Tuatha de Danann: Entrevista exclusiva com Bruno Maia
Postado em 26/09/2016


Tuatha de Danann, decididamente é uma das grandes bandas que nosso país possui, e principal responsável pela popularização do Folk Metal por aqui, e sendo eles uma das grandes atrações do Epic Metal Festival, o vocalista Bruno Maia falou conosco sobre o Festival, a cena no Brasil, e tantos Festivais que vem acontecendo por aqui.

Com vocês Bruno Maia

thuata-02

Fotos: Leandro Almeida/Site Onstage

A Ilha do Metal-) Como essa é nossa primeira entrevista com vocês também vamos focar em toda sua carreira, Comparando a primeiro demo até o Trova di Danú a banda perdeu os elementos de música mais extrema e ficando mais folk, essa mudança perceptível na música de vocês foi intencional? E depois do hiato de 11 anos sem lançamentos , tivemos o Dwan of a new Sun, mais pesado, essa mudança de peso nos álbuns será uma nova característica de vocês?

 
Bruno Maia – ) Não foi nada intencional não. Nunca paramos e dizemos “Vamos fazer assim!” ou ” Esse disco tem de ser mais folk ou mais pesado…”; se houve mudanças em nossa música, ela foi espontânea. O que aconteceu é que começamos essa banda quando éramos muito novos, nós literalmente crescemos junto com a banda.Pra se ter uma ideia, quando fizemos nosso primeiro show eu tinha 13 anos, o Berne e o Giovani  tinham 14. Éramos crianças ou pré adolescentes haahha. Em nossa primeira demo tape eu tinha 15 anos e por aí vai. As mudanças no som ocorreram em conformidade com a expansão de nossos gostos musicais e crescimento. Na primeira demo tínhamos apenas uma faixa com flauta, já na segunda, a banda já era orientada pela flauta e partes acústicas, com mais vocais melódicos e menos guturais etc… Acredito que encontramos o ‘nosso’ estilo, ou pelo menos inconscientemente definimos nossas marcas identitárias mais fortes com o disco Tingaralatingadun( 2001), e a partir disso viemos maturando nossa música em torno dessas marcas de identidade. O Dawn of a New Sun nem sei se é mais pesado.Acho ele um pouco mais direto em relação ao Trova(2004), ao Delirium(2002), pois estes discos tinham musicas com muitas seções ritmicas diferentes, muitas partes etc… o Dawn é mais contido que esses discos e se ele é mais pesado acho que é por conta da produção e da mixagem. Acho que também por termos lançados uns discos mais progressivos fora da banda com projetos ou outros grupos nos ajudou a desovar muito dessas influências tortas pra podermos manter as músicas do Tuatha nesse disco mais diretas. Quanto aos próximos lançamentos continuam sem lei..

A Ilha do Metal-) Vocês já tocaram no Wacken em 2005, o que lembram daquela experiencia, e o que essa passagem podem acrescentar ao Epic Metal Fest onde dividirão o palco com grandes nomes internacionais?

Bruno Maia – ) Participar do Wacken foi fantástico, um sonho realizado né? Foi o fechamento de uma longa turnê franco-germânica que fizemos, não poderia ser melhor. As lembranças são muitas: conhecemos muitos músicos que nos influenciaram desde moleques, pudemos ver a estrutura e organização da maior referência de fest metal que existe, foi tudo foda!!!! Mas já participamos de outros festivais legais lá fora além do WOA e aqui também. Sabemos como portar num festival, respeitar o horário, pensar num set eficaz e sem blá blá blá…tudo isso.
thuata-01
A Ilha do Metal-) Como é se preparar para um Festival desse porte, do Epic Metal Fest?
 
Bruno Maia – ) Eu acho que o mais importante em termos de banda é ir bem preparado, com uma equipe boa( pois não temos todo o tempo ideal pra passagem de som etc) e pensar num set fulminante.

A Ilha do Metal-) Embora eu tenha mencionado o hiato de 11 anos , vocês sempre realizavam alguns shows de reunião neste tempo, e agora voltaram em definitivo, os projetos solos dos membros da banda atrasou essa reunião, ou quiseram se distanciar um pouco para voltar com tudo como fizeram ano passado?
 
