Summer Breeze Brasil – Memorial da America Latina – 26,27 e 28 de Abril
Postado em 03/05/2024


Texto – Lucas Amorim

Fotos – Aline Narducci

A tão aguardada segunda edição do Summer Breeze Brasil finalmente chegou em 26 de abril de 2024, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Pessoas de todos os cantos do Brasil e até de outros países se reuniram para testemunhar os shows promissores que estavam por vir. O evento contou com uma impressionante lista de bandas renomadas, incluindo Anthrax, Mercyful Fate, Sebastian Bach, Gene Simmons, Overkill, Exodus, Killswitch Engage, Lacuna Coil, Epica, Within Temptation, Hammerfall e outros grandes nomes do heavy metal. No primeiro dia do festival, o sol escaldante castigou o público que lotava o Memorial da América Latina, ansioso pelas primeiras apresentações do Summer Breeze Brasil 2024.

A banda norte-americana Flotsam And Jetsam foi a primeira a subir ao palco ao meio-dia, animando os fãs de thrash metal. Com sua estreia no Brasil, o veterano grupo entregou uma performance sólida e empolgante.

Enquanto isso, no palco adjacente, o Ice, a banda liderada pelo icônico vocalista brasileiro Edu Falaschi estava se preparando. Ele apresentou músicas de sua carreira solo e sucessos do Angra, como “Acid Rain”, “Spread Your Fire” e “Bleeding Heart”. Houve até uma versão improvisada de “Pegasus Fantasy”, tema de abertura do anime “Cavaleiros do Zodíaco”.

Logo após o show de Edu Falaschi, a banda norte-americana Black Stone Cherry agitou o público com sua energia contagiante. Apesar do sol escaldante, o quarteto mostrou muito carisma e presença de palco.

Apesar do horário desafiador, às 15h50, o Exodus, conseguiu um bom público e fez uma apresentação competente, o  quinteto está, afiado como nunca, e não deu trégua apresentando uma seleção de clássicos de diferentes épocas. Hits como “Bonded By Blood”, “And Then There Were None”, “The Toxic Waltz”, “Fabulous Disaster” e “Piranha” certamente agradaram aos fãs. Além disso, o Exodus apresentou faixas de outros albuns, como “Blacklist”, “The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)”, “Prescribing Horror” e “Deathamphetamine”. Foi uma apresentação fenomenal, mostrando por que o Exodus é uma lenda do thrash metal.

Depois da intensa performance do Exodus, foi a vez de Sebastian Bach fazer seu show. O ex-vocalista do Skid Row, como era de se esperar, cantou grandes hits de sua antiga banda, como “Monkey Business”, “18 And Life”, “I Remember You”, “Youth Gone Wild” e “Slave To The Grind”. Sebastian também incluiu algumas faixas de sua carreira solo no setlist, além de um cover de “Tom Sawyer”, clássico do Rush. Apesar de alguns desafios vocais, Sebastian Bach proporcionou uma viagem nostálgica para muitos fãs.

O Mr. Big, que está em sua turnê de despedida, fez muito bonito na sexta-feira e para minha humilde pessoa roubou o show do dia para  eles. Os veteranos Eric Martin, Billy Sheehan, Paul Gilbert e Nick D’Virgilio demonstraram muita técnica, precisão e carisma no Ice Stage. Martin compensou a ausência da potência vocal de outros tempos com muito carisma. A dupla formada por Sheehan e Gilbert entregou solos matadores e riffs alucinantes. Além dos sucessos conhecidos, como “Daddy, Brother, Lover, Little Boy”, “Alive and Kickin’”, “Green-Tinted Sixties Mind”, “Just Take My Heart”, “To Be With You” e “Wild World”, o Mr. Big surpreendeu tocando “Baba O’Riley”, clássico do The Who. Foi um grande show de uma grande banda, que vai deixar saudades.

Para encerrar a noite no Hot Stage, Gene Simmons, baixista, vocalista e fundador do Kiss, fez um show pesado,  com sons farofa acompanhado por sua excelente banda de apoio. Apesar da ausência de maquiagem e quase sem a presença do Kiss, o show de Gene Simmons contou com covers interessantes de “Ace Of Spades” (Motörhead) e “Communication Breakdown” (Led Zeppelin), não sou muito fã de shows que só rola covers e portanto só vi um pedacinho e me mandei para ver o Biohazard.

