“Brazilian Metal Hurricane”, é assim que a banda de Heavy Metal Shadowside é conhecida por seus fãs. E não é a toa, formada em 2001 em Santos, o quarteto integrado por Dani Nolden (Vocal), Raphael Mattos (Guitarra), Fabio Carito (baixo) e Fabio Buitvidas (Bateria), já lançaram três CDs de estúdio sendo ”Inner Monster Out”, seu último trabalho que recebeu muitos elogios dos fãs e dá mídia especializada. Ganhadora do prêmio de melhor álbum de Metal/Hardcore em um dos concursos mais importantes da música independente o “The Independent Music Awards”, a banda mostra à que veio. E eles não param por aí! O quarteto que já tocou ao lado de lendárias bandas como, W.A.S.P, Helloween, Nightwish e Iron Maiden, agora, iniciará uma longa tour, a “Hellish Rock Tour part II”, ao lado dos alemães do Helloween e Gamma Ray. Em conversa com A Ilha do Metal, Dani Nolden e Fábio Buitvidas contaram sobre o início de tudo, sua fase atual e os planos para o futuro. Confira:
1. Como você começou a escutar Heavy Metal e quando decidiu começar a cantar e ter uma banda?
Dani: Comecei a escutar Heavy Metal por volta dos doze, treze anos de idade e aos quinze, comecei a brincar com a ideia de ter uma banda. Eu não levava música muito a sério nessa época, eu jogava futebol e esporte era praticamente minha vida, chegando até a jogar nas categorias de base do Santos F.C. Passei a formar bandas por diversão e a ideia de ser atleta profissional me interessava cada vez menos, enquanto a paixão por música crescia em mim cada vez mais, a ponto de me fazer abandonar tudo para ter tempo para aprender mais sobre música e ensaiar com as bandas. Eu fazia músicas nos intervalos da escola e tinha muita vontade de dar vida a elas, de tocá-las em shows e registrar criações minhas ou dos meus companheiros de banda. Foi com esse objetivo em mente que criei a banda Shadowside. Inicialmente sem grandes pretensões, apenas com vontade de criar algo e ver até onde isso me levaria.
2. A banda foi formada em 2001, em Santos. Como tudo começou?
Dani: Com um bando de moleques que não sabia muito bem o que estava fazendo (risos). Nós tínhamos vontade de criar e achávamos que não faria muito sentido sair fazendo shows sem um material em mãos, então a banda nasceu praticamente no estúdio. Não queríamos começar logo com um álbum, porque não tínhamos orçamento pra isso, então fizemos um EP, que acabou nos abrindo muitas portas. Nós éramos muito jovens, o mais velho na banda tinha dezoito, dezenove anos, o mais novo tinha quinze, dezesseis. Acredito que as pessoas gostaram daquele trabalho mais pelo potencial que tínhamos, e não tanto pela qualidade, é claro… éramos inexperientes, estávamos começando em todos os sentidos, mas acabamos abrindo espaço para os materiais futuros, melhores. Foi um início bem espontâneo, inocente e divertido.
3. Quais são suas maiores influências musicais?
Dani: Eu escuto tanta coisa diferente… Comecei escutando rock com bandas como Guns n’ Roses, Skid Row, e depois naturalmente passei a escutar Heavy Metal, comecei com bandas como Iron Maiden, Judas Priest e então a coisa foi ficado cada vez mais pesada (risos). Mas, tem muita coisa que me influenciou de uma forma ou outra. Desde Queen a In Flames.
4. O público está aceitando melhor bandas com mulheres no vocal, coisa que não acontecia antigamente, você já passou por alguma dificuldade por ser mulher e cantar Heavy Metal e acha que ainda há preconceito com mulheres?
