Shaman @ HUB – Rio de Janeiro/RJ (02/12/2018)
Postado em 07/12/2018


Texto e foto por Luis “carlinhos” Carlos

Anunciada a volta do Shaman em sua formação mais clássica, a expectativa era a de que seus shows correspondessem a altura das grandes apresentações que fizeram no passado e tive a oportunidade de assistir mais de uma vez, assim como lançamento ode
dois discos que agradaram em cheio os fãs. Ainda que o segundo, “Reason”, não tenha sido tão compreendido pela simplicidade intencional de quem queria ir contra a tudo que a banda fez em seu primeiro disco, o aclamado “Reason”. Além do baterista Ricardo Confessori, baterista e único músico que tocou em todos os discos da banda, o grupo contou com a volta do sumido Luis Mariutti, músico que também tocou com seu irmão Hugo na carreira solo do Andre Matos. A exceção de Hugo, todos os integrantes fizeram parte do Angra, onde inclusive Confessori voltou a tocar por um tempo e já saiu. Andre faz uma apresentação aqui e ali em uma carreira solo que eu não sei para onde foi e para onde vai agora, e Hugo, guitarrista, que anda divulgando um projeto solo muito bacana e com uma sonoridade mais pop. Vale a pena conferir. Confessori tem feitos diversos workshop e tocado com o Massacration. Se essa reunião do Shaman vai render algum disco novo isso ninguém sabe ainda, mas de fato, o que se viu em cima do palco foi uma banda se divertindo bastante, inclusive, com a falha no som quando seu convidado mais ilustre, Marcus Viana, tentou tocar seu
violino. Segundo Marcus, “Em seu planeta isso não aconteceria porque a energia é outra”. Que bom que ele acabou conseguindo, afinal, assistir esse cara tocando é um privilégio.

A banda fez uma apresentação onde a impressão que ficou para mim foi a de que foram feitos dois shows em uma mesma noite, pois tocaram os dois primeiros álbuns na íntegra, mas, a energia para cada um deles foi diferente. A primeira parte do show foi
com o “Reason”, segundo disco, e o que de fato se mostrou uma decisão acertada, pois apesar de ser um bom disco, ele não causa tanto impacto quanto o primeiro trabalho e fechar a apresentação com ele acabaria não funcionando tão bem. As primeiras músicas
captaram bem a energia de um público que encheu a casa para assisti-los, e a força de um disco que realmente se mostra mais potente em suas primeiras faixas, como a canção que dá nome ao disco, “Turn Away”, a belíssima balada “Innocence”, a minha preferida “Scarred Forever”, e até mesmo o cover do Sisters of Mercy “More”. Depois disso o show continua sendo bom, mas percebe-se uma “baixada de bola” do público com as canções seguintes. Só recuperada mesmo na faixa que encerra o disco, “Born to Be”. Foi intenção na época a de fazer um disco mais cru, mais diretão do jeito deles, mas infelizmente os resultados comerciais de “Reason” não foram tão bons quanto o Ritual, primeiro disco.

O telão privilegiou imagens da banda compondo e gravando o “Reason”. Imagens que eu saiba, até então inéditas. Depois de um pequeno intervalo, a banda voltou ao palco e agora com o jogo ganho de vez, já que executariam “Ritual”, primeiro e mais aclamado disco do grupo. De cabo a rabo não faltou a empolgação de um público que se abraçava e cantava bem alto, entoando um coro enorme, principalmente nos refrãos das músicas. Fica até fácil para um disco que eu considero um clássico do Metal Brasileiro e como realmente não ser diante de canções que fazem parte dele como “Here I Am”, “For Tomorrow”, onde Andre Matos confidenciou que foi aqui no RJ que eles viram que a banda estava crescendo de vez. Relembrando que no começo do show, Andre Matos dava um depoimento dizendo sobre início e fim, de um fim ser um início, etc.

Será que além de maestro é profeta? Vai saber…

Enfim, foram clássicos atrás de clássicos. “Over your Head”, Blind Spell, e a música mais popular e fofa do grupo: “Fairy Tale”. Antes dela, um pequeno solo de Andre Matos, que inclusive, se manteve bem calado durante a apresentação, já que comumente fala bastante durante seus shows. Graças a Deus. Ou ao Xamã. Hugo Mariutti é um show à parte, toca bem e tem uma presença de palco incrível. Luis, seu irmão e baixista do grupo, é o silêncio em pessoa. Pouco fala e sorri durante o show, mas é o seu jeito, longe de ser um cara antipático. Toca muito. As pessoas se divertem com o apelido que deram para ele: “Jesus”. Confessori, baterista, estava lá fazendo sua
parte e tocando muito bem como sempre. Inclusive, no final da apresentação, diante dos agradecimentos do público, um abraço em Andre Matos, para mostrar de vez que a paz permanece no grupo e dá a esperança de dias melhores. Quem sabe a de novas
composições.

Apresentação inesquecível e brilhante!

A abertura do evento ficou por conta do Rec/All, banda carioca liderada por Rodrigo Rossi. Fizeram uma apresentação curtíssima, mostrando algumas músicas do seu trabalho e alguns covers como “Cemetery Gates” do Pantera e “Angels and Demons do Angra, música que faz parte do disco Temple of Shadows, disco já gravado com o vocalista Edu Falaschi. Quem esperava a presença dos integrantes do Angra no palco não viu os caras, já que a banda se apresentava no mesmo dia em Salvador. Marcelo e Felipe, respectivamente guitarrista e baixista do Angra, fazem parte do Rec/All. O show começou com atraso e talvez isso tenha encurtado ainda mais o set de quem geralmente já não tem muito tempo de palco ao se tratar de uma banda de abertura. Ainda mais se
contar com uma introdução longa e chata que tiveram e um som de palco (pelo menos para o público) onde no começo pouco se ouvia a guitarra. Foram conquistando o público aos poucos, Rossi, o vocalista, tem carisma de sobra para isso. É uma boa banda
até, mas que para mim parece no máximo esforçada diante de composições bem trabalhadas do estilo, mas, que sempre vão me remeter a um tipo de “deja vu” de grupos similares a eles. Falando desse tipo de som, a trilha sonora do evento com todas aquelas
bandas melódicas estava me dando nos nervos. Tudo bem, talvez eu estivesse no lugar errado, não eles. O show contou ainda com a participação de Luiz Syren, vocalista da banda Syren, que segundo Rossi, foi seu primeiro professor. Brincadeiras aqui e ali
entre amigos e uma participação que entrou e saiu desapercebida para um público curioso. Bandas de abertura precisam aprender de vez que estar em um palco de um show grande não é sinônimo de estar ali para se sentir agradecida por isso, mas, a de que tem que subir no palco e simplesmente detonar suas músicas. Se não souber dosar bem esses agradecimentos, acaba sobrando muita bajulação para pouco objetivo em discursos que soam mecânicos demais para a ocasião. Soa bonito, mas cansativo.

Enfim, se encerrava ali uma maratona de shows que as produtoras tiveram nessa semana. Por sinal, vencedoras demais. Escreveram sua história na cena local e o público parece ter entendido o recado, e o comprometimento de toda produção, que além de serem bem profissionais, é formada por pessoas que realmente amam o estilo como se fossem fãs, e realmente são. Estando as produções e o público de comum acordo, nada pode dar errado por aqui e precisamos entender que não basta só reclamar, e pior, se dividir por questões extras musicais. Só quem curte o estilo vai ganhar com isso no final. A casa de show é boa, porém, um pouco isolada e necessitando ainda de algumas reformas para se alinhem com eventos grandiosos como esses. Longa vida ao Metal !

 

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