A lendária banda Biohazard presenteou seus fãs com seu característico Hardcore pesado e marcante. Billy Graziadei e seus comparsas incendiaram o Sun Stage com os clássicos “Urban Discipline”, “Shades Of Grey” e “Punishment”, além de uma versão de “We’re Only Gonna Die”, do Bad Religion, aí sim sem cover, só paulada autêntica.

No sábado, a banda brasileira de Thrash Metal Nervosa subiu ao palco às 11 da manhã e se apresentou para um bom público. Prika Amaral e companhia tocaram “Seed Of Death”, “Kill The Silence”, “Perpetual Chaos”, “Jailbreak” e “Guided By Evil”, entre outras músicas. Prika Amaral, a guitarrista/vocalista, mostrou muito jogo de cintura ao fazer parte do show apenas no vocal, já que uma corda de sua guitarra arrebentou, fica aqui mi ha crítica de uma banda desse porte e um festival desse porte não ter uma guita reserva, pode isso gente?

O Thrash Metal continuou ditando o ritmo na tarde, já que depois da Nervosa, o Forbidden se apresentou. O grupo californiano não decepcionou os “thrashers” que encararam um sol massante e sem compaixão,  e a banda mostrou porque é um nome muito respeitado dentro da cena do Thrash, tocando só as mais clássicas naquela tarde.

O Gamma Ray, liderado pelo lendário guitarrista alemão Kai Hansen, fez valer o ingresso ao tocar grandes faixas que os consagraram como “Rebellion in Dreamland”, “Heaven Can Wait”, “Somewhere Out in Space” e a maravilhosa “Send Me A Sign”, gosto muito do Gamma Ray ao vivo, a adição do vocalista auxiliar, não tirou o brilho da banda na minha opinião.

O show do Gamma Ray mal havia acabado e a maior banda brasileira de Power Metal do mundo entrou no Hot Stage. O Angra fez uma apresentação pautada pelo alto nível musical, uma das principais características do grupo liderado por Rafael Bittencourt, não sou fã do Angra com o Lione, mas não nego a qualidade dos caras.

O sol estava quase derretendo a cabeça da multidão que tomou conta do Memorial da América Latina, quando a  banda italiana Lacuna Coil iniciou sua apresentaçã,  o grupo de Gothic Metal, conhecido por sua sonoridade pesada, única  e cheia de identidade, abriu o show com uma trinca de respeito, formada por “Blood, Tears, Dust”, “Reckless” e a sensacional “Trip The Darkness”.

O show do Lacuna Coil estava muito bom, porém, um dos shows mais interessantes do Summer Breeze iria começar em breve. Sendo assim, saí de onde estava, e fui até o Sun Stage acompanhar a ótima The Night Flight Orchestra. E não me arrependi nem um pouco, pelo contrário e eu já sabia que esse seria o melhor show do sábado na minha opinião é claro.

Björn “Speed” Strid e sua banda  simplesmente arrasaram, o grupo fez o público dançar ao som de sua cativante mistura de AOR com Hard Rock, que parece trilha sonora de  qualquer filme da “Sessão da Tarde” uma imersão ao passado em uma mistura de nostalgia  e sentimentos,  “Midnight Flyer”, “Satellite”, “Sometimes the World Ain’t Enough”, “Gemini” e “Something Mysterious” te fazem abrir  um sorriso no rosto, não só no meu, mas de cada pessoa que assistiu ao espetáculo.

Resumidamente, o The Night Flight Orchestra fez um show irretocável e espero ver essa Banda mais vezes por aqui.

O show do Hammerfall no Summer Breeze foi uma verdadeira demonstração de profissionalismo e entrega. Com um setlist repleto de sucessos como “Renegade”, “Legacy Of Kings” e “Sweden Rock”, a banda não só atendeu às expectativas da plateia, como também as superou. Além disso, a interação com o público foi notável, criando uma atmosfera de comunhão e energia compartilhada que elevou ainda mais a experiência do evento. O Hammerfall demonstrou mais uma vez por que é uma das bandas mais queridas e respeitadas do cenário metal, entregando um espetáculo memorável que certamente ficará na memória dos presentes.

O Dark Tranquillity fez uma apresentação espetacular no Summer Breeze. Sob a liderança vocal de Mikael Stanne, a banda sueca veterana entregou um show verdadeiramente monstruoso. Além da combinação impecável de peso e melodia, o destaque foi o discurso emocionante de Stanne, expressando sua gratidão por estar tocando no Brasil, algo que jamais imaginou. Essa conexão genuína com o público acrescentou uma camada especial à performance. Não é à toa que muitos consideraram o show do Dark Tranquillity como um dos melhores do festival, reforçando a reputação da banda como uma das mais excepcionais do gênero.

