e conhecimento de marketing, ser um articulador de relações, e conhecer muitas pessoas. Isso só para falar algumas coisas. Os músicos são pessoas diferentes, em sua maioria. Eles pensam e sentem de maneira diferente. Se não tenho a sensibilidade de entender isso, com certeza se quebra a magia de um bom relacionamento. Assim, mesmo, se um artista não entende meu jeito de pensar ou não respeita minha experiência de anos, e meus acertos no longo da vida, como em qualquer relacionamento, não faz sentido estar junto. O relacionamento manager/artista está intimamente ligado na admiração e respeito. Cada um se preparou para fazer o que bem sabe.
A Ilha do Metal – ) Você já trabalhou empresariando grandes bandas, como o Scorpions, mas o que o Scorpions te trouxe como experiência, qual foi a parte mais difícil de trabalhar com eles? E também qual resultado com eles, que mais te deixou mais satisfeito profissionalmente?
Paulo Baron – ) Scorpions é uma das 3 maiores bandas da história e do mundo do Rock. Quando comecei a trabalhar com eles, eu era ainda jovem. E eles tinham o dobro de idade e experiência. O que eu podia oferecer era o meu diferencial.
Eu era um cara novo com ideias novas. O mais difícil com Scorpions foi que eles são muito intensos e tudo tem que ser perfeito. Essa perfeição típica alemã, fez muito bem ao meu aprendizado. Mas teve um custo, que foi a fibromialgia que eu tenho e é para sempre, isso devido a constante pressão, sempre tentando ser meticuloso com tudo. Ainda tenho um grande carinho e amizade com a banda.
A Ilha do Metal – ) Você como manager, ve alguns produtores de show que podem estar errando na carreira, se você está com uma banda sua, você tenta ajudar, se “intrometer” e tentar ajudar, ou toma outra postura?
Paulo Baron – ) Todos nós erramos pois errar é humano. O que está errado é continuar errando, sabendo que errou. Portanto, eu se é um produtor amigo meu, tento ajudar. Se é uma pessoa, mesmo que meu amigo, que continua fazendo os mesmos erros, eu me afasto.
A Ilha do Metal – ) O que tem achado de outros produtores brasileiros, nem que seja os menores, que estão começando, pois temos vindo muitos começando e poucos continuando, sem falar do M.o.A que a principio os produtores tinha experiência, qual a sua opinião sobre o tema?
Paulo Baron – ) Em primeiro lugar, acho que deveria existir uma legislação, uma lei, que se chamasse lei da ficha limpa dos promotores, na qual um promotor tem que mostrar sua solvência econômica e teria que deveria ser o dobro do investimento que ele quer fazer. Segundo: o promotor tem que ser uma pessoa que não esteja endividada e tenha o nome limpo na praça. E por terceiro, creio que ninguém deveria dar um passo maior que a perna. Portanto, precisamos sim de promotores, pois o promotor é quem faz o artista girar dentro de uma turnê. Mas não podemos ter aventureiros irresponsáveis que brinquem com o dinheiro e com os sonhos dos que gostam de música e querem se divertir, e que juntam seu dinheiro com tanto esforço para ver seu artista favorito.
A Ilha do Metal – ) Nas entrevistas você pareceu ter um carinho mais especial por dois astros internacionais, o Scorpions e Dee Snider, o que cada um deles tem de especial?
Paulo Baron – ) Na verdade tenho um carinho especial por vários artistas, os quais no decorrer do tempo se tornaram amigos pessoais, e no qual você termina conhecendo o outro lado do artista: a parte humana. E no convívio do dia a dia, se cria um carinho ou um amor especial. Eu não citaria apenas Scorpions e Dee Snider, posso te falar de várias pessoas que tenho esse sentimento: um deles o falecido André Matos, fomos melhores amigos por anos. O Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Ricardo Confessori, Alírio Netto, Andreas Kisser, Roy Z, Derek Sherinian, Rudy Sarzo, Felipe Andreoli, Luis Mariutti, Tarja, Mike Portnoy, Jay Jay French, o falecido Ronnie James Dio, só para fala alguns nomes de pessoas realmente próximas.
A Ilha do Metal – ) Você pretende um dia fazer algum Festival no Brasil? Ou carregar alguma Tour, como teve aquela com Sepultura, Angra e Mindflow anos atrás?
Paulo Baron – ) Eu já fiz alguns festivais, e tive minha grande experiência. Não é uma coisa que me chame muita atenção de fazer de novo, até porque não tenho muito tempo, devido a grande quantidade de shows que a gente movimenta. Mas algumas turnês com alguns artistas unidos é uma coisa que gosto muito. Eu gosto da união das pessoas e conseguir isso entre bandas ou artistas me parece o máximo.
A Ilha do Metal – ) Muito obrigado e sua vez de dar aquela mensagem ao povo que o admira pelos shows e conhecimentos no meio musical.
Paulo Baron – ) Precisamos de pessoas cada vez mais talentosas e jovens, com vontade de profissionalizar ainda mais o Rock na América Latina. Precisamos de sonhadores que façam de seus sonhos uma realidade. Precisamos de pessoas honestas que não queiram se aproveitar dos outros e sim, pessoas que veja o show business e entendam esse termo: Show + Business (espetáculo + negócios). Sigam seus sonhos: Rocking All Your Dreams.
Muito obrigado pela entrevista.
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