Dani: Não acho que existe qualquer preconceito, não nos dias de hoje. Mesmo aquelas pessoas que dizem não gostar de vocais femininos não costumam dizer isso por simples machismo, essas pessoas apenas não gostam da voz tipicamente feminina no Heavy Metal, porém se escutam uma voz que os agrada, eles escutam e dizem que gostam. Acho que não existe alguém tão pouco esclarecido atualmente para recusar música feita por mulher simplesmente porque é feita por mulher! Se a pessoa gosta do que está ouvindo, isso basta. Minha única dificuldade por ser mulher é me manter maquiada e penteada morando dentro de um tourbus por dois meses (risos). As meninas e mulheres de hoje podem fazer o que tiverem vontade, podem cantar, tocar, casar ou não, ter filhos ou não. O mundo mudou, mas muitas mulheres ainda não perceberam isso. Se a música é boa, o fã não vai questionar se foi feita por homem, mulher ou assexuado.
Fabio: Sinceramente, até eu tinha um certo preconceito com mulheres cantando, não por serem mulheres, mas por conta do timbre da voz. Eu, como baterista, prefiro que à minha frente estejam mulheres tocando porque a vista é muito mais agradável (risos). Na verdade, o que importa é a musica e não quem a está tocando ou cantando. Há vocalistas bons e ruins e isso independe do sexo. Ocorre que, antigamente não era muito comum nem ao menos você ver mulheres nesse meio, eram poucas e, certamente, elas não deviam sentir-se muito à vontade para cantar. Porém, temos o exemplo da Doro Pesch que era uma desbravadora e, certamente, hoje, é muito comum termos mulheres à frente das bandas. Particularmente não aprecio o estilo lírico que uma boa parte das vocalistas femininas parece sentir-se mais à vontade, prefiro o estilo em que a Dani se encaixa, pois está alinhando com meu gosto musical e é bom que tenhamos mulheres cantando, ou tocando, independente do meu gosto pessoal valorizo a todas, e isso não é mais uma tendência. E eu sempre gostei de mulheres cantando, sou fã de cantoras como a Andrea Corr, Oleta Adams, que nada tem a ver com Heavy Metal e a menina que era do Gathering. Gosto de cantoras com atitude, fizemos um show um tempo atrás e vi uma menina cantando na banda Hellish War, ela não está mais com eles, mas era uma vocalista de atitude, bem diferente daquelas que parecem uma cópia da cantora do Evanescense.
5. Você comentou que é difícil manter-se maquiada e penteada na estrada. Há alguma história engraçada ou mesmo estranha que aconteceu durante uma turnê, que você sempre se lembrará?
Dani: Teve uma situação que aconteceu na turnê que fizemos com o W.A.S.P. A maioria das casas de espetáculos na Europa tem chuveiros, raramente ficamos em hotel. Tomamos banho no local do show e dormimos no ônibus enquanto seguimos viagem. Porém, não me lembro se foi na Polônia ou na Lituânia – foi algum país do leste europeu – a casa tinha apenas um chuveiro e ele ficava dentro do camarim do W.A.S.P., portanto nós só tínhamos autorização para utilizá-lo enquanto eles estavam no palco. Depois, o camarim seria de uso exclusivo do W.A.S.P., naturalmente. Eu fui a última a tomar banho aquele dia porque os espertinhos da minha banda foram correndo antes de mim com medo que eu demorasse (risos). Então na minha vez, eu sabia qual era meu “tempo” pois já sabia todo o setlist do W.A.S.P., quando eles entrassem na música “The Idol”, eu tinha que estar terminando. Consegui tomar banho a tempo, mas minha maquiagem é à prova d’água e não sai facilmente apenas lavando o rosto com sabonete, preciso passar um produto, especialmente nos olhos. E eu tinha que correr… terminei o banho faltando alguns segundos para que eles entrassem no camarim e saí correndo com o cabelo pingando, descalça, carregando as roupas sujas e deixando cair tudo pelo caminho, parecendo um panda por causa da maquiagem borrada (risos). Tive que esperar com aquela cara de guaxinim até que eles liberassem o camarim para só então eu terminar minha higiene, tudo para que eles não me encontrassem saindo de toalha (risos). Mulher na estrada tem que saber improvisar e saber se maquiar com o ônibus em movimento (risos).
