Em um Sábado cheio de eventos para os adoradores da cultura gótica, como por exemplo, a exibição de filmes de horror no cemitério da Consolação promovido pela Cinematéca em parceria com a Galeria Olido, a tradicional festa “Transmission“ no Madame Satan, tivemos também na rua Augusta a festa “Enter The Shadows“ no Purgatorium 90, mas a cereja do bolo ficou por conta de Wayne Hussey e Peter Murphy.
Fotos: Vivian Maia
Texto: Gabriel Souza
Um ano após sua ultima passagem pelo país o “Padrinho da música gótica”, voltou para promover seu mais recente (e ousado) álbum ,”LION“, que contou com a produção de Youth, o aclamado produtor e baixista do Killing Joke.
Como convidado especial para os shows em São Paulo, Peter chamou seu amigo de longa data e líder do The Mission, Wayne Hussey, (PS: lembrando que na última passagem de Murphy pelo país ambos se reencontraram após 22 anos e executaram duas faixas juntos) para realizar a abertura de seu show.
Ao entrar no Carioca Club, os fãs se deparavam com uma ótima trilha sonora proporcionada pelos DJs, Humberto & Tony da Rádio “Enter The Shadows“ tocando o melhor do Darkwave.
Psyche, Paradise Lost & She Past Away foram algum dos sons que rolaram antes do início do show.
Por volta das 18h30min, Wayne Hussey entra em cena tocando os acordes de “The Killing Moon” em seu “pequeno” violão, mostrando que aquele seria um show para cantar junto.
“Like A Child Again”, “All Along The Watchtower”, classico de Bob Dylan; “Amelia” e “Black Mountain Mist” vieram na arrebatadora sequência.
Na primeira pausa da noite Wayne agradece em bom português, toma uns goles de vinho e dá à deixa para “Wither On The Vine“, faixa de seu mais recente álbum solo “Songs of Candlelight & Razorblades“. “Stay With Me“, “Severina” e uma versão que mesclou “Wasteland” com “Like A Hurricane” fecharam mais uma destruidora e emocionante sequencia.
Para finalizar Hussey apresentou “Swan Song“, do mais recente álbum do The Mission, que semanas antes havia se apresentado naquele mesmo Carioca Club.
Antes de deixar o palco Wayne atira sua garrafa de vinho para os fãs mais próximos a grade, molhando e divertindo todos que próximos ali estavam. Ele sai de cena se despedindo em português (Lembrando que sua esposa Cintia é brasileira, Hussey mora há alguns anos no país).
Chega então a vez da grande atração da noite, as cortinas se abrem e lá está o padrinho da música gótica, vestindo uma camisa roxa escura com sua tradicional pose imponente, enquanto a banda começa a tocar “Hung Up“, faixa que gerou o primeiro clipe do recente álbum, porém não dava para deixar de notar os problemas com o áudio, o microfone baixo de Peter incomodou não só o mesmo, mas também o público, que ao final da música organizou um coro pedindo pelo aumento do microfone.
O show seguiu com “Low Room“, “Low Tar Stars“, “Memory Go” e “Peace To Each“, estas duas últimas presente no ESPETACULAR álbum “Ninth” de 2011, conhecida por parte dos presentes que cantaram os versos.
Os problemas no áudio continuavam e todos percebiam claramente que Peter não estava confortável com aquilo, a todo tempo ele dava instruções com as mãos sobre a regulagem, porém em momento algum ele foi deselegante, a ponto de dar chilique ou algo do tipo.
“Deep Ocean Vast Sea” clássico do álbum “Deep” veio na sequência para levantar o público, tivemos ainda “Gaslit“, faixa bônus do álbum “Ninth” que vem sendo executada em todos os shows da turnê de Lion, o baterista Nick Lucero marca o ritmo da faixa apenas com o bumbo e um chocalho.
“Eliza” e “Holy Clown” vieram em seguida. O problema no áudio parecia enfim ter sido resolvido, ainda bem pois “Strange Kind Of Love“, “Silent Hedges” e “She’s in Parties” vieram na sequência, sendo essas duas ultimas grandes clássicos de sua ex-banda, Bauhaus, que o consagrou como o “The Godfather Of Goth” para muitos esse era o momento mais esperado do show.
