Resenha – Dark Tranquility, Eye of the Enemy, Naugrim (Sydney, Austrália) – P
Postado em 28/02/2025


A abertura da noite ficou a cargo da banda Naugrim, uma proposta híbrida de Metalcore, Black e Deathcore originária das Blue Mountains, Austrália. O show, marcado por sua intensidade e concisão, iniciou com uma faixa inédita, que não figura em sua breve discografia, composta apenas por um single e um EP. A introdução da música remeteu à atmosfera de Wings for Marie (Pt. 1), do Tool, criando uma introdução tensa e envolvente, antes de desembocar em um death metal cadenciado, que alternava entre guturais profundos e vocais berrados, uma marca registrada do estilo da banda.

Na sequência, o grupo emendou a segunda música, mantendo a mesma intensidade e energia do começo. Após o término da faixa, o vocalista fez questão de expressar sua gratidão ao público, agradecendo a presença e destacando o tempo limitado que tinham no palco. Eles seguiram com “Desolation”, uma das faixas mais impactantes da apresentação, imediatamente seguida por “From the Ashes”, sem grandes interrupções ou discursos, mantendo a energia sempre elevada.

Antes de continuar, o vocalista voltou a se dirigir ao público, agradecendo aqueles que chegaram cedo para apoiar a banda. Ele anunciou “The Hatred” (pelo que consegui entender) e, em seguida, apresentou outra faixa que, provavelmente, estará no próximo álbum da banda. O show, com 30 minutos de duração, encerrou-se sem rodeios, deixando uma impressão de força e direcionalidade, apesar da curta duração.

Com um setlist direto e sem muitas firulas, Naugrim conseguiu transmitir sua proposta de maneira eficiente, destacando-se pela fusão de estilos e pela energia no palco. Fica a expectativa para os próximos passos da banda, que certamente têm potencial para evoluir ainda mais com sua proposta agressiva e técnica.

Naugrim

A segunda atração da noite foi a veterana banda de Death Metal Eye of the Enemy, que carrega mais de 15 anos de experiência na cena underground australiana. O show teve início com duas faixas do mais recente EP da banda, “Only Equals Negotiate”, lançado em 2024: “Lorem Ipsum” e “[Redacted]”, mostrando que a banda continua firme em sua proposta de oferecer um death metal técnico e melódico.

O vocalista Mitch Alexander, de forma descontraída e amistosa, agradeceu ao público presente, criando uma atmosfera próxima e calorosa. Eye of the Enemy apresentou um Death Metal técnico, com uma pegada melódica que remete a algumas das grandes bandas de Gotemburgo, característica que sempre foi um ponto forte da banda ao longo dos anos.

Em seguida, a banda emendou com “Clay”, faixa de abertura do álbum Titan (2019), dando continuidade à sua proposta musical com riffs pesados e bem elaborados. Duas faixas do álbum The Vengeance Paradox (2014) também marcaram presença: “The Vengeance Paradox” e “The March”, seguidas de “The Shift”, mantendo o nível técnico e a intensidade de sua performance.

O show chegou ao seu ápice com “Paradigm of Penance”, encerrando a apresentação de pouco mais de 30 minutos com muita energia e envolvimento. A banda foi calorosamente ovacionada ao final, recebendo o reconhecimento do público, que certamente já acompanhava o trabalho de Eye of the Enemy há anos.

Com uma apresentação sólida e bem executada, Eye of the Enemy demonstrou seu domínio do Death Metal técnico e melódico, conquistando não apenas os fãs mais antigos, mas também deixando uma marca positiva naqueles que os conheciam pela primeira vez.

Eye of the Enemy

Chegada a vez da banda principal da noite, os veteranos do metal sueco Dark Tranquillity, que subiram ao palco do tradicional Crowbar por volta das 22h15. O show teve início com duas faixas do mais recente álbum da banda, Endtime Signals, lançado em 2024. A primeira, “The Last Imagination”, trouxe uma atmosfera melancólica, seguida por “Nothing to No One”, mantendo a energia do público nas alturas desde o início.

O vocalista Mikael Stanne, sempre com seu sorriso característico, agradeceu calorosamente ao público e expressou a felicidade de estar de volta ao país após mais de 10 anos sem tocar por aqui. Ele comentou que a ausência não se deu por falta de vontade e garantiu que a noite estava prometendo grandes momentos. Em seguida, questionou se o público estava pronto para mais Death Metal, e imediatamente emendou com “Hours Passed in Exile”, do álbum Damage Done (2002), seguido pela nova faixa “Unforgivable” e “Atoma”, música-título do álbum de 2016. Durante “Atoma”, Stanne incentivou o público a bater palmas acompanhando o ritmo, algo que a plateia fez com entusiasmo.

A noite seguiu com uma das faixas mais conhecidas da banda, “Terminus (Where Death Is Most Alive)”, com grande participação do público, que cantava e se entregava à energia da música. Ao final, Stanne anunciou que iriam tocar uma faixa rara, uma música “obscura” que não era tocada há muito tempo, “Cathode Ray Sunshine”, recebida com muito apreço pelos fãs.

Sem avisos prévios, a banda emendou com a faixa “Not Nothing”. Em seguida, Stanne compartilhou uma curiosidade sobre uma música gravada anos atrás, “Empty Me”, que originalmente parecia impressionante no estúdio, mas não teve o impacto esperado ao vivo devido à sua complexidade técnica. A música nunca havia sido tocada ao vivo até aquele momento, mas, devido à habilidade dos músicos presentes, foi finalmente executada, arrancando aplausos da plateia. A sequência continuou com “Phantom Days”, do álbum Moment (2020).

Logo após, foi a vez de uma das faixas mais emblemáticas da banda, “ThereIn”, com o público acompanhando o refrão de forma empolgada e cantando junto, criando um momento de grande conexão entre a banda e os fãs. A banda fez uma breve pausa, enquanto o público gritava por mais músicas. Retornando ao palco, Stanne anunciou com entusiasmo a clássica “The Wonders at Your Feet”, do álbum Haven (2000), uma verdadeira obra-prima do grupo. Ele aproveitou a oportunidade para agradecer novamente ao público pela calorosa recepção e prometeu não demorar tanto para retornar ao país.

A performance continuou com a pesada “Lost to Apathy”, do álbum Character (2005), executada com toda a força e energia característica do grupo. Para encerrar, Stanne agradeceu novamente ao público pelo apoio constante ao longo dos anos e anunciou que ainda havia mais uma música. “Misery’s Crown”, uma das faixas mais celebradas da banda, fechou a noite com um pequeno coro de fãs que acompanhavam as linhas de teclado e a letra durante o refrão.

Com isso, o show chegou ao fim após pouco mais de uma hora e dez minutos de uma performance impecável, deixando o público extasiado e com a certeza de que Dark Tranquillity permanece sendo uma das bandas mais influentes e respeitadas do metal melódico.

 

Resenha: Thiago Matos – Fotos: Marília Cuenca

 

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