6. O que você acha dessas votações que alguns sites fazem para escolher as mulheres mais bonitas não levando em conta o talento musical delas?
Dani: As pessoas gostam de pesquisas e gostam de ter suas opiniões ouvidas. Essas votações não me incomodam… como você disse, é apenas uma pesquisa sobre beleza e acho que uma coisa não interfere com a outra. Também existem essas pesquisas com homens… quem é o homem mais sexy, mais bonito, mais charmoso, etc. Isso tudo é opinião e comentário do público, eles tem o direito de achar alguém bonito ou bonita e falar sobre isso. O problema é quando a mulher passa a se preocupar com essas votações e transforma a própria aparência em algo mais importante do que a música. Quando isso acontece, ela deixou de ser musicista e passou a ser modelo, na minha opinião. Para mim, a música sempre está em primeiro lugar… ninguém vai ser uma bela moça eternamente, não é mesmo?! E uma carreira baseada na beleza e não no talento vai provavelmente acabar mais cedo, já que os fãs vão acabar indo embora quando a natureza transformar a bela mulher em uma senhora talvez não tão atraente.
7. O que você diria para meninas que querem começar uma banda?
Dani: Sejam sempre vocês mesmas! Não tente ser eu ou a Angela Gossow, Tarja Turunen ou Doro Pesch. Seja você mesma, você é única e ninguém mais pode ser você, aí está a sua maior vantagem. Use o que você tem de diferente, explore isso. Se alguém falar que você não tem talento, não acredite! Muitas pessoas vão dizer isso por pura maldade, despeito ou falta de conhecimento. Escute as críticas construtivas e trabalhe para melhorar. Mas, também não acredite quando alguém falar que você é a melhor. Se você acreditar, vai acabar deixando de praticar, de buscar melhorar, de aprender coisas novas e sempre existe algo a aprender. Tenha alguém de confiança para aconselhá-la… alguém que se importe com você, mas que não vá te dizer que está excelente apenas para te agradar. Alguém que fale a verdade e não tenha medo de te dizer que precisa melhorar. Quem está começando não precisa do amigo que vai ao ensaio dizer que você é melhor que o Iron Maiden… precisa de alguém que te ajude a conter a empolgação e te mostre os erros. É como no esporte… o treinador não está lá para agradar e dar tapinhas nas costas, ele está lá para tirar o melhor do atleta e todo músico precisa de alguém assim. Mas antes de qualquer coisa, ame o que você faz. Não faça pensando em ser rockstar ou por dinheiro, faça porque ama. Sem paixão pela música, a vida na estrada, sem sua família, sua casa e tempo livre acabam se tornando insuportáveis.
8. O Shadowside já tocou ao lado de muitas grandes bandas, como Iron Maiden, Sepultura, W.A.S.P., Nightwish, Helloween. Como foi se apresentar ao lado dessas bandas e o que elas acrescentaram para você na sua carreira?