 Bruno Maia – ) Ao meu ver, precisávamos de um tempo parados. Pelo menos olhando o lado pessoal  eu acredito nisso. Há quem possa achar que se não tivéssemos dado o tempo a banda estaria em outro patamar ou sei lá o quê, mas eu acho que se não tivéssemos parado, os pequenos problemas dos relacionamentos não resolvidos poderiam aniquilar a banda definitivamente. sabe? Mas como vc disse, quando a banda deu o tempo, de 2010 a 2013, nós tocávamos pelo menos no Roça´n’Roll. Mesmo sem a banda existir de verdade, a gente mantinha a chama de alguma forma. To dizendo isso, pois depois do Trova di Danú que teve seu lançamento zuado, a gente não ficou sem produzir não, mas tivemos problemas de outras ordens, atrasos e coisas do tipo.
Então os 11 anos sem lançar material inédito podem ser pensados de outra forma: lançamos o Trova em 2004, mas o disco saiu de verdade, com distribuição e tudo mais em 2005, em 2008 gravamos o DVD acústico que só foi lançado em 2009, a banda parou em 2010, voltou em 2013. Quanto aos trabalhos paralelos eles não atrasaram a volta não.Pelo menos as duas bandas que foram formadas após a parada da banda não( Tray of Gift e Kernunna).

A Ilha do Metal-) Um show de vocês inesquecível que fizeram foi no BMU quando levaram até um “finganforn”, a pergunta é simples e direta, existe alguma chance dele voltar a participar dos shows da banda?
 
Bruno Maia – ) Aquela época era muito massa! Na verdade o Finganfor ia a todos shows conosco durante um tempo …Era muito doido!!! Qto ele voltar a participar definitivamente não tem por que mais, mas nada impede de haver um show especial que ele participe.

A Ilha do Metal-) Eu gostaria de falar um pouco sobre o Roça ‘n’ Roll, que muitos inclusive nós classificamos, como o nosso Wacken, e seu Festival que já existe há vários anos e representa muito bem nosso país no estilo Heavy Metal, o que festivais como o Maximus, ou agora o Epic Metal Fest, que torcemos para que sejam continuo, pode ajudar na cena em nosso país, após tantos fracassos como o MOA ou Zombie Ritual?
 
Bruno Maia – ) O Roça´n´Roll tem já 19 anos. São 19 anos lutando à frente da cena metal autoral. Assim como o Tuatha, o Roça começou quando eu era bem novo, o primeiro Roça eu fiz com 18 anos hahahahaha. Tem uma paixão envolvida, uma história a ser contada, ainda a se contar e que sempre teve como premissa fomentar a cena autoral, dar espaço, visibilidade e estrutura para os artistas nacionais apresentarem sua música. Ao longo dos anos fomos conseguindo mais apoio e alcançando um grande público. O Roça é um dos grandes mecanismo da cena metal nacional de apoio e incentivo à produção autoral. Novas bandas dividem o palco, todo equipamento e estrutura com bandas de renome nacional internacional. É um festival democrático, que tem representantes de todas vertentes da música pesada e que é calcado na demanda nacional, na galera que tá lutando pra se impor na cena e não na demanda do mercado fashion metal.

thuata-03
A Ilha do Metal-) O que acha que falta no estilo para que tenha mais públicos nos shows, já que hoje em dia, tirando grandes medalhões, (e vocês são um deles) o público sempre deixa a desejar?

 
Bruno Maia – ) Eu acho que ainda não entendemos a nova ordem musical, como ela se arquiteta e tudo mais. Essa era da internet, da banalização da arte e do ato de consumir arte(música em específico) ainda nos é estranha. Se formos rastrear  a questão de pouco público em festivais, shows e tudo mais, fatalmente chegaremos ao download ilegal e a popularização de toda a produção e divulgação artística( o que é excelente por um lado, mas tem seus efeitos contrários). Acredito mesmo nisso. Claro que a contemporaneidade é multifacetada e uma de suas marcas mais proeminentes é a velocidade, daí nota-se a urgência em tudo: a manchete sobrepujando a noticia, o single no lugar do album e isso estende-se até aos relacionamentos,,,Não há tempo hoje em dia de se criar novos heróis. Como vc disse, quando os ‘grandes medalhões’acabarem, o que acontecerá? Com certeza de alguma forma que não entendemos ainda serão substituídos, mas está longe de antevermos uma solução pra esse problema da cena musical.  Quanto ao Tuatha, não podemos reclamar de público, temos admirados fieis que sempre nos prestigiam e apoiam. Mesmo não sendo um grande medalhão como vc disse (agradeço em nome da banda por isso), nós temos um público nota mil que tá sempre junto da gente, só tenho a agradecer.

A Ilha do Metal-) Muito obrigado e por favor uma mensagem aos fãs.
 
Bruno Maia – ) Nós que agradecemos à Ilha do Metal pelo espaço, valeu mesmo. Valeu a todos que nos acompanham, nos incentivam e apoiam. E a vocês que não conhecem a banda, por que não dar uma checada no Youtube e nos visitar?!!? Vai que vc cai nessa?!?! …
Valeus!
Epic metal fest

 

Categoria/Category: Entrevistas
Tags:


TOP