Após o Dark, fui correndo conferir o  experiente e talentoso vocalista Jeff Scott Soto brindou o público no modesto Waves Stage, acompanhado dos músicos da banda Spektra. Sua performance foi marcada por um set list repleto de sucessos do Talisman, do W.E.T. e até mesmo de Yngwie Malmsteen, demonstrando sua versatilidade e habilidade vocal. No entanto, é inegável que o talento de Jeff e a qualidade de sua apresentação mereciam um palco mais grandioso e uma produção à altura. Apesar disso, sua interação com o público, incluindo comentários sobre seu amor pelo Brasil adicionou um toque pessoal e caloroso ao concerto, tornando-o memorável para todos os presentes.

 

O domingo começou com o show do Eclipse, que levantou a galera com seu competente e empolgante Hard Rock. Enquanto o Eclipse se apresentava no Ice Stage (que de Ice tinha apenas o nome, já que o sol estava escaldante), o Torture Squad estava botando pra quebrar no Sun Stage. O ótimo show da respeitada banda brasileira contou com a participação da vocalista Leather Leone.

O insuportável  e incansável sol do meio-dia não espantou os fãs do While She Sleeps, que se aglomeraram para acompanhar o show do grupo britânico de Metalcore. Eu não conhecia a banda, mas  fiquei satisfeito com o Metalcore moderno e eletrizante que  eles fazem e que agitou a galera que pagou caro com aquele sol escaldante.

Outro espetáculo memorável no Summer Breeze Brasil aconteceu após a performance do While She Sleeps. A lendária banda Overkill demonstrou mais uma vez por que é uma referência incontestável no cenário da música pesada. Com sua energia contagiante, o quinteto presenteou os fãs com uma seleção de algumas de suas pedradas mais populares. A colaboração especial de David Ellefson acrescentou ainda mais intensidade ao show. Entre os destaques do set list estiveram “Ironbound”, “Coma”, “Horrorscope”, “Elimination”, “Rotten To The Core” e “Hello From The Gutter”, além das faixas “Scorched” e “The Surgeon” de seu trabalho mais recente, lançado em abril de 2023. O Overkill, mais uma vez, provou sua imensa relevância e impacto duradouro no mundo da música pesada.

Após a eletrizante apresentação do Overkill, era chegada a hora de rumar para o Sun Stage, onde o Ratos de Porão estava prestes a incendiar o público. Com uma chuva de clássicos e uma performance verdadeiramente magnífica, era evidente que o Ratos de Porão estava em seu elemento. Como um fiel admirador da banda, é difícil expressar em palavras a intensidade que eles entregam em cada música. “Amazônia Nunca Mais”, “Sofrer” e “Crucificados Pelo Sistema” foram apenas algumas das poderosas faixas que ecoaram pelo local, com João Gordo e sua turma liderando o espetáculo com maestria. O Ratos de Porão mais uma vez reafirmou seu lugar como uma das bandas mais icônicas e influentes da cena musical.

O Carcass entregou um show arrasador, demonstrando toda a sua experiência e habilidade. Com um set repleto de clássicos, a banda levou os fãs ao êxtase com sua sonoridade característica. “Heartwork”, “Incarnated Solvent Abuse”, “Keep On Rotting In The Free World”, “Kelly’s Meat Emporium” e “Buried Dreams” ecoaram pelo Ice Stage, trazendo consigo toda a atmosfera sombria e intensa do Carcass.

Apesar dos desafios impostos pelo calor escaldante, Jeff Walker, vocalista e baixista do Carcass, mostrou sua resiliência ao enfrentar as altas temperaturas. Mesmo sentindo os efeitos do calor, ele não se deixou abater e continuou a dar o seu melhor no palco. Em certo momento, chegou até a fazer uma parte do show sentado, buscando alívio. No entanto, isso não diminuiu em nada sua entrega à performance. Jeff Walker enfrentou bravamente o calor, e até mesmo equilibrando um saco de gelo na cabeça por um bom tempo, demonstrando sua determinação e dedicação ao público. O Carcass sofreu com as condições adversas, mas mesmo assim não deixou de proporcionar uma experiência memorável para todos os presentes.