Dani: Sempre foram experiências muito interessantes e grandes desafios. A posição de uma banda de abertura é delicada, você tem que se apresentar antes da banda favorita de muita gente, que pagou caro pelo ingresso e está ansiosa para ver a banda principal começar a tocar, porque vieram de longe, estão esperando há anos pelo show e ficaram na fila por horas. Muitos não querem uma banda de abertura, especialmente quando não a conhecem. É sempre muito legal ter a oportunidade de tocar com uma grande banda, mas você não tem como prever a reação do público, mesmo se parte do público já te conhece e gosta de você. O show com o Nightwish foi a primeira vez que fomos colocados nessa situação e os 5 minutos antes de começarmos a tocar foi de pânico generalizado dentro do nosso camarim (risos). Era o sexto show da banda e todos nós éramos adolescentes, estávamos apenas começando… alguns dias antes, estávamos eufóricos, mas quando percebemos que era tudo real e estávamos no palco do Credicard Hall frente a 7.000 pessoas, ficamos preocupados. E se o público não gostasse? Nós não tínhamos ideia do que poderia acontecer! Felizmente, o público nos aceitou logo na primeira música e vibrou o tempo inteiro. Com o Helloween foi a mesma coisa, e foi dessa forma que entendemos como funciona ser a banda de abertura: você deve fazer um show curto, intenso e nunca passar do limite. Não adianta querer tocar 1 hora. Se você não der seu recado em 15 minutos, não vai dar em 30 ou 60, ao contrário; o público vai acabar de saco cheio. É melhor tocar meia hora ou 45 minutos e deixar os fãs com a sensação de não saber o que os atingiu (risos). Cada show nos ensina um pouco mais e a turnê com o WASP sem dúvida nos fez crescer como banda, como músicos e como pessoas. Adquirimos muita confiança durante esses quase dois meses com eles, foram shows praticamente diários em 17 países e isso sem dúvida nos deu a estrutura emocional e o profissionalismo necessários para poder encarar o show com o Iron Maiden, quando tocamos para 18 mil pessoas.
Fabio: Eu comecei a ouvir esse estilo de musica quando eles começaram, lembro bem do WASP quando ele apareceu, ou do Iron Maiden. Naquela época não havia shows no Brasil, o máximo que tivemos foi Van Halen, Kiss e Queen e só anos depois o primeiro Rock In Rio, e não havia internet, não havia vídeos, não havia nem os discos das bandas, portanto qualquer um era tido como uma verdadeira entidade. Tudo parecia muito distante e isso certamente contribuiu para que tudo fosse mais especial. Anos mais tarde você tem a oportunidade de estar com estas mesmas pessoas…é como se você tivesse obtido um passe para entrar naquele mundo do qual você tinha certeza de que era uma fantasia irreal e então você está lá, fazendo parte disso e, certamente, tornando-se exemplo para outras pessoas da mesma forma que você se sentia…a sensação é indescritível, e se você sabe se portar e toca numa banda que sabe se respeitar a experiência é melhor ainda.
A banda, como um todo, cresce muito com essas experiências porque é um mundo completamente diferente daquele de quando você toca em um bar de rock da cidade, é uma imensa estrutura profissional e você aprende muito com aqueles que já estão no negócio há tanto tempo…tirando eu, que sou já um senhor, o restante da banda ainda nem havia nascido quando muitas destas bandas estavam começando.
9. Em 2009, vocês iriam abrir pro Iron Maiden, mas o show acabou sendo cancelado por causa da forte chuva. Já em 2011, vocês conseguiram tocar, mas a barricada de segurança não conseguiu segurar os fãs fazendo com que o show do Iron fosse cancelado. Como se sentiram com esses acontecimentos e como foi tocar para aquela multidão que estava esperando pelo Iron no Rio de Janeiro?