“Velocity Bird” e “The Prince & Old Lady Shade” vieram para finalizar a primeira parte do show, ambas presentes no álbum “Ninth“, sendo que está segunda foi apontada pela critica como a melhor deste trabalho, durante sua execução Peter lança para cima um punhado de pétalas de rosas vermelhas, que cobrem os seus ombros até ele sair de cena.
Após um curto intervalo ele retorna com seu violão, era a vez de “Cut’s You Up“, provavelmente o maior sucesso de sua carreira solo, sem dúvida, a mais conhecida pelo público que cantou a letra inteira.
Ainda na levada violão e voz tivemos “Lion“, faixa-título do novo álbum e “Uneven & Britle“, Peter se despede do público enquanto a banda ainda toca os versos finais.
Ao final do show podíamos ouvir várias opiniões controversas dos presentes, alguns detestaram e outros adoraram, ao meu ver a decepção veio para aqueles que esperavam um show parecido com o do ano passado, onde Peter comemorou 35 anos de Bauhaus e dedicou a maior parte de seu set a sua ex-banda. Já para aqueles que são adoradores de seu trabalho além da Bauhaus, o show foi excelente, apesar de parte do set ter sido dedicada ao seu recente e polêmico trabalho ,”Lion“, tivemos uma parte dedicada ao “Deep“, e outra ao “Ninth“, álbum lançado em 2011 que foi apontado por revistas e sites especializados como SuicideGirls, Revolver, Loudwire, Bilboard e BBC Music, como o seu melhor trabalho solo desde “Deep“, inclusive muitos ficaram decepcionados quando o show de Peter que aconteceria em 2012 no CineJoia, que correspondia ao da turnê de “Ninth“, foi cancelado.
O único fator que realmente incomodou tanto os fãs da Bauhaus como os de sua carreira solo, foi a questão do som.
No período da tarde daquele dia, ocorreu naquele local (Carioca Club) uma tarde de autógrafos com uma cantora do grupo musical “Rebeldes”, atrapalhando assim a passagem de som para o show de Peter, porém as pessoas que compram ingressos não tem nada haver com isso e mereciam um show com mais qualidade nesse aspecto.
Outra coisa que chamou bastante atenção de todos foi o comportamento de Peter, que parecia estar incomodado a todo estante, não sei se por causa do som ou se ele realmente já estava cansado da turnê, foi poucas vezes ao microfone para conversar com o público (se comparado ao show de 2013, onde ele falou bastante de seu álbum Lion, que estava para ser concluído), e em nenhum momento instigou o público a cantar ou vibrar com o show.
Para finalizar, poucos nomes da música gótica fariam um fã do estilo vestir sua roupa preta, caprichar na maquiagem e sair de casa as 17 horas em um Sábado de muito sol na capital paulista. Os fãs que lotaram o Carioca mostraram que a cena Darkwave ainda é forte no país, sem dúvida é um estilo que carece de eventos internacionais e que merece mais atenção dos produtores.
SETLIST:
Wayne Hussey
1- The Killing Moon (Echo & The Bunnymen)
2 – Like A Child Again (The Mission)
3 – All Along The Watchtower (Bob Dylan)
4 – Amelia (The Mission)
5 – Black Mountain Mist (The Mission)
6 – Wither On The Vine (Wayne Hussey Solo)
7 – Stay With Me (The Mission)
8 – Severina (The Mission)
9 – Wasteland/ Like A Hurricane (The Mission)
11 – Swan Song (The Mission)
Peter Murphy
1 – Hang Up
2 – Low Room
3 – Low Tar Stars
4 – Memory Go
5 – Peace to Each
6 – Deep Ocean Vast Sea
7 – Gaslit
8 – Eliza
9 – Holy Clown
10 – A Strange Kind of Love
11 – Silent Hedges
12 – She’s in Parties
13 – Velocity Bird
14 – The Prince & Old Lady Shade
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15 – Cuts You Up
16 – Lion
17 – Uneven & Brittle
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Tags: Peter Murphy • Wayne Hussey
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