O Killswitch Engage mandou muito bem,  e mostrou porque é considerado um dos principais nomes da New Wave Of American Heavy Metal, o grupo demonstrou muita técnica, presença de palco e um carisma fora do comum. O vocalista Jesse Leach chegou a descer do palco para cantar com alguns fãs. “This Fire”, “My Curse”, “The End Of Heartache”, “In Due Time”, “The Signal Fire”, “My Last Serenade”, “Rose Of Sharyn” sem falar  no incrível cover de “Holy Diver”  os caras garantiram a alegria dos fãs de Metalcore que foram ao Summer Breeze Brasil 2024, e não dcepcionaram seu público.

Após uma breve pausa, foi a vez do Anthrax subir ao palco do Ice Stage, liderados por Scott Ian, a banda mostrou uma energia contagiante, entregando um setlist preciso e repleto de clássicos que incendiaram a plateia, músicas como “A.I.R.” “Madhouse”,  “Antissocial” , foram  executada com maestria, provando por que o Anthrax é considerado um gigante da música pesada. A participação especial de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura em  “I Am The Law”, foi o ápice de uma apresentação inesquecível. Quem teve a oportunidade de assistir não se decepcionou e agitou do começo ao fim, mostrando o poder e a influência duradoura dessa banda lendária.

O aguardado momento de encerramento do Summer Breeze Brasil 2024 ficou por conta da lendária banda Mercyful Fate. E que momento memorável foi esse! King Diamond e sua banda proporcionaram uma experiência verdadeiramente surreal para todos os presentes no concerto. Com uma performance celebrada em um palco impressionante, repleto de detalhes, o grupo entregou uma verdadeira avalanche de clássicos do metal. Desde “A Corpse Without Soul” até “Come To The Sabbath”, cada música foi executada com maestria, destacando a voz impecável de King Diamond, que ainda mantém seu poder vocal intacto, com falsetes que levaram a plateia ao delírio. O show foi especialmente aguardado, já que o Mercyful Fate não se apresentava no Brasil desde 1996, e certamente não decepcionou. Foi um final perfeito para o festival, repleto de energia, nostalgia e reverência. O público que lotou o Memorial da América Latina compartilhou do mesmo sentimento, aplaudindo e reverenciando a apresentação de forma unânime. Foi uma noite que ficará marcada na memória de todos os fãs de metal que estiveram presentes.

No final das contas, o Summer Breeze Brasil 2024 foi um evento incrível, reunindo bandas de diferentes vertentes do metal. Do som contagiante do The Night Flight Orchestra à brutalidade do Carcass, o que se viu do começo ao fim do evento foram bandas muito competentes e que entregaram grandes shows.

Que em 2025, o Summer Breeze Brasil seja tão incrível quanto foi em 2023 e 2024. E que no próximo ano, nos dias 3 e 4 de maio, quando a terceira edição do festival será realizada. Embora o Summer Breeze Brasil 2024 tenha sido um evento incrível, com performances musicais de alto nível, é justo apontar que um dos pontos negativos foi o alto valor do merchandise, comida e bebida. Isso pode ter sido um obstáculo para muitos fãs que gostariam de levar para casa lembranças do festival ou simplesmente desfrutar de uma refeição durante o evento. Esperamos que, nas próximas edições, os organizadores considerem maneiras de tornar esses itens mais acessíveis aos participantes, garantindo uma experiência ainda mais agradável para todos os presentes.

Que o Summer Breeze Brasil de 2025 supere em grandiosidade as edições memoráveis de 2023 e 2024. Com datas marcadas para os dias 3 e 4 de maio do próximo ano, esperamos ansiosamente por mais uma experiência incrível no festival. Apesar de todos os momentos inesquecíveis proporcionados pelo Summer Breeze Brasil 2024, incluindo performances musicais de alto nível, é justo reconhecer que o alto custo do merchandise, comida e bebida foi um ponto negativo. Isso pode ter sido um obstáculo para muitos fãs que desejavam levar lembranças do evento para casa ou simplesmente desfrutar de uma refeição durante os shows. Para a próxima edição, esperamos que os organizadores encontrem maneiras de tornar esses itens mais acessíveis, garantindo assim uma experiência ainda mais gratificante e inclusiva para todos os participantes. Que o Summer Breeze Brasil continue a crescer e a oferecer momentos memoráveis para os fãs de música de todo o país.

 

Categoria/Category: Review de Shows


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