Dani: Aquele dia em 2009 foi um dos piores dias da minha vida. Não existe algo mais frustrante que realizar um sonho e algo fora do seu controle arrancar isso de você. Posso dizer com certeza que é melhor não ter do que estar tão perto de conseguir e perder, especialmente porque eu sabia o que viria a seguir. Como fomos chamados de última hora, três dias antes do evento, nos acusaram de ter inventado que abriríamos para eles e não ser verdade, outros diziam que eu havia brigado com a Lauren Harris, que tocaria depois de nós naquele dia. Eu passei uma semana sem vontade de fazer qualquer coisa e nem lia meus e-mails. Não queria saber de banda. Depois dessa semana, decidi parar com a bobagem e fui à luta (risos). Decidi que não deixaria isso acabar com meu trabalho, especialmente porque se chamamos a atenção do Rod Smallwood, empresário do Iron Maiden, a ponto de ele nos escolher como a banda de abertura e justificar para todos os fãs do Iron Maiden no blog oficial deles o motivo de nós não termos tocado, tínhamos alguma coisa interessante. Passei a ver esse episódio pelo lado bom e torci para que algum dia tivesse uma nova oportunidade de abrir para o Iron Maiden, que aconteceu em Março de 2011, novamente em cima da hora. Dessa vez, nós não divulgamos uma palavra sequer, só em caso de algum acontecimento como o de 2009 (risos). Fizemos nosso show, foi simplesmente maravilhoso, o público nos recebeu incrivelmente bem, fomos muito bem tratados pela equipe do Iron Maiden, mais uma vez. Nossa equipe já havia percebido que algo parecia errado com a grade, mas não imaginamos que poderia quebrar. Assim que o Maiden entrou, creio que com um minuto de show, a grade cedeu. Depois de nos certificarmos que não havia confusão e que ninguém havia se machucado com gravidade, a piada apareceu… alguma força misteriosa acontece quando Iron Maiden e Shadowside tocam no mesmo espaço! (risos) Só espero que apenas coisas boas aconteçam em uma próxima vez!
Fabio: Concordo com a Dani, em termos de banda foi o pior dia da minha vida, e aquilo levou, inclusive, a influenciar negativamente minha vida pessoal de forma que posso dizer, com certeza que, foi um dos piores dias da minha vida. Imagina que sua banda é chamada para tocar com o Iron Maiden num show com centenas de milhares de pessoas, estamos falando só de um dos maiores ícones da musica mundial e do qual sou fã desde sempre. Então você se prepara, fica ansioso…cheguei em Interlagos bem cedo com meu equipamento, ficamos pacientemente aguardando nossa vez, ansiosos, até que uma tempestade se forma e leva com ela nossa alegria já que acabamos tendo nossa oportunidade “lavada” pela chuva. Claro que a banda principal não pode ser prejudicada em função de uma banda de abertura, e não temos absolutamente o que reclamar da atitude deles que, aliás, foi de extrema elegância. Uma banda daquele porte se dar ao trabalho de conversar conosco, nos dar explicações só mostra o profissionalismo e respeito deles para com os colegas de profissão e o público em geral.
Em 2011 eu nem contava com isso, porém fomos pegos de surpresa com um novo pedido para que tocássemos… parece que sempre tem que haver algum problema e, desta vez, nós tocamos e eles não. Lembro do Adrian Smith assistindo ao nosso show ao lado do palco e não consigo deixar de pensar que ele nunca mais queira ouvir falar de nós…em 2009 trouxemos a chuva e não tocamos e em 2011 o caos se instalou e ELES não tocaram (risos). Mas, também devemos ressaltar o respeito de todos conosco, nos dando até tempo de fazer nosso soundcheck, atrasando nossa entrada para esperar que o público já estivesse no recinto. Quando houve o problema na grade eu fui até lá ajudar a segurá-la e tentar endireitar, trabalho com produção de shows e estou acostumado com esse tipo de coisa e então o road manager deles aparece ao meu lado e fala: “Que porr* você está fazendo?” e eu respondi: “Cala a boca e ajuda ! todo mundo quer ver o Maiden tocar hoje!!!”
10. Esse ano a banda lançou o disco “Inner Monster Out”, o que ele traz de diferente em relação aos discos anteriores?
Dani: Ele é muito mais maduro e muito mais pesado, e o que mais tem identidade, sem dúvida alguma! Nós usamos o que nossos trabalhos anteriores tinham de melhor, como as melodias marcantes, a energia e acrescentamos as novidades. Não rotulamos coisa alguma e não tivemos medo de colocar o que gostamos e o que somos. Nós quatro temos gostos muito diferentes entre nós, mas nenhum de nós tentou seguir nossas influências pessoais. Não estávamos tentando soar como nossas bandas favoritas, apenas buscamos criar algo novo, diferente, que pudesse agradar a cada um de nós. Deixamos a personalidade de todos nós aparecer, de forma balanceada… Fabio, por exemplo, não é um grande fã de Metal moderno, ele mal conhece, na verdade. Mas ele ficou extremamente satisfeito com o toque moderno que colocamos, porque conseguimos manter as nossas raízes. Chegamos a um som atual, vibrante e sem excessos. Primeiro a música, depois nossas habilidades individuais.
Fabio: Exatamente isso. Sou totalmente Old School, não faço a menor ideia de como sejam as bandas atuais, meu coração bate por bandas como Venom, Testament, Anthrax, Queesnryche, Slayer, mas, confesso que ouço mais outros estilos de musica como Tears for Fears, Duran Duran, Marillion. Mas, é isso que faz com que tenhamos esse tipo de som porque não dá pra sentarmos e compormos uma musica baseado em uma influência. Se o Raphael vem com um riff cheio de harmônicos que eu não gosto, eu coloco uma bateria que faz com que o riff continue igual, mas soe completamente diferente, e isso não é calculado acontece porque minha referência musical é completamente diferente da dele.
11. Você tem alguma faixa preferida nesse novo disco?
Dani: Tenho várias (risos). As músicas que eu mais gosto de cantar são Angel with Horns, My Disrupted Reality, A Smile Upon Death, I’m Your Mind e Waste of Life. São músicas muito intensas e estão funcionando muito bem ao vivo. Angel with Horns e My Disrupted Reality são faixas muito interessantes, em minha opinião, porque soam simples, mas tem várias partes diferentes, nós exploramos bastante, tanto a banda quanto a minha voz. Nós não tivemos medo dessas músicas não serem comerciais o suficiente, nós decidimos deixar a criatividade fluir e ver até onde isso iria. Angel with Horns saiu grudenta, divertida, mas pesada, durante a gravação ela ficou na cabeça de Henrik Udd, assistente do Fredrik Nordström, que foi quem produziu o disco. Todos os dias, ele chegava ao estúdio cantarolando a música e às vezes durante o dia sem perceber. Acho que a música o deixou meio louco (risos). I’m your Mind e Waste of Life são as músicas nervosas, para bater cabeça, enquanto a Smile Upon Death é mais cadenciada e sombria. Acredito que essas são as faixas que resumem bem do que se trata o disco. Um pouco de obscuro, um pouco de agressividade e um pouco de diversão.
Fabio: Ouço falar de artistas que fazem um álbum e depois não o ouvem. Entendo que você fica imerso na criação e depois se cansa, mas eu simplesmente não consigo parar de ouvir este álbum. Há musicas que eu gosto mais e outras menos, mas estou 100% satisfeito com ele, desde as composições, timbres, execução, e principalmente, o clima das gravações. Foi um mês fantástico e esperamos repetir essa experiência em breve.
12. Como aconteceram as participações e como foi trabalhar com o Roger (Ultraje a Rigor), Björn “Speed” Strid (Soilwork), Mikael Stanne (Dark Tranquillity) e Niklas Isfeldt (Dream Evil) no novo disco?
Dani: Trabalhar com eles foi fácil, como qualquer um sabe, são todos extremamente competentes e o resultado ficou ainda melhor do que eu esperava. Com os três suecos, a ideia foi contar uma história na letra, de um investigador confuso, desconhecendo o próprio caráter ao seguir os passos de um assassino em série cruel, sendo obrigado a entender seus motivos, sua forma de pensar. Então temos o investigador, as vozes na cabeça dele, o assassino e estamos todos nós, eu e Björn, Mikael e Niklas contando essa história, conversando entre nós. Foi muito legal trabalhar com eles. Nós os tiramos um pouco das suas zonas de conforto porque Shadowside é bem diferente do que eles fazem, então pudemos fazê-los cantar algo com o qual não estão acostumados, mas eles também puderam trazer um pouco das suas personalidades para a Shadowside. O resultado final foi algo que me deixou muito orgulhosa do que todos nós conseguimos criar e a experiência de cantar com eles foi ótima para mim. Sobre Roger, nem tenho palavras. Ele é uma lenda e foi incrível tê-lo no disco. Nós pedimos autorização a ele para regravar “Inútil”, do Ultraje a Rigor, e fazer uma versão Metal da música. Ele aceitou e quando terminamos a gravação, enviamos a ele e pedimos para que ele participasse. Para nossa surpresa e alegria, ele gostou e topou. Ele é um cara divertido, muito fácil de trabalhar e é uma honra para mim gravar uma música composta por ele, com a participação dele.
Fabio: Lembro que eu havia saído com o Raphael e o Piccoli para o centro de Gotemburgo, pegar uma grana ou coisa assim e, ao voltar ao estúdio, estavam esses malucos sentados na control room e o Niklas se esgoelando no estúdio e então ouvimos o que eles haviam gravado. Como tínhamos as demos na cabeça aquilo tudo soou surpreendente porque estávamos acostumados com o que havíamos criado antes e foi uma surpresa das mais positivas quando vimos o resultado final.
13. Qual é o artista, com quem você nunca trabalhou e gostaria de ter como convidado em algum álbum da Shadowside?
Dani: Eu não costumo compor com alguém em mente, na verdade, nós nunca pensamos em convidados antes do Inner Monster Out, mas por ter crescido muito influenciada por ele, eu gostaria de algum dia ter um cara como o Sebastian Bach fazendo uma participação conosco. Acho que ficaria interessante!
14. Recentemente, foram anunciados alguns shows no Nordeste do Brasil. Como surgiu a ideia desta tour? Estão muito ansiosos?
Dani: A vontade de fazer a turnê já é muito antiga, mas a distância sempre dificultou um pouco as coisas. Fizemos várias tentativas de organizar alguma coisa no passado, mas sempre esbarramos no custo, ficava caro para os produtores locais nos levarem pra lá, tinha que acontecer tudo perfeitamente pra podermos fazer ao menos seis shows, para que essa despesa pudesse ser dividida entre mais gente. Felizmente dessa vez tudo funcionou e oito shows foram marcados. Estamos muito ansiosos, sem dúvida, e muito felizes, pois finalmente vamos ver de perto a paixão pelo metal do povo do Norte e do Nordeste de perto!
15. O “The Independent Music Awards” é um importante concurso que premia bandas independentes de todos os cantos do globo. Vocês venceram na categoria melhor álbum de “Metal/Hardcore” por voto popular, e concorreram ao lado de grandes bandas. Qual é a sensação de ter levado este prêmio internacional? E quais os planos de vocês para este ano, além da tour Nordeste?
Dani: Foi uma surpresa enorme, especialmente por termos vencido por voto popular. Nós não imaginávamos que estávamos grandes o suficiente para ter chance de vencer um concurso desse porte pela escolha do público. Quando fomos anunciados como vencedores, eu achei que era email de phishing, spam, alguma coisa assim (risos). O resultado de tudo isso é que faremos uma turnê de 37 shows como convidados do Helloween e Gamma Ray em 2013. Este ano, tocaremos pelo Brasil e no ano que vem, provavelmente faremos a turnê mundial mais extensa da nossa carreira até hoje.
16. Obrigado pela entrevista, o espaço é seu agora para falar o que desejar:
Dani: Obrigada pelo apoio! Espero que curtam o novo álbum Inner Monster Out, venham nos visitar no Facebook e dizer quais músicas vocês mais gostaram, são os fãs que decidem nosso setlist! Nos vemos logo, batendo cabeça em algum show!
Fabio: Obrigado a todos.
Por: Carol Albuquerque e Bruno Bergamini
Fotos: Divulgação, Bruno Bergamini e Irisbel Mello
Categoria/Category: Entrevistas
Tags: Entrevista • Shadowside
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